Airhead é um daqueles jogos bizarros em que você não entende muito bem o que está acontecendo, e tudo é contado sem uma única palavra. Em vez de explicar diretamente, o game te mostra a história ao te fazer explorar o mundo e descobrir por conta própria o que está acontecendo. Esse jogo indie, feito pelo estúdio Octato, mistura elementos de vários títulos que provavelmente já jogou ao longo da vida, como Limbo, Inside, Little Nightmares, e até clássicos da era dos anos 90 do PC, como a série Oddworld: Abe’s Oddysee e Exoddus. Vamos embarcar juntos nessa aventura maluca e de cabeça-oca.
Desenvolvimento: Octato
Distribuição: HandyGames
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Puzzle, Aventura
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch
Duração: 3 horas (campanha)
Uma experiência única com uma estética peculiar
Este é um jogo misterioso em que você controla uma criatura negra sem cabeça que vaga por uma caverna. Certo dia, essa criatura encontra uma cabeça enorme sendo atacada por uma máquina. Depois que a máquina vai embora, sabe-se lá por quê, você se aproxima da cabeça gigante e a conecta ao seu corpo. A partir desse momento, sua missão é cuidar da cabeça e garantir que ela se mantenha cheia de ar, daí vem o nome do jogo: Airhead.
O grande diferencial da experiência está em como você interage com o cenário usando sua nova cabeça. Enquanto explora o ambiente, você a utiliza para alcançar lugares altos, ativar mecanismos e até atrair criaturas, como vagalumes, para afugentar pequenos inimigos que servem de ponte para atravessar abismos.
Corpo e cabeça: uma parceria inusitada
Seu corpo também tem algumas habilidades por conta própria, como escalar bordas, puxar alavancas, plataformas e pedras, além de conseguir respirar debaixo d’água. Já a cabeça pode ser inflada, permitindo que você flutue até o teto da caverna. Ela também serve para ativar mecanismos, mas a cada uso, vai se esvaziando, e você precisa tomar cuidado para não deixá-la sem ar – caso contrário, a cabeça “morre” temporariamente.
Em alguns momentos, é necessário separar a cabeça do corpo para avançar, pois um limita o outro. Por exemplo, você não consegue subir em cordas com a cabeça presa ao corpo, o que faz com que precise largá-la e planejar como usar o cenário a seu favor. Em situações assim, é possível usar os “caçadores de cabeça”, inimigos que perseguem a cabeça quando você a larga, para carregá-la para onde precisar. Esses inimigos podem ser explorados para cumprir tarefas se souber como manipulá-los corretamente.
Visuais belíssimos e upgrades
Os visuais de Airhead merecem destaque. A mistura de cores e sombras é impressionante e extremamente bem executada, o que faz o estúdio Octato merecer todos os elogios possíveis. As criaturas são desenhadas de forma belíssima, embora bizarras, e esse aspecto visual cria uma grande curiosidade sobre o mundo do jogo. Existe até um bestiário, onde você pode consultar mais sobre os seres que encontra, o próprio protagonista e o lore geral da aventura.
Outra mecânica importante do jogo é a presença de upgrades, o que explica o motivo pelo qual Airhead se autodenomina um Metroidvania Puzzle Platformer. Conforme avança, você precisa revisitar áreas para usar habilidades que não estavam disponíveis anteriormente, como o clássico pulo duplo ou o dash no ar. Embora essas habilidades não sejam inovadoras — afinal, são power-ups bastante comuns no mundo dos games —, elas ajudam a dar mais dinamismo ao gameplay e abrem novas possibilidades de exploração.
Não é original, mas é divertido
Apesar de não trazer muita originalidade, Airhead ainda consegue ser uma experiência divertida. O jogo se apoia fortemente em mecânicas de física e controles simples para fazer o jogador atravessar seu mundo monocromático (com algumas cores aqui e ali). A sensação de carregar uma cabeça gigante pelo cenário, enquanto você a larga de tempos em tempos para realizar ações exclusivas do corpo, traz um charme peculiar à jogabilidade. Além disso, a verticalidade dos cenários adiciona uma camada extra de desafio que lembra títulos como Limbo, Inside e Little Nightmares.
No entanto, o grande problema de Airhead é que ele pode se tornar repetitivo rapidamente. O design das fases é frustrante em certos momentos e acaba se parecendo muito com outros trechos, o que tira um pouco da variedade que um jogo como esse precisaria ter. Mesmo com a presença de upgrades relativamente frequentes, é difícil não pensar que os cenários e os quebra-cabeças poderiam ser mais diversificados e desafiadores.
Cópia de Switch cedida pelos produtores