Dodgeball Academia Capa

Review Dodgeball Academia (Switch) – O RPG de queimada que precisávamos

Vindo diretamente de terras brasileiras, Dodgeball Academia mistura uma jogabilidade do esporte Queimada e elementos de arcade, os quais me lembram bastante de títulos como Mario Sports Mix do Nintendo Wii, em certos momentos. Aqui, somos Otto, um garoto que ingressou recentemente na Dodgeball Academia e tem o desejo de ser o campeão do esporte.

Desenvolvimento: Pocket Trap
Distribuição: Humble Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: RPG, Ação, Aventura, Esporte, Multiplayer
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One, Switch, PC
Duração: 9.5 horas (campanha)/12 horas (100%)

Otto e sua equipe de desajustados

Equipe de Otto

O enredo inicia-se com Otto chegando à cerimônia de “liberação do potencial” dos estudantes. Com isso, alguns alunos são chamados para tocar na misteriosa bola que fora arremessada há muito tempo por uma figura famosa. Ao tocá-lo, os alunos conseguem ter a visão de seu verdadeiro potencial oculto no esporte, exceto um deles que aparentemente não possui qualquer talento. Com isso, Otto é chamado para também tocar no objeto, conseguindo assim ter seu potencial destravado. Então, chega a hora de testar as habilidades na primeira partida de dodgeball, em que aprendemos os tutoriais e, curiosamente, temos o melhor jogador da escola como nossa dupla.

Brigando pela posse

Logo após os eventos iniciais, Otto tem a tarefa de montar sua equipe até o final do dia para poder ingressar no torneio anual da academia. E não só isso, como também será necessário coletar todas as medalhas do campeonato, para enfim poder participar. Claro que a entrada não será fácil, e vários rivais e alunos aguardam para jogar dodgeball contra Otto e sua turma, inicialmente apenas composta por ele e Baloony, um “garoto” com cabeça de balão nada habilidoso.

A exploração é bem divertida e permite com que corramos por aí com Otto descobrindo itens dentro de baldes com tampas que exigem um arremesso de bolas para serem abertos, além de existirem NPCs por todos os cantos disponíveis para conversas. Alguns deles entregam missões secundárias para realizarmos em troca de itens e dinheiro, cuja moeda do jogo pode ser gasta na loja da academia.

No mais, alguns personagens podem simplesmente perceber Otto passando por eles e acabar nos desafiando para uma partida rápida de dodgeball, algo bastante similar a um certo RPG de Game Boy com um rato amarelo que você provavelmente já jogou. Há também um mapa no menu pressionando X, que mostra elementos como missões secundárias e primárias, porém, não ilustra certas coisas com legendas claras como o dormitório dos alunos, a enfermaria ou a cúpula da academia. Uma crítica que acho válida para que os desenvolvedores corrijam no futuro.

Queime seus inimigos com bolas e poderes

Poderes

A jogabilidade em partidas funciona de forma simples e bastante competente, permitindo arremessar a bola com o Y. Porém, alguns movimentos são desbloqueados apenas conforme o enredo evolui. Com o A agarramos a bola quando estamos na posição de defesa (sem nada em mãos) ou, dependendo do personagem, como no caso de Mina, esse comando serve para rebater o lançamento em direção ao adversário.

Fora batalhas que acontecem em eventos especiais, podemos simplesmente desafiar alunos com um símbolo de punho em cima de suas cabeças, o que inicia uma partida com um som que remete bastante às introduções de batalhas da franquia Pokémon. Essa inspiração é claramente percebida até mesmo na enfermaria e locais diversos em que recuperamos a vida de nossos integrantes da equipe, acompanhado de um som que lembra os Pokécenters dos jogos da Game Freak e Nintendo.

Carregue seu ki!

Além de movimentos comuns como agarrão de bolas e arremessos, existe uma barra rocha abaixo da barra de saúde chamada Focus. Uma vez preenchida – ou carregada segurando o botão X, tal qual acontece com o Ki em Dragon Ball -, podemos utilizar a habilidade especial de nosso integrante da equipe. Otto consegue soltar um grande jato de energia (ok, um Kame-hame-ha); Mina conjura um raio de bolas do céu; enquanto Baloony pode curar a equipe por alguns segundos ao criar uma poça no chão. Mina, aliás, possui uma habilidade única, que é a de rolar no chão para escapar dos ataques inimigos, enquanto os outros dois apenas pulam.

Adicionalmente, temos o arremesso poderoso, que acontece ao segurarmos Y por alguns segundos, criando uma versão mais forte do arremesso comum aliado a uma espécie de poder. Mina, por exemplo, utiliza um ataque com raios, enquanto Otto conjura um ataque de fogo que causa queimaduras nos adversários por alguns momentos. Porém, não existe um grande incentivo para fazer isso dessas versões mais fortes das jogadas, já que a quantidade de dano ao atingir o inimigo é sempre a mesma que a do arremesso comum – é mais por conta do efeito mesmo.

RPG, modo versus e arenas quase diferenciadas

Cada personagem possui uma forma de atacar e defender única

Todos os personagens aqui possuem níveis, e isso influencia em vários aspectos como quantidade de dano causada (força), pontos de dano recebido (defesa), velocidade de movimentação em campo e afins. Esses valores podem ser elevados simplesmente subindo o personagem de nível ao adquirir experiência através de batalhas ganhas, como também podemos utilizar itens consumíveis que elevam permanentemente atributos da equipe.

Cada integrante possui um tipo de consumível preferido, como doces, frutas e afins, e isso é ilustrado no menu de itens com uma faixa ao lado do avatar ao tentar utilizar o item, o que resulta em efeitos maiores ou inferiores de acordo com o gosto de cada um. A versão em português tem itens bem representativos do Brasil, como pão de queijo e suco de acerola. Em termos de ataque e defesa, cada personagem possui uma forma de bloqueio e ataque própria. Existem bloqueios com chutes, agarrões, tacos de baseball, ctc.

Existe uma modificação nas arenas que acontece através de um matagal alto, que tem a intenção de atrapalhar a visibilidade dos jogadores. Porém, a experiência é bastante afetada e tornando as coisas bem menos divertidas, já que a única forma de enxergar a bola chegando é através das folhas se mexendo com o atrito. A boa notícia é que essa jogabilidade não é usada constantemente no modo História. Mesmo assim, senti falta de mais modificações no campo – um bom exemplo é a arena de gelo que faz todos escorregarem -, e esse fator podia ter sido bem melhor aplicado, com obstáculos e uma forma de zerar a vida dos adversários em arenas com água – empurrando eles com o arremesso -, por exemplo, e coisas do gênero. Um extra são arenas em que temos carros passando e que podem atingir os personagens em campo, os derrubando por alguns segundos.

Matagal

No menu principal, temos também o modo Versus para jogar em até duas pessoas. Aqui, podemos formar time em no máximo 3 membros, mas infelizmente tendo que desbloquear todos eles no modo história em vez de tê-los todos liberados desde o início. No Versus, também, é possível configurar o cenário, colocar gramado alto ou carros. Apesar de divertido, não existe uma forma de jogar online ou com mais pessoas no mesmo console.

No âmbito de acessibilidade, há uma opção chamada modo Learner, que permite ver a tradução simultânea de menus e diálogos em tempo real, algo extremamente bem-vindo e muito bem bolado – sem intenção de fazer um trocadilho -, o que me permitiu ver até mesmo que algumas piadas e referências não funcionam em português. Além disso, podemos alterar a dificuldade mexendo nos valores existentes na opção respectiva, mudando a quantidade de danos recebidos e causados.

RPG com várias ideias e inspirações bacanas

Dodgeball Academia é um jogo divertidíssimo, e não só por causa de sua jogabilidade, mas também por conta de sua história interessante e diálogos engraçados e muito bem escritos. A cultura brasileira, memes e piadinhas são bem representadas, já que os desenvolvedores são de nossas terras. Porém, a versão em inglês deixa a desejar um pouco nesse quesito, já que muitas coisas não serão identificadas por quem mora fora ou não conhece nada do país.

Na questão de jogabilidade, o dodgeball é um esporte que não apresenta tanta variação assim, por isso, é inevitável a sensação de repetição após várias horas de jogo. A história consegue segurar o ritmo e mitigar esse sentimento em grande escala, mas em alguns momentos fiquei saturado de ter que iniciar alguma batalha. Os personagens desbloqueáveis são um ponto extra muito bacana, porém, não haver todos disponíveis no modo Versus desde o começo é uma pena. Porém, entendo a necessidade de existir uma sensação de esforço e recompensa, além de evitar spoilers no próprio enredo através dessa decisão. Aliás, ficou faltando também um co-op e um online.

Por fim, senti falta de mais modificações nas arenas, mais obstáculos e coisas que pudessem influenciar na gameplay, como costumo ver em títulos de esporte de Mario e companhia. No geral, Dodgeball Academia irá te divertir por boas e longas horas, porém, é o tipo de jogo que precisa ser experienciado de forma alternada com outro, por causa de sua pequena variação.

Cópia de Switch cedida pelos produtores