Call of Cthulhu é um jogo de investigação ambientado no universo de HP Lovecraft, além de uma excelente pedida para jogadores curiosos que gostam de entender o motivo por trás de acontecimentos num enredo.
A jogabilidade é totalmente em 1ª pessoa, com gráficos estonteantes (no limite do possível) até mesmo para um console menos potente como o Nintendo Switch. Gosta de investigação? Então vem desvendar este jogo a seguir.
Desenvolvimento: Saber3D
Distribuição: Focus Home Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG
Classificação indicativa: 18 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, PS4, PC e Switch
Duração: 8 horas (campanha)/ 14 horas (100%)
Vamos à Darkwater
Em Call of Cthulhu você é Pierce, um detetive particular filiado à uma agência que está exigindo que o protagonista comece a pegar mais casos para ser rentável para a empresa. Pierce vem tendo pesadelos constantes com uma caverna subterrânea enquanto é atacado por seres misteriosos, mas não consegue pistas para entender melhor os ocorridos.
Momentos após o início, você recebe um pedido de ajuda de Stephen Webster para desvendar o motivo de sua filha Sarah, casada com Charles Hawkins, ter morrido num incêndio em sua mansão na cidade de Darkwater onde vivia com marido e filho. O caso foi dado como encerrado há algum tempo pela polícia, mas Pierce recebe a tarefa de saber o que realmente aconteceu por lá.
Investigando eventos passados
A forma de jogar segue um padrão já visto em alguns outros títulos do gênero, até mesmo em jogos que já se inspiraram no universo de Lovecraft. As mecânicas básicas consistem em andar, se abaixar, correr, iluminar o ambiente com seu isqueiro ou lampião, e fugir de inimigos encontrados durante a história.
Call of Cthulhu faz parte de um segmento que costumo chamar de evolução natural dos jogos adventure point ‘n click, os quais usam a mesma estrutura de interações com os cenários, coleta de itens e conversas.
Mas nesta considerada atualização tudo é feito de uma forma com que o jogador se sinta bem mais no controle em vez apenas realizar ações em eventos pré-estabelecidos e lineares.
É necessário conversar com outras pessoas através de opções de diálogos em uma roda de seleção de respostas ou perguntas, muitas vezes usando atributos do personagem que são evoluídos em uma espécie de árvore de habilidades no menu de pausa.
Dependendo do atributo que você melhorar em Pierce, novas possibilidades de persuasão ou investigação, por exemplo, são liberadas. De todas as habilidades, apenas duas exigem uma atenção maior aos objetos nos cenários: a medicina e o ocultismo. Ambas necessitem de livros e outros itens encontrados por aí para terem sua eficácia elevada.
A medicina permite com que Pierce descubra dosagem de remédios, faça diagnóstico ou se expresse sobre problemas médicos. Já o ocultismo desbloqueia a possibilidade do protagonista de se expressar sobre o assunto em conversas e descobrir a utilidade de artefatos usados para a prática.
Além disso, dependendo da escolha em certas conversas, o destino no jogo será alterado resultando em diferentes finais de Call of Cthulhu. Isso é uma boa forma de aumentar o fator replay, visto que o jogador precisará arriscar no jogo mais de uma vez para conseguir ver as possibilidades.
Uma dor suprida
Por aqui existe um ar constante de suspense, sem oferecer qualquer tipo de combate ou possibilidade de se defender contra inimigos. Uma das ações contra ameaças é simplesmente correr e esconder, algo muito praticado em vários jogos similares como Outlast – apesar deste ser mais puxado para terror com jumpscare, algo que condeno.
Mesmo eu sendo um tipo de jogador com alta preferência pelo terror de sobrevivência com elementos de combate, Call of Cthulhu não me desapontou já que tirou o foco daquilo que sinto falta em games de terror (como dito, o combate) e sustentou a jogabilidade como um todo através da sua investigação e puzzles muito bem empregados.
A história é cativante e te deixa curioso querendo saber mais o tempo todo. As atuações dos dubladores dos personagens convencem totalmente, não deixando nem um pouco a desejar ou passando a impressão de superficialidade ou amadorismo.
Os momentos mais legais de investigação ficam a cargo da regressão aos eventos que ocorreram nos locais por onde você passa. Pierce entra em um modo de “visão de investigador” e consegue enxergar objetos, pessoas e eventos que estiveram ali anteriormente. Com isso, é necessário juntar pistas para solucionar os objetivos e habilitar novas perguntas aos investigados.
Ao longo da história, novos personagens surgem em suas documentações à medida que você adquire informações ou tem interações sociais com eles. O mesmo acontece para lugares por onde você passou e pistas colhidas até o momento. Também é possível reler um resumo geral do capítulo e da história em si, não deixando brecha para que o jogador se perca e esqueça algum fato importante.
Aspectos negativos da versão
Call of Cthulhu no Switch apresenta razoáveis lag em vários momentos e texturas que ao ficarem um pouco afastadas de seu campo de visão perdem o detalhamento – claramente uma técnica para não interferir na performance geral.
Apesar de estar visualmente bem competente, a quantidade abaixo da média de quadros por segundo deixa um pouco a desejar em locais com vários elementos ou muita luz. Nada crítico, apenas incômodo. De qualquer forma, é plenamente possível se divertir, já que no console da Nintendo o jogo roda de forma aceitável na maioria das vezes.
Já sobre a interface, não há uma opção de aumentar tamanho dos textos, exigindo com que você se aproxime um pouco mais de sua TV ao jogar no modo dock. De forma portátil fica mais fácil de enxergar a maioria das legendas.
Por fim, loading é demorado demais ao carregar um save ao ligar o jogo, como também a troca de capítulos leva um tempo para carregar e chega a irritar um pouco.
Doses na medida certa
Call of Cthulhu é um jogo instigante, e é bastante prazeroso poder levar um produto deste nível de complexidade por aí em seu Nintendo Switch. Apesar de ter preferência pelo gênero survival horror, o gameplay conseguiu prender minha atenção e me segurar de modo a sempre estar com sede de saber mais sobre o enredo, além do que houve realmente em Darkwater – me senti um detetive.
De fato, Call of Cthulhu é um dos melhores games de investigação dentre os quais já tive contato, sendo uma adição única do gênero para o pequeno híbrido da Nintendo.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores