Holiday Motel Simulator tenta capturar o charme dos simuladores de negócios: pegar um motel decadente, com paredes descascando, pias quebradas e hóspedes ranzinzas, e transformá-lo em um lugar acolhedor, combinando reforma, decoração e administração. A proposta é simples e direta: limpar, renovar, decorar e gerir preços, reservas e avaliações para ver o negócio crescer. No papel, funciona muito bem. Na prática, por ainda estar em período de acesso antecipado, esbarra em problemas técnicos e de usabilidade que tiram um pouco do brilho dessa ideia.
Desenvolvimento: Red Phoenix Interactive
Distribuição: Red Phoenix Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 5 horas (campanha)
Tinta, poeira e personalidade

A parte de reforma é o coração da experiência. Você encara infiltrações, troca móveis surrados e escolhe estilos, do rústico ao retrô, passando pelo minimalista, para dar identidade aos quartos. É recompensador ver um ambiente arruinado ganhar vida após algumas decisões simples de layout e acabamento, isso casa com a fantasia de “dono do lugar” que decide cara e clima do espaço.
Além do visual, existe um fluxo prático que ajuda a sentir progresso: quanto mais quartos prontos e bem avaliados, melhor a reputação e mais reservas entram, gerando caixa para destravar novas áreas e seguir reformando. Esse leque de tarefas — limpar saguões, renovar quartos e até operar estruturas adicionais — é o que torna a rotina interessante quando tudo funciona como deveria.
Quando a administração começa

Depois da poeira, vem a administração: definir preços, cuidar de reservas e responder ao feedback dos hóspedes. A graça aqui é equilibrar curto e longo prazo, ou seja, preparar um quarto rápido para faturar hoje, ou segurar um cômodo para uma reforma maior amanhã. A promessa, em resumo, é ver as notas subirem conforme você capricha no serviço.
O problema é que a falta de orientação atrapalha esse ciclo. Em várias ocasiões, encontrar a próxima tarefa foi mais difícil do que deveria. Não há mapa nem um indicativo global claro de onde ir. Quando a limpeza está ativa, os itens a serem limpos aparecem destacados (o que ajuda), mas chegar até eles nem sempre é óbvio, e isso cria passos extras que cansam.
Controles, interface e atritos

A movimentação do personagem é funcional, mas carece de fluidez, algo sentido no vai-e-vem constante entre áreas. O menu radial existe para agilizar ações e ferramentas, só que a resposta nem sempre acompanha, e isso alonga tarefas simples. Em jogos de reforma e manutenção, em que o prazer está no fluxo de “chegar, usar e resolver”, cada engasgo pesa mais.
A interface poderia guiar melhor, pois falta clareza em alguns indicadores e um caminho mais suave nas primeiras horas. Os desenvolvedores já estão trabalhando nisso, fazendo ajustes através de patches recentes. Por exemplo, correções em zonas de tarefas de quartos e a adição de destaques de alvos de limpeza em missões específicas foram feitas pelos produtores. Ainda assim, no estado atual, a UI deixa você mais por conta própria do que seria ideal.
Bugs de acesso antecipado

Aqui está o ponto que mais pesou na minha experiência: bugs que travam progressão. Tive uma missão que exigia acesso a um depósito próximo da praia, mas o caminho estava bloqueado. Precisei voltar a um save anterior para seguir. Situações assim quebram o ritmo e desanimam no curto prazo.
Pelo lado positivo, as atualizações frequentes vão além das melhorias na interface. Patch notes recentes falam em melhorias na exibição de estoque ao se aproximar de suportes, conserto de conquistas e ajustes em elementos que não salvavam seu estado corretamente. Isso reforça a leitura de que é um projeto em obra ativa e que tende a melhorar, mas não muda o fato de que hoje quem joga pode trombar com problemas que exigem certa correção “manual”.
Áudio, visual e clima

Nos gráficos, o jogo entrega o básico: modelos e texturas cumprem seu papel, mas sem grande brilho, algo que combina com o momento do projeto. A trilha sonora é discreta e funcional, o que, para este tipo de simulador, não chega a ser um demérito, já que o foco está mais no ato de reformar do que em momentos musicais memoráveis.
Ainda assim, quando nada atrapalha, o core do jogo se sustenta: entrar num quarto arruinado, resolver a parte suja, escolher um tema e ver a avaliação subir cria um ciclo agradável. É nesse estado que Holiday Motel Simulator aponta para onde pode chegar, e aí sim a rotina de reforma e gestão vira aquele passatempo que pede “mais um cômodo antes de fechar o jogo”.
Um motel ainda em obras
Holiday Motel Simulator tem conceito claro e um caminho promissor, mas, hoje, pede tolerância com bugs, controles pouco fluidos e interface pouco intuitiva. Quem ama a combinação “reformar, decorar e administrar” à lá House Flipper já tem motivo para brincar e ver progresso. Porém, para quem prefere algo pronto para maratonar, talvez aproveite mais depois de mais correções. A boa notícia é que o estúdio vem atualizando o jogo com frequência. A má notícia é que, por enquanto, ainda é um motel em obra: dá para se hospedar, mas você será acordado de manhã cedo com o barulho de furadeiras e parafusadeiras.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro




