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Precisamos de um Switch Pro?

Na última semana, após reunião que serviu para apresentar os resultados financeiros da Nintendo no último trimestre do ano fiscal para os acionistas da empresa (e depois compartilhado com a imprensa e consumidores), foi revelado que o Switch vendeu, em todo o mundo, cerca de 85 milhões de unidades. O isolamento social provocado pela pandemia do covid 19 – que aqueceu a bilionária indústria de jogos como um todo – teve papel importante para a consolidação desse cenário, na medida em que, só em 2020, foram vendidas cerca de 30 milhões de unidades. É claro que não dá para jogar na conta do Corona o sucesso do console. Isso é, indiscutivelmente, mérito da Nintendo.

Há a necessidade de um Switch Pro?

O Switch vendeu, em todo o mundo, cerca de 85 milhões de unidades.
O Switch vendeu, em todo o mundo, cerca de 85 milhões de unidades.

O ano de 2020 também marcou o lançamento dos consoles de nova geração: PS5 e Xbox Series X/S. Os novos aparelhos passaram a focar em velocidade de processamento (graças ao uso do SSD), em gráficos cada vez mais realistas gerados numa resolução em 4K e numa fluidez de gameplay capaz de entregar até 120 fps em tela. Diante disso, muitos passaram a indagar se já não seria hora da Nintendo acompanhar tais “evoluções”, apresentando uma revisão mais robusta do seu popular híbrido. 

A oitava geração parece ter inaugurado uma nova tendência de mercado que se foca no lançamento de versões melhoradas de seus consoles, sem necessariamente canibalizar os modelos mais modestos. Foi assim com o Xbox One X e PS4 Pro. Tendência esta que acompanhou a nona geração de consoles – pelo menos do lado verde da força – com o lançamento do Xbox Series S (mais modesto) e Xbox Series X (mais parrudo). Não há motivo para colocarmos o PS5 na equação, porque, salvo a ausência do drive de disco em um dos modelos, o hardware é o mesmo.

A Nintendo, no entanto, já praticava essa política há algum tempo. É verdade que, não em seus consoles de mesa, mas nos portáteis, foi uma constante do Game Boy ao 3DS. Eis que temos o Switch, um aparelho que condensa o melhor desses dois mundos em um único lugar. Dado o histórico da empresa com os portáteis e o lançamento dos novos consoles, uma série de rumores começaram a pipocar sobre um possível Switch Pro. É verdade que é algo possível e provável. A E3 está aí batendo à porta. Quem sabe teremos alguma novidade? Mas, longe dessa possibilidade que tão logo se desvendará, será que isso é necessário?

Seguindo o próprio ritmo

Será que teremos novidades na E3?
Será que teremos novidades na E3?

Vamos focar no histórico da gigante japonesa em relação aos consoles de mesa, já que nos portáteis qualquer concorrência foi superada com certa tranquilidade – o mais próximo disso foi o PSP e olhe lá. De toda forma, independente do segmento, a Nintendo nunca se importou com o que as outras empresas fazem. O sucessor do SNES, por exemplo, para o bem ou para o mal, só deu as caras dois anos após a Sony entrar na briga com o PlayStation e a SEGA lançar o Saturn (sucessor do Mega Drive). Na verdade, boa parte da política da empresa em relação ao lançamento de novos hardwares sofreu grande influência dessa experiência. Na medida em que a relação da Nintendo com as third parties, a partir do N64, mudou drasticamente.

Diante das dificuldades e limitações impostas pela mídia em cartucho, cada vez mais o foco passou a ser em entregar experiências singulares, explorando o carisma de suas propriedades intelectuais. O ritmo da Nintendo não é ditado pelo que existe na concorrência. Na verdade, sempre foi o contrário: o que pesa é a experiência final para o usuário. E isso continuou com o lançamento do GameCube e Wii. Pensem em quanta coisa legal a gente viu surgir no Nintendo 64 e GameCube: Mario 64, Ocarina of Time, Wind Waker, Metroid Prime, Smash Bros e tantos outros. Em comparação à concorrência, os consoles da Nintendo até tem suas limitações, mas foram capazes – à revelia de tendência de mercado – de entregar títulos memoráveis e, em certa medida, revolucionários.

Quando o fantástico Wii foi lançado, PS3 e Xbox 360 já estavam no mercado entregando gráficos em alta definição. A Nintendo permaneceu firme em sua proposta, trazendo inovações que foram suficientes para tornar o console um sucesso e fazer frente à concorrência. Ainda assim, havia a cobrança por adequar a experiência de seus jogos aos avanços tecnológicos já implementados pela Sony e Microsoft. No entanto, a resposta – materializada no Wii U – não foi das melhores, infelizmente. De toda forma, foi através do aprendizado com o aparelho que vimos surgir o Switch.

Melhorar a experiência

Se uma revisão do Switch, de fato, for lançada, que traga essas melhorias sem aposentar precocemente o modelo padrão.
Se uma revisão do Switch, de fato, for lançada, que traga essas melhorias sem aposentar precocemente o modelo padrão.

Em março, o “Switão” completou quatro anos de mercado. Os números de vendas relacionados a ele, seja de hardware ou software, são impressionantes. Para os analistas, o console se encontra no meio de sua vida útil, tendo aí mais uns dois ou três anos pela frente. Seus números provam que jogos em 4K podem até ser legais, mas têm se mostrado irrelevantes, do ponto de vista do mercado. Acredito que o foco da Nintendo poderia se direcionar em melhorar pontos críticos que acompanham o pequeno desde o lançamento: a experiência online, melhorar serviços, personalização de interface etc. Se uma revisão do Switch, de fato, for lançada, que traga essas melhorias sem aposentar precocemente o modelo padrão. De toda forma, a variedade e, principalmente, a qualidade de seus títulos são suficientes para mantê-lo em evidência até a apresentação de seu sucessor.

Revisão: Jason Ming Hong