E se Jesus não tivesse morrido na cruz, mas retornado para se vingar de seus inimigos? Essa é a premissa fantasiosa de The Inquisitor, publicado pela Calypso Media e desenvolvido pelo estúdio The Dust. Com uma proposta de aventura narrativa em um universo sombrio de fantasia alternativa, The Inquisitor nos coloca no papel de um inquisidor encarregado de investigar pecados, julgar almas e manter a fé, tudo isso em uma cidade europeia fictícia do século XVI.
Desenvolvimento: The Dust S.A.
Distribuição: Kalypso Media
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 18 anos (Violência Extrema, Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas, Drogas)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5, Switch, PC
Duração: 9 horas (campanha)
Uma história quase satírica em um mundo de fé distorcida

O maior destaque de The Inquisitor é seu enredo. Baseado em uma série de livros, o game oferece uma narrativa até bem estruturada, cheia de dilemas morais e decisões difíceis como poupar vidas. Você encarna Mordimer Madderdin, um inquisidor enviado à cidade de Koenigstein, onde mistérios pairam no ar e os pecados da população clamam por julgamento.
Logo no início, fica claro de que o jogo não se trata de um RPG tradicional. Não há um sistema robusto de evolução de personagem ou aquisição de novas habilidades. Em vez disso, The Inquisitor segue um ritmo mais lento e cadenciado, no qual você investiga cenas de crime, coleta pistas e confronta testemunhas e suspeitos com base nas evidências reunidas. Porém, tudo é tido superficialmente.
Apesar disso, há elementos sobrenaturais que procuram aprofundar a investigação. Mordimer pode rezar para detectar pistas escondidas no cenário vendo através das paredes, já que estas aparecem destacadas em dourado. Ele também consegue acessar uma espécie de “mundo alternativo espiritual”, uma dimensão paralela cheia de segredos e revelações, mas que também apresenta perigos reais que perseguem o personagem.
Combate simples, mas ok

Embora o foco esteja na narrativa e na investigação, há combates ocasionais. O sistema de luta é básico: ataques leves e pesados, defesa e parry. Lembra o primeiro Assassin’s Creed de 2007, mas de uma forma ainda mais plana. A dificuldade é baixa, e após alguns encontros você provavelmente dominará o combate sem grandes desafios. Há inimigos no mundo inferior que podem ser ignorados ou enfrentados, também, e não é nada que acrescente.
A inclusão do combate é questionável, já que sua execução é um pouco travada e dispensável. Contudo, ele adiciona um pouco de dinamismo à jornada, funcionando mais como um complemento do que como pilar central do gameplay. Queria ter visto um aprofundamento melhor nesse aspecto.
Vozes, atuações e ambientação

É notável o esforço colocado na dublagem e nas cutscenes. Cada personagem e NPC com quem você interage tem voz própria, o que ajuda a tornar o mundo mais crível e envolvente. A qualidade das atuações é surpreendente, principalmente considerando o escopo modesto do estúdio responsável.
Visualmente, a cidade de Koenigstein é rica em detalhes, com um ar sujo, medieval e opressivo. Ainda assim, ela parece um pouco grande demais para o que o game exige, o que faz com que o jogador passe muito tempo apenas indo de um ponto a outro sem muita interação no caminho.
Um sistema de escolha falho e problemas técnicos

Logo nos primeiros minutos, The Inquisitor introduz o sistema de escolhas, prometendo consequências para as decisões do jogador. No entanto, após alguns testes, a sensação é de que as escolhas pouco alteram o curso da história. Mesmo optando por caminhos diferentes, os desfechos dos eventos permanecem praticamente os mesmos, o que é frustrante para quem espera impacto real.
No mais, infelizmente, The Inquisitor sofre com bugs sérios em algumas plataformas. Em certos momentos, texturas simplesmente não carregam mesmo num Xbox Series S, o game trava ou o sistema de oração — essencial para avançar — simplesmente para de funcionar. Também há mini games repetitivos que se baseiam em pressionar botões no momento certo, um elemento antiquado que parece destoar do restante da proposta.
Promissor, mas decepcionante
The Inquisitor tem muitos méritos: uma história ousada, atmosfera sombria bem construída e personagens interessantes. Para um título com orçamento limitado, ele entrega uma experiência narrativa até envolvente. Por outro lado, falha em aspectos cruciais como variedade de gameplay, impacto das escolhas e estabilidade técnica, fora momentos que quebram o ritmo como o Submundo e seus inimigos toscos.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores