Capa de Final Fantasy XVI

Review Final Fantasy XVI (PC) – Um hack and slash sensacional

Após um pouco mais de um ano de exclusividade para o PS5, Final Fantasy XVI finalmente está disponível para PC. O novo capítulo da lendária franquia da Square Enix é incrível, com uma trama envolvente combinada com uma jogabilidade inédita na série. Entretanto, a versão para computadores chegou em um estado técnico ruim, embora isso não comprometa o conjunto da obra.

Desenvolvimento: Creative Studio III

Distribuição: Square Enix

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, RPG

Classificação: 16 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS5

Duração: 45 horas (campanha)/80 horas (100%)

Casos de família

Cutscene de Final Fantasy XVI

Em Final Fantasy XVI, controlamos Clive Rosfield, filho do governante de um reino e protetor de seu irmão Joshua, controlador do Eikon de fogo, equivalente aos summons no universo do jogo. No entanto, durante uma invasão surpresa que culmina no assassinato do arquiduque, um segundo Eikon de fogo surge matando Joshua e todos ao redor da zona de guerra – exceto Clive, que foi capturado pelo Império e transformado em escravo do exército.

O protagonista só consegue escapar dessa situação 13 anos depois, entrando em uma jornada de vingança em busca de Ifrit, o misterioso ser que matou seu irmão. O problema é que, em determinado ponto, Clive descobre ser o responsável pela morte de Joshua e por boa parte do caos que arruinou a sua vida. Partindo disso, começa uma grande aventura na qual Clive tenta descobrir mais sobre seu próprio passado, em meio a uma disputa por poder entre as nações de Valisthea – enquanto a população é assolada por uma praga que lentamente consome o território desse universo.

Jill e Clive, personagens de Final Fantasy XVI

É uma premissa complexa, repleta de intrigas e reviravoltas, com um tom mais político, maduro e brutal em comparação ao restante da franquia Final Fantasy, mas ainda assim sustentada pelo elenco, que é bem desenvolvido e carismático. Não à toa, conhecer as nuances de cada personagem chega a ser mais interessante do que a narrativa principal. Para ajudar no acompanhamento de tudo, o título oferece um sumário dinâmico com resumos sobre aliados, antagonistas e locais relevantes à trama, em adição a um livro interativo que explica toda a lore.

Contudo, o único problema desse lado narrativo é o fim da campanha, que é excessivamente aberto, sem um desfecho totalmente satisfatório para a história apresentada. Duas expansões foram disponibilizadas pela Square após o lançamento do jogo, mas elas não finalizam a campanha porque são apenas pacotes de missões secundárias de grande escala, situadas no meio da jornada de Clive.

Sem mundo aberto

Mapa-múndi de Final Fantasy XV

Apesar do cenário ser bem construído e detalhado em termos narrativos, esse aspecto deixa a desejar na forma que é representado na gameplay. Final Fantasy XVI não possui um mundo aberto e sua navegação é feita por meio de um mapa-múndi. Isso resulta em uma experiência linear e com um design de fases fechado, que acaba criando uma dependência de viagens rápidas para explorar o mapa. Embora isso aumente consideravelmente o dinamismo da jogabilidade, o título não oferece o mesmo senso de jornada que um mundo aberto proporcionaria.

Fase de Final Fantasy XVI

Só que cada mapa individual adota a mesma filosofia de design que se tornou padrão entre os jogos de mundo aberto. Há várias missões secundárias repetitivas, sem grandes desenvolvimentos, servindo apenas para ocupar tempo, pois as side quests mais importantes fazem parte da campanha, que consiste em lutar contra monstros com pausas para conhecer mais sobre Valisthea. Dessa forma, há espaço tanto para desenvolver a jornada de Clive e a trama política quanto para aprofundar o universo e seus personagens. O ritmo é cadenciado e conciso, mas longo, já que somente o conteúdo principal dura, no mínimo, 45 horas.

Clive May Cry

Cena da campanha de Final Fantasy XVI

Final Fantasy XVI desafia a fórmula da franquia ao, basicamente, não ser um RPG. Todos os principais jogos da série sempre adotaram uma jogabilidade diferente, mas baseada nos fundamentos dos RPGs, seja por turno ou em tempo real. Porém, FFXVI abandona essa tradição ao essencialmente trazer um hack ‘n’ slash disfarçado de RPG – uma ótima decisão que, ironicamente, faz com que o game se destaque em uma época que praticamente todo lançamento AAA possui mecânicas do tipo.

Com um sistema de batalhas assinado por Ryota Suzuki, que trabalhou em Devil May Cry 5, FFXVI prioriza o espetáculo acima de tudo, com lutas alucinantes, exageradas e épicas, repletas de transformações sensacionais. A jogabilidade consiste principalmente em atordoar inimigos e desferir combos fatais neles, com golpes fundamentados nos elementos representados por cada um dos Eikons que Clive derrota em sua jornada. É possível combinar as habilidades dos summons e usá-las em todos os confrontos, criando builds personalizadas com até dois golpes de três Eikons distintos – e é aí que as características dos RPGs começam e terminam.

Boss battle em Final Fantasy XVI

Embora Clive não lute sozinho, ele é o único personagem controlável ao longo da jogabilidade propriamente dita. Não há uma mecânica elaborada de party, e os upgrades nos equipamentos são feitos através de um sistema básico de crafting. Apesar do protagonista poder usar golpes baseados em elementos naturais, os adversários não sofrem danos elementais, algo que inexplicavelmente ficou de fora do combate e que seria um excelente complemento para as batalhas.

Nada punitivo

Luta contra chefe em Final Fantasy XVI

Final Fantasy XVI se distancia da interminável onda de soulslikes ao não se preocupar em ser uma experiência punitiva. As únicas opções de dificuldade disponíveis no início da campanha concedem itens que facilitam a esquiva, aumentam a cura e aprimoram a potência dos ataques.

Pelo menos, após finalizar a história, é desbloqueado um modo realmente desafiador, que poderia estar disponível desde o princípio. Há um modo arcade, que permite jogar FFXVI com foco em notas e pontos, semelhante a Bayonetta, além de um modo parecido com o Bloody Palace, de Devil May Cry, dedicado a derrotar hordas de inimigos.

Inimigo comum de Final Fantasy XVI

Apesar da gameplay ser incrível, nem tudo é perfeito. Às vezes, a câmera atrapalha as batalhas, e o balanceamento é inconsistente, com oponentes que parecem ser esponjas de golpes e confrontos com chefes que podem durar até uma hora. Mas mesmo com esses contratempos, o sistema de combate faz com que FFXVI tenha uma das melhores jogabilidades de toda a franquia Final Fantasy, revitalizando também um gênero que há muito tempo não via um lançamento de qualidade como esse.

Versão de PC é ruim

Menu de configurações de Final Fantasy XVI

A versão para computadores de Final Fantasy XVI não está à altura do restante da obra. Engana-se quem aguardava por uma conversão decente depois de tanto tempo de espera, porque a performance é horrível e pesada, mesmo em máquinas que superam os requisitos recomendados pela Square Enix.

Os gráficos e a ausência de um mundo aberto não justificam o baixo desempenho, dado que os ambientes são fechados, limitados e pouco detalhados, com uma imagem lavada que sofre com um brilho desconfigurado. Para se ter uma qualidade satisfatória, é obrigatório ativar o HDR, algo que só pode ser feito em monitores ou TVs compatíveis com a tecnologia. Há uma infinidade de falhas, como travamentos e slowdowns no decorrer do combate, além da necessidade de usar filtros de upscaling com uma resolução baixa para alcançar uma taxa de quadros aceitável, essencial para que a jogabilidade funcione adequadamente.

Mapa em Final Fantasy XVI

Ainda assim, Final Fantasy XVI apresenta uma direção visual espetacular. O jogo utiliza uma quantidade absurda de efeitos gráficos para exibir cenas incríveis e bem animadas, que condizem com a ação exagerada da gameplay. A trilha sonora, composta por Masayoshi Soken, mistura faixas orquestradas com músicas em estilos modernos, resultando em um show audiovisual de primeira. É uma pena que o departamento técnico decepcione e crie um contraste com o jogo que, apesar de suas imperfeições, é excelente.

Um clássico instantâneo

Final Fantasy XVI poderia ser mais refinado especialmente em seus aspectos de RPG, mas é, sem dúvidas, o melhor lançamento principal da série desde FFXII, que saiu há bastante tempo, em 2006. A versão de PC não está em um estado ideal, mas os problemas felizmente não apagam o brilho de uma experiência incrível. Acima de tudo, esse é um jogo imperdível para quem gosta de games de ação e para os fãs da franquia, uma vez que todas as qualidades que um título da saga precisa entregar estão presentes em FFXVI.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Ailton Bueno

Final Fantasy XVI

9.5

Nota Final

9.5/10

Prós

  • Jogabilidade excelente
  • Boa história
  • Ação insana
  • Trilha sonora épica

Contras

  • Exploração simplória
  • Poucos aspectos de RPG
  • Otimização no PC péssima