E chegamos finalmente à edição 2021 de Just Dance, o jogo de dança e festa da Ubisoft, que, pela primeira vez, não foi lançado para Nintendo Wii. Minha relação com a série Just Dance aconteceu através de minha esposa, já que foi ela quem me convenceu a jogar pela primeira vez em meados de 2016. Comecei minha jornada como “dançarino” graças ao finado Dance Central, do Kinect, no ano de 2010, e achei simplesmente incrível um sensor de movimento reconhecer todo o meu corpo e apresentar uma pontuação bastante fiel à qualidade dos passos que eu estava reproduzindo. Confesso que sempre tive um preconceito com a série da Ubisoft, mas garanto que meus motivos podem ser suficientes para convencer você do mesmo pensamento que tenho.
Desenvolvimento: Ubisoft Paris
Distribuição: Ubisoft
Jogadores: 1-6 (local)
Gênero: Multiplayer, Música
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Xbox One, PC e Switch
Duração: Sem registro
Mais um ano, mais músicas
Se você não sabe o que é Just Dance, é fácil de explicar. Trata-se da maior franquia de jogos de dança da Ubisoft, porém, a chamo de “dança e festa” porque a proposta nunca foi ser algo que reconheça de forma precisa os passos de quem está na frente da TV dançando. Tanto que digo por experiência própria que é possível dançar sentado ou deitado na cama, coisa que já fiz apenas por motivos de teste.
Isso acontece porque Just Dance reconhece os passos de dança não considerando o corpo todo, mas sim apenas uma das mãos do jogador. Isso é bom e ao mesmo tempo ruim, já que positivamente Just Dance consegue atrair uma legião de fãs que só querem se divertir e dançar junto com amigos em um momento descontraído. Por outro lado, claramente o jogo afasta pessoas mais competitivas, que realmente querem uma experiência que as desafie e reconheça seus movimentos de maneira precisa e exigente, para depois ter o cálculo da pontuação e o sentimento de esforço e recompensa.
Just Dance 2021 chegou seguindo o mesmo escopo de seus jogos anteriores: uma lista fechada de música, com a opção de assinar o Just Dance Unlimited – 30 dias grátis para quem adquirir esta edição -, que surgiu primeiramente no Just Dance 2017. O serviço Unlimited nada mais é do que uma espécie de Netflix de Just Dance, uma forma de trazer todas as coreografias da série lançadas até hoje através do streaming diretamente para o console da pessoa. E isso é bastante curioso – eu não conhecia essa nova estratégia -, porque acaba transformando a franquia em uma espécie de jogo por serviço, assim evitando a necessidade de ter que comprar todos os Just Dance anteriores para ter experiências passadas.
O preço também não é absurdo, e diria que cabe perfeitamente no bolso da maioria das pessoas que são fãs da série. O passe de um mês custa R$ 13,95, o de 3 meses fica em R$ 35,95, enquanto que o de 12 meses é o de maior custo-benefício e sai por R$ 89,95. Também é oferecido a opção do passe de 24 horas, mas claramente sem a intenção de ser vendido por causa de sua proximidade ridícula do valor mensal.
É um plano interessante esse da Ubisoft, de dar acesso à todas as músicas do catálogo imenso de Just Dance – mais de 600 músicas, de acordo com o site oficial – por uma bagatela de 90 reais anuais. Se parar pra pensar, é até mesmo menor do que o valor pago na maioria dos serviços de streaming, e provavelmente vale bastante a pena para quem gosta de verdade de mexer o corpo enquanto ouve música. Além disso, algo que admiro muito em Just Dance é sua acessibilidade, porque não é exigido nenhum tipo de periférico específico para ter a experiência em até 4 pessoas, pois o jogo faz uso de um dispositivo que está muito presente na mão da maioria das pessoas: o celular.
No Switch, Just Dance tem a vantagem de poder usar os Joy-con para reconhecer os movimentos da mão do jogador, coisa que no Xbox One, por exemplo, não existe, já que é necessário o Kinect para substituir o controle principal. Mesmo assim, tornar fácil o acesso a qualquer um que queira simplesmente chegar e jogar é uma sacada bastante admirável da Ubisoft, já que basta a simples instalação do app Just Dance em seu smartphone para começar a dançar. Porém, fica o aviso: não é possível usar Joy-con e smartphones ao mesmo tempo, mas apenas um dos tipos de controles para todos os jogadores.
Novidades já vistas
Apesar de tantos elogios por parte da inclusão praticada por Just Dance, não é muito empolgante ver que a franquia não tem mais para onde inovar. Por isso, é de se esperar que a única novidade entre uma edição e outra de Just Dance seja apenas a lista atualizada de músicas, além de uma contagem de perda de calorias de forma opcional, playlists personalizadas e um co-op para alcançar pontuações em conjunto. E é exatamente isso que a gente consegue ver em mais um ano.
No meio das 53 músicas que acompanham a versão 2021, existem grandes nomes da música pop atual como Billie Eilish, Lady Gaga, Ariana Grande, Harry Styles, Tones And I, Shawn Mendes, Selena Gomez, Dua Lipa, The Weeknd e até mesmo Eminem, que “puxa” um pouco mais pro rap, e grupos sul-coreanos. Fora isso, há opções para um público mais infantil-juvenil, como a música You’ve Got a Friend in Me do aclamado Toy Story em que uma pessoa vestida de Woody faz a coreografia.
Mesmo com mais de 50 músicas, a experiência é bastante similar à que tivemos ano passado e em épocas anteriores. Possivelmente o maior chamariz possa ser o modo extremo com coreografias hardcore que algumas músicas oferecem quando a dificuldade padrão é finalizada, mas nada que seja completamente fora da caixa ou um modo totalmente único pensado para proporcionar algo diferenciado.
Já se tratando de desbloqueáveis, o que compõe esses itens são coisas para serem usadas no perfil do jogador, como títulos personalizados para ser mostrado em público e novas figurinhas para o avatar. No mais, no início só existem algumas faixas disponíveis, e o restante deve ser desbloqueado jogando de fato. Não há um modo online, muito menos com disputas em tempo real, cujo recurso traria um senso de desafio maior para os jogadores menos casuais em busca de competitividade.
O futuro de Just Dance é incerto
Just Dance dá sinais há algum tempo de cansaço. A franquia não sabe mais em onde apostar, e continua a “jogar no seguro” lançando ano após ano algumas listas de músicas novas para a respectiva edição. Por sorte, o serviço Just Dance Unlimited consegue dar uma longevidade maior ao game, e novas músicas continuam entrando no catálogo.
Não sei se veremos tantas novidades daqui para frente, mas quem sabe a Ubisoft consiga reinventar os próximos jogos adicionando modos novos ou até mesmo um fator online que torne Just Dance algo similar aos concorrentes que apresentam mecânicas mais complexas e reconhecimento dos passos de forma mais precisa. Isso certamente sacrificaria o elemento “festa” que a série sempre teve em seu cerne – exceto se opções forem dadas -, mas também poderia atrair novos jogadores que não querem simplesmente dançar descompromissadamente em até 6 pessoas e saber que somente a mão é o que dita o reconhecimento dos passos. E isso fica claro uma vez que, jogando sozinho, Just Dance não possui tanto apelo assim e perde totalmente a graça.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami
Just Dance 2021
Prós
- Serviço tem valor acessível
- Grande lista de músicas
- Suporta até 6 pessoas
- Usar o smartphone de controle
Contras
- Mais do mesmo
- Sem modo online
- Sem desbloqueáveis relevantes
- Sem controles mistos
