A Capcom nos presenteia com uma coletânea que, ao mesmo tempo, homenageia o passado e tenta se adaptar às exigências do presente. Prepare-se para viajar por oito clássicos que marcaram a história dos jogos de luta, enquanto desfruta de melhorias modernas.
Desenvolvimento: CAPCOM
Distribuição: CAPCOM
Jogadores: 1-2 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Luta
Classificação: 12 anos (violência)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 4 horas (campanha)/8 horas (100%)
Uma odisseia de clássicos e surpresas

Logo na primeira tela, Capcom Fighting Collection 2 já nos presenteia com uma ode aos títulos que poucos lembram com tanto carinho, mas que foram essenciais para os fliperamas e consoles lá atrás. A coleção reúne nomes como Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro, Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001, Capcom Fighting Evolution, Street Fighter Alpha 3 UPPER, Power Stone, Power Stone 2, Project Justice e Plasma Sword: Nightmare of Bilstein.
Essa seleção, que beira o inacreditável, faz com que os fãs de lutas se emocionem ao rever personagens, cenários e mecânicas que, de certa forma, ainda ditam as regras do gênero. E, convenhamos, quando a nostalgia encontra a tecnologia, o resultado é uma mistura agridoce, onde o charme do retrô convive com a precisão moderna.
Cada jogo é apresentado em sua essência original, mas com uma camada extra de polimento que somente consoles da nova geração podem oferecer. No entanto, apesar da riqueza histórica e dos gráficos melhorados, a coleção não se reinventa completamente. A interface, os menus e até mesmo alguns modos de jogo carregam uma semelhança desconcertante com o que vimos em coleções anteriores, como Marvel vs. Capcom Fighting Collection.
Assim, se você busca uma experiência totalmente nova, poderá se sentir preso entre a familiaridade reconfortante e a sensação de déjà vu. Mas, de um modo geral, essa coletânea é uma celebração dos clássicos que, há décadas, aceleravam o peito de inúmeros fãs.
O universo dos combates reimaginado

A experiência de luta sempre depende do quão bem os controles respondem aos impulsos do jogador, e aqui Capcom Fighting Collection 2 se esforça para entregar essa sensação com precisão cirúrgica. As configurações permitem que tanto os veteranos quanto os novatos ajustem a experiência de acordo com sua própria maneira de jogar.
Quando o combate começa, cada título dentro da coleção carrega sua própria identidade. Em Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro, por exemplo, o sistema de “Groove” e “Ratio” funciona como um indicador que permite ao jogador ajustar seu estilo de luta, fazendo com que cada confronto se transforme em uma espécie de puzzle tático.

Já em Power Stone e Power Stone 2, a jogabilidade ganha novas dimensões. Os combates em arena, cheios de movimento e interatividade com o ambiente, diferem radicalmente dos tradicionais duelos 2D. Aqui, os jogadores precisam estar atentos a cada recanto, cada item espalhado pelo cenário, pois o ambiente de batalha é imprevisível e pode virar o jogo num piscar de olhos.
E não podemos esquecer dos clássicos de pixel e de controle preciso, como o Street Fighter Alpha 3 UPPER, que nos lembra, que por trás de cada golpe esconde-se uma imensidão de história e dedicação. Essa variedade é a verdadeira alma da coleção – uma celebração da evolução dos jogos de luta, onde cada título tem uma “personalidade” própria, contando sua história com movimentos precisos e cheios de energia.
O passado revivido com toques de modernidade

Os gráficos da coleção são, sem dúvida, um dos grandes atrativos e, ao mesmo tempo, uma das fontes de críticas. Em muitos títulos, o charme do visual retrô é preservado, renovando a experiência com detalhes que antes passavam despercebidos em telas mais modestas.
Contudo, apesar desses avanços, a fidelidade ao original pode parecer exagerada em alguns títulos ao ponto de não aproveitar totalmente os recursos disponíveis, o que não preenche as expectativas dos jogadores modernos.
A atmosfera sonora é outro ponto alto dessa coletânea. Cada luta é embalada por efeitos sonoros meticulosamente trabalhados, com a trilha sonora, em especial, funcionando como o coração pulsante dos combates, evocando sentimentos que vão desde a pura adrenalina até uma melancolia quase poética.
Mesmo com algumas falhas pontuais na mixagem (onde certos efeitos sonoros parecem um tanto deslocados) a experiência auditiva é, em geral, um deleite para os verdadeiros apaixonados por games clássicos.
O que torna essa coleção única

A verdadeira força do Capcom Fighting Collection 2 está justamente na sua seleção ousada de títulos. Não se trata apenas de reunir os grandes sucessos que todos conhecem, mas de resgatar obras que, por algum motivo, ficaram à margem dos holofotes, mas que são igualmente importantes para a história dos jogos de luta. Essa curadoria, que aposta em nomes menos convencionais, faz com que cada partida seja uma descoberta, um convite a explorar, reviver e, até mesmo, redescobrir nuances dos clássicos.
Em comparação com outras coleções, Capcom Fighting Collection 2 apresenta uma abordagem mais nichada, focada em títulos da era Dreamcast e de arcades que receberam pouca atenção nas plataformas modernas. É quase como se a Capcom quisesse nos lembrar de que, embora os games mainstream sejam importantes, há sempre um universo paralelo onde a inovação se esconde nos detalhes esquecidos. Essa proposta serve como um lembrete de que a história dos games é feita tanto dos grandes sucessos quanto das jóias raras que o tempo quase apagou.
Além disso, a opção de elevar a resolução interna é um diferencial que não passa despercebido. Ao aprimorar os gráficos sem sacrificar a essência original dos jogos, a coleção se torna uma verdadeira ponte entre o passado e o futuro, fazendo com que os fãs possam apreciar cada detalhe com uma grande nitidez.

No entanto, nem tudo neste universo de pixels e nostalgia é perfeito. Entre os muitos acertos, um aspecto que merece atenção são algumas decisões de design na interface e nos menus. A gestão das opções de configurações parece, por vezes, confusa, o que não abraça totalmente as facilidades modernas.
Em certos jogos, a dificuldade de adaptação dos controles a jogos que originalmente não foram pensados para as configurações atuais também aparece como uma pedra no sapato. Embora a maioria dos títulos permita uma customização até certo ponto, alguns momentos críticos demonstram que a transição entre eras ainda tem suas fragilidades.
A jornada continua
Em resumo, Capcom Fighting Collection 2 é uma experiência imperfeita, mas profundamente apaixonante, que nos transporta de volta à essência dos fliperamas e, ao mesmo tempo, nos desafia com as exigências do mundo moderno dos games. Seja você um veterano de batalha ou um novo lutador, essa coleção é um convite à aventura, à nostalgia e à renovada paixão pelo que sempre fez dos jogos de luta uma verdadeira arte.
Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro