Ser uma empresa independente não é desculpa para produzir e lançar seus jogos em um estado de desenvolvimento precário, repletos de bugs e mecânicas inacabadas. Infelizmente, essa é a categoria em que Dreadout 2 se encaixa: os games independentes mal polidos. Tendo jogado o primeiro há anos no Steam, fiquei realmente empolgado quando soube que uma sequência do primeiro título indonésio estava em produção. No entanto, a espera definitivamente não valeu a pena.
Desenvolvimento: Cradle Games
Distribuição: Soft Source
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Terror
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5
Duração: 8 horas (campanha)
Assombrada pela culpa
Nesta sequência, interpretamos Linda, a mesma protagonista do primeiro Dreadout. Após os eventos do primeiro jogo da franquia, Linda é assombrada pela morte de seus amigos, sentindo-se culpada pelo que aconteceu anos atrás.
Desta vez, nossa garota vive em um prédio de apartamentos comunitários, compartilhado com várias mulheres diferentes e a própria dona do local que aluga pra todas. No entanto, coisas sobrenaturais continuam acontecendo em sua escola e, agora, em sua vida pessoal também. Em seu prédio, também vive o espírito de uma mulher, que aparentemente não é hostil e apenas passeia pelos cômodos para relaxar.
Em termos de mecânica de jogabilidade, Dreadout 2 segue a jogabilidade do anterior até certo ponto. Novamente, usamos nosso smartphone, que também possui poderes contra entidades sobrenaturais, e devemos capturar fotos de fantasmas para causar danos a eles nos momentos de combate. No entanto, essa mecânica central de jogabilidade é totalmente falha e imprecisa, levando-nos a levar danos constantemente, o que me fez até pensar que era minha culpa estar morrendo de formas ridículas.
As partes não tão boas e as boas
O fator de novidade é a jogabilidade de combate em curta distância, que permite matar inimigos usando armas brancas como facas e machados. Embora possa parecer muito interessante, já que lembra jogos como Silent Hill e Resident Evil, esses momentos também são assombrados por execução falha, já que a jogabilidade torna Linda extremamente vulnerável e os ataques são ultra lentos – sem mencionar o movimento de finalização que demora muito e acontece sempre que você mata um inimigo de vez.
Além disso, tudo o que resta em termos de qualidade é a história, que é decente e me deixou super curioso a ponto de passar por todas as dores de cabeça de jogar esse jogo apenas para descobrir os desdobrar dos eventos de Linda. Por fim, há o ambiente do jogo, que é muito bem feito e executado, lembrando o Otherworld sombrio e enferrujado da franquia Silent Hill – embora não faça jus a ele.
No entanto, eu teria diminuído a intensidade de uso ou até mesmo freado o utilização excessiva de sustos repentinos (jumpscares), que estão espalhados por todo o jogo e definitivamente destroem a proposta de um produto de terror, transformando-o em uma experiência baseada em sustos bobos e estridentes.
Um potencial mal utilizado
Com poucos momentos de glória, Dreadout 2 é desanimador devido à sua mecânica cerne de jogabilidade falha, ao combate em curta distância mal executado, à exploração monótona e aos sustos que são tidos pra todo lado na tentativa de manter o ritmo lá em cima – erroneamente. No entanto, o resultado do produto como um todo é algo que surpreende de forma negativa por conta da mecânica de captura de câmera imprecisa e dos sustos que são abusados em vez de criar um bom game de terror baseado em momentos de horror psicológico e elementos de sobrevivência bem-feitos. Posso ver a boa intenção por trás da franquia de maneira geral, mas isso não é desculpa para lançar uma sequência com qualidade tão ruim.
Cópia de Switch cedida pelos produtores