Desenvolvido pela pequena equipe de desenvolvedores stellarNull, Anuchard tenta nos propiciar uma experiência muito similar às que tínhamos no PS1, com uma ação interessante e uma estética bastante decente. Ele pode ser uma boa opção de compra aos que buscam um RPG de ação, com elementos de dungeon crawler uma pegada mais casual e fora dos radares.
Desenvolvimento: stellarNull
Distribuição: Freedom Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Puzzle
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataforma: PC, Switch
Duração: Sem Registros
Um reino caído
O Reino de Anuchard, situado num continente que flutuava, caiu há gerações. Sua população se espalhou pelo resto do mundo e tudo que restou daquele pacifico povo e de seu majestoso reino foi uma pequena vila criada à beira do mar. Conta-se que, antes da queda do reino, cinco divindades fugiram para achar abrigo nas profundezas de um calabouço, e que ninguém deve entrar na masmorra, pois se transformará em estátua.
A população, contudo, ainda tem fé numa figura chamada Bellweilder – o portador do sino, numa tradução rápida -, um ser que será capaz de trazer de volta, os tempos áureos de Anuchard, com o tocar do sino, trará de volta os deuses a vida e irá reconstruir o fabuloso reino caído.
Anuchard é uma obra que pode causar bastante estranheza. Em partes ele parece um dungeon crawler, em outras um construtor de vilas e, também, não podemos esquecer da melhor parte: os puzzles.Aqui encarnarmos o Bellweilder, e desbravamos as masmorras daquele pequeno e caricato universo, para recuperar as almas daqueles que morreram lá dentro, bem como os cinco guardiões.
Para conseguir isso, empunhamos uma arma com um sino e temos à nossa disposição um conjunto de movimentos bem limitado, mas que consegue ser versátil. Podemos realizar um combo de três golpes pressionando A e esquivar ou derrubar inimigos com B. Enquanto seu combo é seu principal causador de dano, a maioria dos inimigos começa com pelo menos uma pilha de escudos, que você só pode remover jogando-os em um muro. Isso é tudo. A profundidade total que o combate oferece é essa, e isto pode ser um fator que deixa o jogo tedioso com a frequência dos combates e a lentidão com que Bellweilder se locomove.
A melhor parte
Como dito antes, o combate não é lá essas coisas, e ainda bem que ele não é o foco do jogo. Cada seção da dungeon está recheada de quebra-cabeças para resolver. A maioria dos envolve bater uma bola verde em um interruptor vermelho para abrir uma porta. Lentamente, você será apresentado a mais e mais complicações nessa premissa simples, como teletransportadores, paredes pelas quais apenas a bola pode se mover, e muitas outras coisas.
Por mais que a princípio esses enigmas pareçam chatos e muito fáceis, as coisas vão ficando mais interessantes com o passar do tempo, e os puzzles se tornam divertidos de serem resolvidos. Esses quebra-cabeças podem parecer vagamente os que vemos na franquia The Legend of Zelda e, de certo, são influenciados por ele, mas não espere nada no mesmo nível.
Dentro da masmorra, encontraremos vários itens diversos colecionáveis. Podemos encontrar almas de certos personagens coadjuvantes que nos ajudam a restaurar a cidade, assim como recursos para atualizar ela. Cada parte da dungeon tem sua vegetação e bioma, e nessas partes os recursos se diferenciam, fazendo com que a exploração de certos lugares se torne obrigatória pros mais obstinados.
Contudo, aqui é tudo um pouco pouco superficial, considerando que a maioria das atualizações é somente estética, incentivando você a economizar seus recursos para comprar atualizações mais úteis. Anuchard conta também com missões secundárias, mas que são um grande defeito porque elas expiram muito rapidamente, não nos dando a oportunidade de sequer tentar completá-las.
Quão agradável é o som do sino?
Anuchard é de fato um dungeon crawler bastante genérico que tem uma estética interessante, mas isso não o leva a um bom patamar. Porém, o jogo pode proporcionar uma dose de diversão que muitos não esperam – principalmente ao se aproximar do fim -, pois o game design não é decepcionante num todo, e ele pode sim agradar certas pessoas.
Acredito que o estúdio tem muito o que aprender com os erros de Anuchard, e tem um potencial de tocar o sino muito mais alto e de uma forma mais bela em seus títulos futuros, mas, infelizmente, Anuchard não consegue atingir nem o tom nem a nota desejada para sair da fileira dos jogos independentes ordinários; apesar de ter potencial pra isso. No fim, tudo o que se pode dizer do título é que ele é “ok” com seu combate simples e enjoativo, seus puzzles legais e sua estética única.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong