Kamiwaza

Review Kamiwaza: Way Of The Thief (Switch) – Deve passar despercebido

A desenvolvedora Acquire tem algumas pérolas que chegaram aqui no ocidente. Muita gente com certeza se lembra dos dois primeiros jogos da série Tenchu, de Shinobido – seu sucessor espiritual muito subestimado – e também alguns devem conhecer Way of the Samurai que, apesar de nunca estar nos holofotes, tem sua base de jogadores. A desenvolvedora está sempre enaltecendo e usando a história do seu país, o Japão, como plano de fundo pros seus jogos. 

Em Kamiwaza: Way of The Thief não é diferente. No jogo que demorou mais de quinze anos para chegar nas terras do ocidente, temos mais uma história que é situada no passado da terra do Sol nascente, em um jogo de pura furtividade, com um charme questionável e uma jogabilidade confusa e estranha.

Desenvolvimento: Acquire
Distribuição: NIS of America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: ação, aventura
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Switch, PS4 
Duração: Sem registros 

Robin Hood à japonesa 

Ebizo, nosso ladrãozinho

O jogo que deu visibilidade à Acquire se chamava Tenchu, que a gente pode traduzir como “Justiça Celestial”. Já Shinobido era literalmente caminho do shinobi. E Kamiwaza por sua vez significa Trabalho dos Deuses, e a premissa do jogo é de fato um trabalho que pode ser considerado por muitos, um tanto santo: roubar dos ricos e dar aos pobres da maneira mais stealth possível e às vezes lutar para sair de situações terríveis. 

No ocidente, o jogo chama-se Kamiwaza: Way of the Thief e é uma versão remasterizada de uma obra com mais de quinze anos de idade, lançada somente no Japão, que chegou recentemente para o console da Nintendo. Seu protagonista é Ebizo, um ex-ladrão que agora tenta viver uma vida de forma honrada, mas acaba voltando para a vida de roubos, só que dessa vez se voltando para os mais desfavorecidos. 

É preciso alternar as missões e gerenciar os mantimentos

Nas missões individuais descobrimos mais sobre seu passado e sobre o enredo da obra. Já nas secundárias, ajudamos o protagonista a ganhar reputação entre os habitantes da vila onde ele mora. Nessas missões precisamos roubar não só dinheiro mas também provisões, pois nosso personagem principal precisa cuidar de uma garota doente chamada Suzuna e, se não gerenciarmos as missões de forma certa, podemos nos deparar com uma falha total. 

Calango agachado, gatinho escondido 

Se esconda em qualquer buraco possível

A palavra que move o jogo é furtividade. Kamiwaza é todo sobre se agachar em pequenos muretas, se esgueirar por paredes e se esconder atrás de pilares. Tudo isso para evitar que os guardas dos grandes senhores feudais nos vejam, mas caso isso aconteça, Ebizo tem seus métodos de despistar os seus perseguidores. Ele pode usar habilidades que fazem os inimigos não o virem. Esta é sem dúvida a manobra que mais usamos com o protagonista, que, com o tempo de jogo, vai desbloqueando cada vez mais recursos para facilitar sua vida de roubos. É bom ter em mente que algumas dessas habilidades são necessárias para batermos certos níveis, então é sempre bom ir comprando tais aptidões com pontos de habilidade que ganhamos durante as missões, e não com a moeda do game. 

No jogo não temos nenhum sistema de batalha de fato, mas podemos arremessar nossa bolsa de ladrão nos inimigos, chutar eles, e esbofetear de uma maneira tosca. Não é como Shinobido ou Tenchu que nos presenteavam com aqueles furtivos golpes incríveis. A inteligência artificial dos NPCs é bastante estranha, e eles, às vezes, conseguem nos ver através das paredes. Não é possível matar inimigos em Kamiwaza, o que se encaixa bem na premissa do título, mas a falta de uns bons nocautes nos guardas deixa o jogo muito repetitivo e ainda mais sem graça. Em alguns momentos só parecemos controlar um boneco desengonçado que vive dando piruetas super toscas por todo lado com objetivo de fugir de guardas

Podemos perambular por Edo, atual Tóquio.

Também temos a possibilidade de visitar uma versão de Edo – atual Tóquio – que é uma cidade viva e bem ambientada, mas não tem muita coisa lá para se fazer. É bom sempre estar disfarçado e vender os itens sempre que possível para não chamar atenção na cidade. 

O roubo não compensa 

Mesmo se passando numa época que eu adoro e num ambiente muito legal, Kamiwaza é terrível. Algumas pessoas podem aproveitar ele, é óbvio. Porém como jogo ele é enfadonho, envelheceu mal, e traz tanta emoção quanto um tutorial de crochê no Youtube, apesar de ter uma história super razoável, isso não salva o game de ser uma das piores experiências que eu já tive no mundo dos videogames. 

Por fim, para não falar que não falei de flores, a performance do jogo no Switch é ótima – não podia ser diferente com um game de 15 anos também, né? -, e com certeza alguém nesse mundão de Deus ficou muito feliz ao jogar essa bomba. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Kamiwaza: Way Of The Thief

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Roda bem no console

Contras

  • Estética feia
  • Envelheceu mal
  • Gameplay confusa
  • Muito repetitivo
  • IA muito mal feita