Big Rumble: Creed Champions Boxing Capa

Review Big Rumble Boxing: Creed Champions (PS4) – Um peso pesado que ainda precisa treinar bastante

Rocky é uma das grandes franquias dos cinemas e é claro que, assim como muitas outras, iria acabar parando nos universo games. Após Creed: Rise to Glory trazer uma perspectiva para VR de como seria entrar na pele do novo protagonista da série, Adonis “Hollywood” Creed, chegou a hora de calçar as luvas e entrar no ringue novamente.

Big Rumble Boxing: Creed Champions foi desenvolvido pela Survios, mesmo estúdio do jogo anterior, e tenta a sorte agora com um estilo de jogo mais clássico, sem a necessidade de periféricos de realidade virtual. 

Desenvolvimento: Survios

Distribuição: Survios

Jogadores: 1-2 (local) 

Gênero: Esporte, Luta

Classificação: 12 anos

Português: Não

Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One

Duração: 13 horas

Entre estranhos e veteranos

Temos personagens consagrados dos filmes e alguns "estreantes" originais
Temos personagens consagrados dos filmes e alguns “estreantes” originais

Big Rumble Boxing: Creed Champions conta com 20 lutadores diferentes, dos quais nove são personagens da franquia cinematográfica:

  • Rocky Balboa (Sylvester Stallone)
  • Apollo Creed (Carl Weathers)
  • James “Clubber” Lang (Mr. T)
  • Ivan Drago (Dolph Lundgren)
  • Adonis “Hollywood” Creed (Michael B. Jordan)
  • Danny “Stuntman” Wheeler (Andre Ward)
  • Leo “The Lion” Sporino (Gabriel Rosado)
  • “Pretty” Ricky Conlan (Tony Bellew)
  • Viktor Drago (Florian Muteanu)
Vikings lutavam boxe?
Vikings lutavam boxe?

Os outros 11 são indivíduos genéricos, alguns deles inclusive foram utilizados em Rise to Glory. A questão é que estes boxeadores que foram criados pela Survios não têm carisma algum e são estereotipados. Existe o grandalhão musculoso com forte sotaque jamaicano, um pseudo-viking com trancinhas na barba, um punk que faz trocadilhos com nomes de música, um mexicano todo cheio de tatuagens, um segurança meio parrudo e um irlandês ruivo. Todos estes “originais” parecem que foram desenvolvidos para o elenco do saudoso Ready 2 Rumble, o que não é necessariamente um elogio.

Tanto o visual como suas vozes são caricatas demais. Por mais que apenas Michael B. Jordan seja o único ator que emprestou a voz para seu personagem, os demais famosos foram dublados por profissionais que até que conseguiram reproduzir as vozes de Stallone, Weathers, Lundgren e os demais de maneira aceitável. Já o restante conta com falas que soam de maneira incômoda, graças aos sotaques forçados.

Você parece com alguém que já vi em algum lugar...
Você parece com alguém que já vi em algum lugar…

A cereja do bolo é que até colocaram um veterano de guerra de cabelos compridos e bandana. A ideia pode ter sido fazer uma menção honrosa ao Rambo, outro personagem icônico de Stallone, mas, ainda assim, ficou bastante estranho.

É compreensível que o estúdio quisesse usar os modelos que ela já havia criado e assim manter uma conexão entre os dois títulos, mas o universo de Rocky/Creed tem dezenas de personagens que seriam muito mais bem vindos que esses aleatórios. Seria bem bacana ter adversários como Spider Rico (o primeiro oponente que é mostrado de Rocky Balboa) ou Mason Dixon (antagonista do último filme em que Rocky luta de fato). No fim, apenas metade do elenco torna-se interessante de verdade de ser utilizada.

É possível lutar tanto em um beco escuro quanto em arenas lotadas
É possível lutar tanto em um beco escuro quanto em arenas lotadas

Quanto aos cenários presentes, Big Rumble Boxing até faz um trabalho decente. Ao todo são 13 locais diferentes, entre estádios, ginásios e até um beco. Os ambientes com pompa de grandes eventos possuem até narradores, enquanto os espaços de treino contam com gritos dos treinadores. Foi uma sacada bacana para ajudar na imersão durante a luta.

Ao soar do gongo

Apollo Creed sempre foi conhecido por ter uma mão bem pesada
Apollo Creed sempre foi conhecido por ter uma mão bem pesada

O jogo aponta que existem três tipos de estilos: generalists (balanceados), sluggers (mais lentos e fortes) e swarmers (atacantes rápidos). É possível fazer combos com jabs curtos, dar golpes mais carregados, como ganchos e uppercuts, agarrar o oponente com um clinch e defender-se montando a postura de guarda ou com esquivas. Por fim, cada um tem seu golpe especial, que nada mais é que uma sequência de murros certeiros (já era de se esperar, já que trata-se de um jogo de boxe)

Entretanto, por mais que dê para sentir o peso de alguns socos mais fortes, a impressão é de que foi feito uma lista geral de movimentos e eles foram distribuídos sortidamente entre o elenco. Logo, não importa quem você escolha, é possível reconhecer algumas animações de golpes de um estilo em um boxeador que pertence a outro. E a maioria dos golpes parece que não causa aquela sensação de “estou moendo esse cara na porrada”.

Temos que tomar cuidado para não sermos pegos de surpresa e acabar beijando a lona
Temos que tomar cuidado para não sermos pegos de surpresa e acabar beijando a lona

A esquiva também gera momentos curiosos. Ela pode ser usada para se afastar para trás ou lateralmente. Entretanto, em diversos momentos não foi incomum o oponente se evadir para um dos lados durante uma investida minha e assim ele apareceu na minha retaguarda. Ao que me consta, socar as costas é proibido no boxe, mas o juiz não ligou muito. 

Outro recurso que tem suas vantagens e desvantagens é o Slip Counter. Trata-se de uma esquiva com contra-ataque, indefensável. Para ativá-la, basta apertar o botão de defesa no momento exato do impacto do soco do oponente. Acontece que um Slip Counter pode ser respondido com outro e caso os dois jogadores estejam afiados, isso pode tornar-se uma disputa infinita, uma vez que o uso desse recurso é ilimitado. É bastante difícil acertar o tempo do impacto para usar este recurso e, caso você jogue na dificuldade Campeão, a maior presente no jogo, prepare-se para momentos de angústia, nos quais a CPU irá devolver 80% dos seus golpes da maneira mais natural possível.

Roteiros alternativos

É possível reviver alguns diálogos dos filmes
É possível reviver alguns diálogos dos filmes

O game conta com apenas dois modos de jogo. O Arcade funciona no tradicional esquema “escolha um personagem e vá até o final”. Ao todo, cada um faz cerca de seis lutas que fazem parte de uma história particular do escolhido. Para variar, os esportistas advindos dos filmes têm diálogos e interações bem mais chamativas que os outros, o que faz com que os demais tenham narrativas totalmente desinteressantes. É muito mais vistoso o momento em que Ivan Drago enfrenta Apollo Creed do que quando o Luke “Scraps” O’Grady desmaia com um soco e sonha que ganhou de todo mundo.  

Começamos com apenas 10 boxeadores disponíveis, mas, a cada conclusão, desbloqueamos um novo. Ao finalizar o Arcade com todos, cada um ganha dois novos trajes. Eles nada mais são do que uma variação de cores para a primeira roupa disponível. Apenas Adonis ganha uma roupa a mais: um traje de treino. Não seria de todo um mal se os demais também ganhassem vestes mais descoladas, como os penachos e correntes de “Clubber” Lang ou a combinação icônica de touca e moletom do Rocky.

Quem conhece a saga sabe que esta luta não acaba nada bem...
Quem conhece a saga sabe que esta luta não acaba nada bem…

Uma coisa bacana é que, entre um combate e outro, a maioria dos lutadores tem que passar por uma espécie de minigame, em que ele faz treinos diversos. É possível correr em uma esteira, fazer uma sessão de sparring com o Rocky e até dar murros em uma peça de carne (que referência, hein?). A pontuação é medida com estrelas e no fim não adicionam em nada para o andamento da história, mas é legal ver eles fazendo outras atividades além de lutar.

O outro modo disponível é o Versus, onde podemos lutar contra um amigo, de maneira local, ou contra a inteligência artificial. Ter vitórias neste modo também desbloqueia os lutadores e os trajes de maneira aleatória. Ainda assim, quem deseja conseguir o cobiçado troféu de platina precisa fechar o Arcade com todos do elenco, então não vale a pena ficar fazendo disputas pontuais a esmo só para engordar a tela de seleção de personagens e encher o guarda roupa mais rápido. Além disso, existe um modo Treino, para colocarmos em prática o básico.

Treino raiz é em um frigorífico, batendo em uma peça de carne
Treino raiz é em um frigorífico, batendo em uma peça de carne

Por fim, um adicional que faz uma diferença absurda nesse jogo é a trilha sonora, que conta com algumas músicas presentes nos longa metragens. Pode parecer exagero ressaltar as músicas durante as lutas, mas acreditem, elas mudam completamente o ambiente. O primeiro filme do Rocky tem uma das composições mais icônicas do cinema, e jogar uma partida ao som de Gonna Fly Now arrepia qualquer fã da saga.

Outra canção presente que fará até o mais resistente vibrar é Eye of the Tiger, da banda Survivor e eternizada em Rocky III. Enfim, a nostalgia que habita em mim foi saciada com a inclusão destas belas faixas – mas também não custava nada colocar Burning Heart… ok, eu perdoo essa.

Meio-Médio

Big Rumble Boxing: Creed Champions traz um misto de sensações. Poder usar personagens icônicos do cinema e da cultura pop sempre vale a pena, ainda mais para quem é fã. Frases icônicas, diálogos marcantes, vozes bastante similares às originais: está tudo lá. Até mesmo os troféus do jogo tem referências diversas em seus nomes.

Porém, este título está longe de ser um peso pesado. Em um nicho que possui concorrentes bem mais atraentes e chamativos, de diversos estilos, apostar em um nome famoso não é garantia de sucesso e misturar um universo já estabelecido e rico de personalidades é algo bastante arriscado. A jogabilidade tem suas restrições e o visual em si não é nada exuberante, apesar de não comprometer. A nostalgia pode ser um fator positivo, mas está longe de ser uma arma secreta para garantir a vitória. Por muito pouco, este jogo não beijou a lona.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Big Rumble Boxing: Creed Champions

7

Nota Final

7.0/10

Prós

  • Personagens dos filmes com vozes bem próximas das originais e frases icônicas
  • Modelos dos atores é decente
  • Momentos de treino no Arcade quebram a monotonia
  • Trilha sonora licenciada dos longas

Contras

  • Socos não passam impacto e são muito parecidos
  • Personagens originais são totalmente desinteressantes
  • As esquivas te colocam em momentos cegos
  • Slip Counter tem um timing bastante estranho
  • Poucos modos de jogo