A pequena Rose está muito triste. Seus pais, Cody e May, acabaram de anunciar que estão se divorciando e seu dia não poderia piorar mais do que isso. Ao chorar sobre bonecos que ela mesma fez para representá-los, mal sabia que estaria os jogando em uma aventura épica, em que irão relembrar o quão importantes são um para o outro e para sua adorável filha. Embarque numa jornada de reconexão e empatia.
Desenvolvimento: Hazelight
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 2 (local e online)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma, Multiplayer
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5
Duração: 11 horas (campanha)/14.5 horas (100%)
Cooperação levada a outro patamar

Por mais estranho que seja falar dessa forma, a jogabilidade de It Takes Two não possui nada de novo. Isso é o resultado de algo iniciado pela Hazelight em Brothers: A Tale of Two Suns, em que o jogador controlava dois personagens ao mesmo tempo com cada uma das alavancas do joystick. Essa jogabilidade foi modificada em A Way Out, da mesma empresa, e cada pessoa controlava um personagem e, mesmo no cooperativo online, ambos enxergavam o que o outro fazia. Aqui, a aventura de Cody e May para salvarem sua relação nada mais é que o refinamento absoluto dessa fórmula diferenciada criada pelo estúdio.
Diferente da maioria dos jogos de cooperação em que mais inimigos na tela são adicionados para justificar o auxílio de amigos, em It Takes Two ambos os jogadores realizam feitos que não poderiam ser alcançados pelos mesmos de forma individual. Cada personagem possui habilidades específicas que combinam com sua personalidade e físico, tornando tudo mais crível, apesar do tom de fábula da aventura. E não pense que você terá tempo de masterizá-las, pois, a cada novo segmento, nossos heróis são forçados a enfrentar desafios diferentes com habilidades completamente novas: monotonia é o que não existe para esse casal.

É incrível como desfrutar de um jogo baseado somente no cooperativo muda sua perspectiva em relação a outros projetos, cuja funcionalidade é adicionada apenas para “encher linguiça”. A Hazelight levou as mecânicas de cooperação a outro patamar e, ao menos até o momento, não existe ameaça alguma no retrovisor a essa hegemonia.
Em termos de jogabilidade, basicamente existem duas variações: uma mais voltada para a ação e outra mais para resolução de puzzles. Lá para o meio do enredo temos como objetivo derrotar um ninho de vespas e, enquanto Cody dispara uma especie de cera, May o ajuda disparando fósforos, fazendo com que seja possível gerar explosões. Já em outro momento, Cody ganha o poder de retrocedor no tempo certos objetos, enquanto May consegue criar clones – no melhor estilo Naruto -, dando, ao jogador, a tarefa de resolver pequenos quebra-cabeças.
Um almanaque dos videogames

Lembram aí em cima quando comentei sobre novas habilidades? Imaginem que conseguiram colocar vários jogos dentro de um único pacote. Eu sei o que você deve estar pensando: “ficou uma salada de frutas sem sal”. Meu amigo e minha amiga, você não poderia estar mais errado. Quer visão Top Down? Tem! Quer plataforma 2D? Tem! Ah, duvido ter aquele Dungeon Crawler “delícia” como Diablo.. tem! Hack n’ Slash? Tem! Puzzles? Tem também! Se eu continuasse enumerando toda variação de jogabilidade contida por aqui, acho que essa review seria basicamente uma lista.
Todos esses estilos gêneros citados acima são homenageados durante a campanha, mas, claro, não espere a mesma profundidade de títulos feitos somente destes gêneros . De qualquer forma, você pode aguardar algo refinado a ponto de tirar um sorriso do seu rosto com a felicidade de ver um produto tão bem amalgamado. Há um ou outro easter egg fazendo referências a grandes jogos de plataforma, que é o gênero principal de nossa aventura, mas acho melhor parar por aqui e não estragar a surpresa de ninguém!
Nunca desista de quem ama

O refinamento de jogabilidade e mecânicas não é a única coisa bacana em It Takes Two. Apesar de um livro mágico muito chato ser o seu guia, por trás de toda comédia existem lições importantes que todos nós esquecemos. O amor não é como um comercial de margarina, ou que acaba no “e foram felizes para sempre”. Ele é um laço que, se não for bem cuidado, parte de tão apodrecido que ficou e isso muitas vezes não traz surpresa alguma, pois simplesmente nenhum dos envolvidos se preocupa mais com isso.
Conviver com outra pessoa nunca é fácil, exercitamos nossa empatia ao mesmo tempo que também temos expectativas esperando serem cumpridas, e isso não se aplica só ao relacionamento amor, como o de Cody e May, mas a qualquer relação humana. Caso você deseje que uma pessoa não saia da sua vida, cuide dela, faça se sentir importante e parte da sua vida, crie memórias importantes que funcionem como aquele pequeno farol que norteia o caminho que realmente devemos seguir. Se vale a pena jogar It Takes Two? Bem, acho que minhas palavras falam por mim, não é mesmo? Boa jornada a todos.
Cópia de Xbox One cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong