Depois de sair para computador, Xbox One e PlayStation 4, no último inverno, o RPG de ação Hellpoint chega ao Nintendo Switch. O game é um Souls-like no sentido mais puro da palavra. Ele possui uma atmosfera soturna, uma dificuldade elevada e um sistema de combate extremamente semelhante ao conceituado Dark Souls. Será que as semelhanças param por aí? É o que tentamos desvendar nesta análise.
Desenvolvimento: Cradle Games
Distribuição:TinyBuild
Jogadores: 1 (local) 1-2 (online)
Gênero: RPG, Ação, Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e Interface
Plataforma: PC, Xbox One, PS4, Switch.
Duração: 15 horas (campanha)/28 horas (100%)
Acordando em um pesadelo

Em Hellpoint, tomamos o controle de um personagem que parece ter saído do filme cult Hellraiser. Esse ser é chamado de Spawn, e é com ele que somos enviados a este mundo, sem cerimônia alguma, num universo sombrio de ficção científica mesclado com fantasia.
Aqui, não sabemos onde estamos, o que realmente somos e nem quem é nosso criador. Não conhecemos nada sobre a história de Hellpoint, que, aparentemente, assim como em Dark Souls, é contada pelos itens e coisinhas que achamos durante a jornada e não por cutscenes, narrações ou linhas de texto.
O que podemos dizer, sem muito procurar, é que, após um apogeu, a humanidade foi lançada ao espaço e nesta odisséia terrestre deve ter ocorrido um cataclisma que deixou as coisas no estado em que o jogo tem início. Nos encontramos em uma estação espacial chamada Irid Novo, um lugar que, aparentemente, sofre de invasões de seres infernais e é comandada por entidades cósmicas extremamente poderosas.
Irid Nova e seus mecanismos

O começo é talvez a pior parte. Não por sua já esperada dificuldade elevada, mas sim por escolhas de level design muito questionáveis que podem chatear certos jogadores. Junte: pontos de checagem que estão muito longe um dos outros, mais um loading, que chega a demorar quase um minuto, e voilá, temos um combo perfeito para desencorajar muitas pessoas logo de cara. Tirando esses problemas, que realmente são pedras no sapato, o início do game conta com níveis intuitivos e introduz à batalha de uma maneira muito boa, que serve como um ótimo tutorial para aqueles que querem se perseverar desbravar aquela parte morta e insalubre do espaço.
Quando aprendemos como carregar bem nossas energias vitais e que devemos ser o mais prudentes possível nos combates, tudo, de certa forma, consegue fluir. Apesar de várias similaridades, Hellpoint apresenta algumas diferenças interessantes se compararmos com outros games da sua estirpe. Ao morrermos, por exemplo, voltamos ao nosso último checkpoint e, para conseguirmos nossa experiência de volta, precisamos derrotar um fantasma de nós mesmos – mas nem sempre.
Este RPG de ação, assim como as obras em que ele se inspirou, possui mapas repletos de segredos escondidos e salas secretas com coisas que nos podem ser úteis. Também é notável que ele dispõe de vários itens e armas diferentes, algo que às vezes não acontece em outros Souls-like, e que, pessoalmente, eu acho necessário para jogos do gênero.
Problemas nas trevas

Se as coisas não funcionam tão bem, não adianta Hellpoint nos oferecer influências de filmes, jogos e até mesmo de algo “lovecraftiano”, não é mesmo? Infelizmente, o port para o Nintendo Switch de Hellpoint sofre demais com problemas técnicos. Aparentemente, a versão do híbrido é afligida pela falta de otimização que vem, talvez, da falta de verba ou preguiça por parte dos desenvolvedores. Existem loadings longos – o que importa muito num jogo em que morremos toda hora – que podem ser verdadeiramente aborrecedores, e os gráficos foram obviamente sacrificados para que o título rodasse no Switch. Além disso, as quedas de frames acontecem com frequência, dando a impressão de que os controles não são responsivos em certos momentos.
Outro problema que podemos notar é o multiplayer penoso. O multijogador local não existe nesta versão, enquanto que omodo online simplesmente não funciona – mesmo com todas as portas do roteador liberadas, de acordo com um manual oficial criado pelos devs.

Muitos podem se lembrar de como é legal andar pelo mundo de Dark Souls com os amigos, vencer os desafios gigantes do game ou até mesmo estraçalhar aquele invasor de mundos, que se meteu na sua jogatina quando você estava numa tarefa importante. Podemos dizer que isso era bem satisfatório, correto? O online da série Souls, Bloodborne e até mesmo de Nioh 2 são ótimas adições nestas obras, mas em Hellpoint as experiências dependentes de internet no Nintendo Switch tendem a falhar.
Pessoalmente, passei dezenas de minutos tentando me conectar com um amigo para começar a jogatina e isso não aconteceu. Ele tentou fazer o mesmo com outras pessoas, e os resultados foram iguais. Após alguns minutos de tentativas e pesquisas, percebi que o multiplayer online não trabalhava como o esperado e foi mais um ponto negativo que fui obrigado a registrar.
Não é o bastante
Repleto de referências e influências, Hellpoint dispõe de coisas boas, como a já citada variedade de armaduras e armas, zonas divertidas de explorar, um combate bem feito e, apesar dos pesares, preciso. Porém, o port para o Nintendo Switch nos impede de degustar o jogo como deveria ser.
Com gráficos penosos, quedas corriqueiras de fps, travamentos e um tempo de loading de cair o queixo, Hellpoint fica quase intragável no console da Nintendo. Aparentemente jogável em outras plataformas e nos computadores, aqui praticamente não é, principalmente quando experienciamos no modo portátil. O game tinha tudo para ser um RPG de ação agradável, mas, com tantos problemas, tentar se aventurar nele no Nintendo Switch é uma sopa mal cozida e cheia de ossos pontudos: pode alimentar, mas não vai ser agradável.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong