Nesses últimos tempos, a mágica dos jogos independentes chegou de vez no Brasil. O país conhecido pelo futebol, café e boa música, caminha, mesmo que de forma tímida, para ser lembrado como um local que dá origem a bons jogos independentes.
Depois de Dandara, Blaze Chrome e Bem Feito, o Brasil apresenta outra obra indie de boa qualidade e consistência: Dandy Ace, um Roguelike em câmera isométrica, cheio de ação, eletrizante e bastante colorido, que traz a mágica e o mundo das ilusões fantásticas aos jogadores.
Desenvolvimento: Mad Mimic
Distribuição: NEOWIZ
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: Livre
Português: Dublagem, legendas e Interface
Plataforma: PC, Switch, PS4, Xbox One
Duração: 8 horas (campanha)/26 horas (100%)
Um ás através do espelho
A obra tupiniquim é, como já dito, um Roguelike (subgênero do RPG), caracterizado pela geração de fases procedurais durante cada partida e pela morte permanente. Ou seja, cada vez que nosso herói ilusionista morre, ele volta ao começo.
A história se encaixa como uma luva para a gameplay, sendo divertida e cativante. Inicialmente, ela é contada por uma boa cutscene e depois acompanhamos os acontecimentos através de diálogos dublados. A empreitada de Dandy Ace, um novo, atraente e talentoso mágico ilusionista que, por acaso, consegue o lugar de primeiro ilusionista do mundo, começa quando Lele, O Ilusionista, (a quem o título de melhor do mundo pertencia anteriormente) prende Ace num mundo mágico dentro de um espelho. O jovem mágico precisa, então, fugir a qualquer custo, o problema é que nem mesmo a morte pode tirá-lo de lá, pois quando a encontra ele volta para o começo daquela zona mágica dentro do espelho.
O vilão que prendeu Ace, conhecido como Mágico Lele, nos acompanha por toda a jornada. Ouvimos a voz dele durante todo o jogo, nos instigando, provocando e, às vezes, até nos elogiando à sua maneira extravagante, super caricata e muito bem dublada.
Por mais simples que o enredo do game seja, ele funciona muito bem com a proposta da obra brasileira. Os personagens são repletos de carisma, tanto pela escrita quanto pelo trabalho de arte, o que instiga bastante o jogador a continuar o game e ir até o fim.
As cartas mágicas do ilusionista bonitão
No início são oferecidas três cartas: cada uma delas de cor diferente, com cada cor designando um tipo de habilidade. Essas cartas nos ajudam durante a empreitada de Ace para sair do espelho. Os cards azuis servem para que nosso herói ilusionista se movimente e cause dano (existem diferentes meios de locomoção, de dashes até teletransportes). Os roxos proporcionam diferentes golpes, que nos dão a possibilidade de bater e causar dano direto aos inimigos. Já os amarelos nos oferecem skills mais parecidos com magias, que causam danos ou paralisam os adversários.
Em meio às dezenas de cartas, temos o direito de carregar 8 delas (que podem subir de nível) e cabe a nós decidir como usá-las. Algumas cartas são mais passivas, podendo ser combinadas com os cards que servem para capacidades mais ativas. Ao casar as cartas, temos diferentes resultados, e alguns são bem visíveis, causando um bom estrago nos inimigos, enquanto outros são tão discretos que se tornam inúteis.
Quando derrotamos as variadas criaturas, recebemos moedas e cristais. As moedas servem para adquirir itens e melhorias, que só podem ser usados naquela run, já os cristais nos permitem conseguir vantagens permanentes, que vão estar conosco durante o jogo inteiro. O mundo onde o Ace foi preso se dispõe – além da rota tradicional – de vários níveis opcionais, que podem ser abertos por certas chaves. Essas fases bônus aumentam, ainda mais, o fator replay da produção.
Fecham-se as cortinas
Dandy Ace é colorido, possui uma ótima trilha sonora, é repleto de ação e apresenta mecânicas de combate que são incríveis, tanto pela gameplay quanto pela dublagem. O jogo brasileiro deve, sim, ser comparado a Hades (o melhor jogo de 2020 na minha opinião), e eu acho isso fantástico.
Espero que mais jogos do subgênero Roguelike sigam o caminho de Dandy Ace, e que o Brasil continue a produzir obras desse tipo e com essa maestria. Apesar de não ter inovações, o indie é uma pérola bem lapidada, ou melhor dizendo, um truque de mágica executado com talento e habilidade, que deve ser jogado por todos que gostam deste tipo de experiência.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong