O estúdio indie Unspeakble Pixels foi o responsável por nos trazer um conto bárbaro, envolto a monstros sobrenaturais, magias, muito sarcasmo e… morcegos! Batbarian: Testament of the Primordials é um jogo plataforma de ação e aventura e progressão side-scroller, lançado em outubro do ano passado para PC e Switch e em julho deste ano para os consoles da Microsoft e Sony.
Desenvolvimento: Unspeakble Pixels
Distribuição: Dangen Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG, Plataforma
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One
O início da aventura
![O início da aventura.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2021/08/review-batbarian-switch-01-1024x576.jpg)
Iniciamos nossa aventura naquilo que parece ser uma espécie de despedida precoce. Um jovem bárbaro, lançado de um penhasco, parece estar caindo para a morte iminente. Logo nesse momento, a gente percebe o tom do jogo. O personagem passa a refletir a sua trágica situação de forma irônica. Suas reflexões satíricas são apresentadas ao jogador para que ele decida o texto do arco introdutório. Nada muito complexo, é verdade! Mas, é divertido.
Por toda a aventura – como nos clássicos RPGs – nos deparamos com situações como essas, em que devemos escolher a linha de diálogo que o protagonista deve seguir. Porém, aqui nossas escolhas não interferem na narrativa. A história, na verdade, é contada ao longo da gameplay, seja em flashbacks, que vez ou outra são apresentados, ou por mensagens e inscrições rupestres deixadas por pessoas que exploraram os perigos do local antes do nosso protagonista.
O morceguinho Pip
![Pip tem função crucial na iluminação dos cenários.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2021/08/review-batbarian-switch-03-1024x576.jpg)
Para fugir do penhasco com suas grutas misteriosas e atravessar armadilhas e muitos quebra-cabeças, temos a companhia de um amigo peculiar. Pip, um morceguinho que brilha, é o real protagonista e acrescenta níveis de desafios interessantes para o Metroidvania. E isso se dá porque todo o game é ambientado na penumbra, com cenários escuros e propositalmente mal iluminados. O brilho de Pip nos ajuda a desvendar segredos, itens e passagens escondidas.
Conforme vamos avançando, passamos a estocar certos tipos de frutas saborosas para o morceguinho. Ao arremessá-las, ele voa em sua direção. Com o tempo, nosso companheiro voador não só servirá para iluminar os escuros cenários, mas também ativará mecanismos e atacará inimigos. Além de Pip receberemos ajuda de outros personagens, que passam a compor uma espécie de party. Porém, podemos optar por levar apenas um companheiro por vez, além – é claro – do morceguinho.
Tecnicamente impecável
![O visual e pixel-art do jogo é muito bem feito.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2021/08/review-batbarian-switch-04-1024x576.jpg)
O visual de Batbarian – apesar de não ter muitos sprites de animação – é composto de um pixel-art de qualidade, casado com uma trilha sonora igualmente competente e diversificada. As batidas empolgam e em nenhum momento se tornam enjoativas. Como de praxe nos Metroidvanias, a exploração é livre em meio a cenários labirínticos. A transição de tela lembra jogos como Mega Man, em que o jogo dá uma ligeira congelada enquanto rola a transição de ambientes. Tecnicamente Batbarian está impecável, casando bem as possibilidades que a tecnologia atual permite com o passado.
Os controles são agradáveis e intuitivos. Basicamente, nosso personagem pula, bate com sua arma e pode tacar pedras para acionar alavancas ou lançar frutas para Pip. Por padrão, toda movimentação deve ser feita com o analógico esquerdo, algo que particularmente acho desconfortável em títulos plataforma 2D. Mas, felizmente, podemos mapear os controles para usar o d-pad. O senso de progresso, em Batbarian, é lento. As novas habilidades demoram a dar as caras e não transmitem aquela sensação de “poder” como habitualmente vemos nos jogos do gênero.
Se perca com facilidade
![Podemos colocar marcadores nos mapas.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2021/08/review-batbarian-switch-05-1024x576.jpg)
Derrotar os mais diversos inimigos nos confere itens como ouro (para comprar produtos diversos junto ao mercador), frutas e pedras, além de pontos de experiência. Quando subimos de nível, recebemos algumas melhorias de forma aleatória que pode maximizar nosso ataque, defesa e percepção (capacidade de enxergar no escuro). Baús guardam tesouros interessantes, como jóias (que podem ser trocadas por certas habilidades), fragmentos de mapas e melhorias nos pontos de saúde e na capacidade máxima do nosso estoque de pedras e frutas.
Diferente de outros títulos como Ori e Guacamelee!, Batbarian não nos pega na mão em nenhum momento. O mapa, apesar de possuir uma coloração diferente por cada área, e permitir com que coloquemos marcadores e apresentar a localização de lojas e pontos seguros (onde podemos salvar o progresso e fazer fast travel), não detalha muito bem as passagens dos labirintos. Dessa forma, olhares menos atentos podem deixar passar alguns caminhos.
![Escolha o gênero do personagem.](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2021/08/review-batbarian-switch-06-1024x576.jpg)
O level design e as mecânicas menos tradicionais apresentadas (o morcego como ferramenta) são subutilizadas como indicativos – mesmo que indiretos – para as áreas que devemos rumar, fazendo com que facilmente nos percamos pelos cenários. Isso acaba tornando a experiência frustrante e cansativa com o tempo.
Show de acessibilidade
Salvo a localização, que infelizmente não tem para o nosso idioma, Batbarian, para todo o resto, dá show e apresenta um leque enorme de opções de acessibilidade. Desde o já comentado mapeamento dos controles, passando a escolha do gênero do personagem (representatividade), auxílio para disléxicos, textos ampliados para míopes e assistências que atenuam a dificuldade, para alegria dos haters de jogos como Dark Souls e Hollow Knight (ampliar a iluminação dos cenários, aumentar a força de ataque, defesa etc).
O visual retrô bem trabalhado de Batbarian, suas músicas e a originalidade de suas mecânicas, são atrativos para que nos aventuremos na pele do jovem bárbaro. Porém, tenha em mente que, apesar dos textos sarcásticos e divertidos, a narrativa é fraca (poderiam ter melhor trabalhado a própria noção do que define um “bárbaro”, por exemplo) e o tímido senso de progressão – aliado a um level design que acaba dificultando a exploração do mundo labiríntico do título – pode acabar afastando jogadores mais casuais.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong