Commandos: Origins se propõe a responder uma pergunta clássica: um punhado de soldados de elite consegue fazer o que exércitos inteiros falham? Neste game clássico de estratégia em tempo real, com visão isométrica e foco absoluto em furtividade e precisão, você lidera um esquadrão especializado em operações impossíveis, exatamente como na série clássica. A fórmula continua intacta: Commandos não entrega vitórias, ele te obriga a conquistá-las com observação meticulosa, decisões rápidas e, muitas vezes, com muita tentativa e erro. Você aguenta essa punição toda nos dias de hoje?
Desenvolvimento: Claymore Game Studios
Distribuição: Kalypso Media
Jogadores: 1-2 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Estratégia
Classificação: 14 anos (Violência, Drogas Lícitas, Linguagem Imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox Series X|S, PS5, PC
Duração: 24 horas (campanha)
O retorno às origens

Commandos: Origins funciona como uma prequela, contando a história de como o grupo se reuniu sob a liderança de Jack O’Hare. Cada membro da equipe, agora em gráficos 3D de verdade, tem sua personalidade e um conjunto de habilidades específicas, que vão desde detonar explosivos, sabotar veículos ou criar distrações bem cronometradas para despistar os inimigos. Commandos se apoia fortemente nesse elemento: conhecer cada personagem é essencial para o sucesso da missão.
A estrutura permanece fiel às raízes da franquia. O mapa é amplo e complexo, e as missões colocam você em situações desfavoráveis, com poucos recursos e muitos obstáculos como inimigos, ao mesmo em que várias opções de dificuldade estão disponíveis. A cada missão, você estará drasticamente em menor número e mal equipado, enfrentando patrulhas, veículos e guardas fortemente armados.
Jogabilidade no controle: precisão ou fracasso

Um dos pilares de melhoria em Commandos: Origins é o sistema de visão dos inimigos, representado por cones que indicam os ângulos de visão e reagem à sua movimentação. Esse elemento clássico retorna com mais profundidade: existem zonas de detecção instantânea e outras onde é possível atravessar com cautela, desde que parado ou movimentando-se lentamente enquanto rasteja.
Cada abordagem exige planejamento. Você pode eliminar inimigos silenciosamente ou apenas nocauteá-los, embora a segunda opção traga o risco deles acordarem e acionarem o alarme. Muitas vezes, a melhor escolha é garantir que eles não voltem a levantar, escondendo os corpos em arbustos ou zonas cegas.

Contudo, Commandos nunca facilita. A IA inimiga é agressiva, e o menor erro pode comprometer toda a operação. Ao ser avistado, os soldados rapidamente acionam o alarme, e após três alertas, o mapa inteiro entra em estado de alerta máximo, com reforços caçando seu esquadrão incansavelmente.
Essa mecânica acrescenta tensão e um senso de urgência, mas também revela alguns dos problemas estruturais. Felizmente, há o salvamento rápido que leva uns 7 segundos para carregar, mas serve pra agilizar as coisas. Porém, certamente podia ser mais rápido dado a natureza do game.
Problemas estruturais e design questionável

Apesar de ser um sucessor espiritual respeitável, Commandos: Origins tropeça em diversos aspectos. A precisão dos cones de visão às vezes parece inconsistente e falha. Há momentos em que o inimigo detecta sua presença mesmo fora do campo visual, gerando uma sensação de injustiça. Numa atualização recente, isso foi melhorado. Além disso, a movimentação e as interações podem ser confusas, especialmente quando se alterna entre personagens ou se tenta realizar ações coordenadas com múltiplos comandos, especialmente no controle.
O design de algumas fases também limita a criatividade. Embora Origins sugira flexibilidade nas abordagens, em muitas situações parece haver apenas uma ou duas formas viáveis de prosseguir, o que acaba restringindo a liberdade tática que sempre caracterizou a série. Por vezes, Commandos entrega uma ferramenta ou item claramente designado para um trecho específico, o que gera uma sensação de que estamos seguindo um roteiro pré-determinado.

Outro problema é a ausência de inteligência artificial para os membros do seu esquadrão: quando a ação se intensifica e você é forçado a enfrentar o combate direto, cada personagem precisa ser controlado individualmente, o que torna a experiência caótica e frustrante, te obrigando a alternar feito louco entre a equipe.
Jogar o cooperativo (disponível no mesmo console em tela dividida e online) tornar as coisas um pouco mais fáceis, permitindo cada jogador controlar um membro diferente. Conversa e sincronia constante se fazem fatais nesses momentos, e ter o auxílio de alguém não tão experiente acaba complicando as coisas. Nesse quesito, Origins ainda não é amigável.
Técnicos e visuais: altos e baixos

Visualmente, Commandos: Origins tem momentos de destaque, especialmente nas fases ambientadas em desertos, florestas densas ou bases árticas. A atenção aos detalhes nos cenários é notável, criando mapas que exigem constante observação e planejamento. No entanto, o visual sofre com bugs recorrentes: inimigos que viram bonecos (ficam se contorcendo) indefinidamente, armas flutuantes a metros de distância do personagem e problemas nas animações durante as execuções.
O desempenho gráfico é razoável e chega a uns 45 fps, com suporte a modo desempenho e gráfico no Xbox Series S e Xbox Cloud Gaming. Apesar da performance aceitável, há quedas de desempenho ocasionais, especialmente em mapas maiores. Além disso, rasgos na tela são perceptíveis o tempo todo por conta do screen tearing.
Já o áudio é funcional: há efeitos ambientais convincentes — como o som de explosões à distância ou o rangido de neve sob os pés — mas a trilha sonora é discreta, com poucas faixas memoráveis. As falas são limitadas a pequenas frases de efeito ou comandos rápidos, o que, embora compreensível, poderia ter sido mais explorado para aprofundar a personalidade dos personagens. Nesse quesito, diria que o jogo é genérico e mostra o tamanho do orçamento.
Fãs e novatos estarão bem servidos, se tiverem paciência
Commandos: Origins é, sem dúvida, um game que vai agradar aos fãs mais hardcore do gênero, aqueles que buscam desafios complexos e que não se intimidam com a necessidade de repetir missões múltiplas vezes até encontrar a abordagem perfeita. No entanto, seus bugs, algumas escolhas de design questionáveis e a falta de polimento prejudicam a experiência. Pra uma experiência cooperativa, acaba sendo divertido, mas requer bastante paciência. No mais, o quick save e load podia ser bem mais rápido pra agilizar tentativas e erros. Quem sabe com uma atualização futura.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores