Lost Records: Bloom & Rage Tape 1 é o primeiro capítulo do novo jogo narrativo da Don’t Nod e conta a história de quatro amigas que vivem em uma pequena cidade em 1995. Elas se reencontram 28 anos depois por um motivo misterioso e para reviver memórias marcantes. A obra traz novidades na fórmula do estúdio, conhecido por Life is Strange.
Desenvolvimento: DON’T NOD
Distribuição: DON’T NOD
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 14 anos (linguagem imprópria, violência, drogas ilícitas)
Português: Legendas e Interface
Plataforma: Xbox Series X|S, PS5, PC
Duração: 7 horas (campanha)/10 horas (100%)
Take um… Ação!

Somos colocados na pele de Swann, uma garota de 16 anos em 1995, nerd e apaixonada por gravar vídeos caseiros com sua câmera. Nos primeiros momentos da narrativa, vemos Swann conhecer três meninas com idades parecidas, com quem ela tem uma conexão instantânea. Durante o verão daquele ano, muitas aventuras acontecem.
A trilha sonora foi uma das coisas que me atraiu inicialmente no trailer. As referências de dream pop usadas durante o jogo são ótimas para criar o clima de mistério e amizade. O clima musical também se torna muito importante na história, já que um dos pontos centrais gira em torno da banda punk formada por Nora e Autumn.
Diferentes perspectivas

A forma como a história é apresentada nos leva a um bar nos dias atuais, em primeira pessoa. Nunca vemos o rosto da protagonista, o que aumenta a imersão e cria um clima de mistério: por que não vemos o rosto dela no presente? Nas memórias revividas pelo quarteto, a gameplay é em terceira pessoa, com foco em exploração do cenário e interação com os personagens.
Aqui, temos uma diferença interessante: como a protagonista sempre carrega uma câmera de vídeo, podemos gravar pequenos vídeos de qualquer coisa em vista. Esses vídeos funcionam como colecionáveis. Um dos desafios, por exemplo, é filmar 15 pássaros diferentes ao longo da narrativa.

As filmagens são automaticamente montadas com uma narração única, permitindo uma leve edição, como trocar a sequência de clipes ou selecionar cortes específicos. Essa mecânica traz um senso de pertencimento à história, indo além de simplesmente tirar fotos, como em outros jogos.
Pense rápido, decida com cuidado
Outra mudança interessante é como as opções de diálogo são apresentadas. Todas têm um tempo limitado para resposta, e, se você não escolher nada, o diálogo continua sem a intervenção da protagonista. Isso elimina aquelas pausas estranhas em que os personagens ficam esperando sua resposta. Além disso, algumas opções extras de diálogo aparecem conforme a conversa progride, exigindo que o jogador preste atenção nas cenas. Todas essas adições tornam as conversas mais realistas, especialmente com a possibilidade de interromper as falas ao responder no meio delas.

A escrita do jogo é muito boa. As personagens principais começam como estereótipos, mas se desenvolvem à medida que seus relacionamentos com elas se aprofundam. Por causa desse foco no desenvolvimento, os personagens secundários acabam ficando pouco explorados, mas, como o foco está no quarteto, isso não se torna um problema tão grande.
No momento da escrita desta análise, apenas o primeiro episódio está disponível – o jogo está planejado em dois capítulos, com o segundo previsto para abril de 2025. Este primeiro episódio funciona como uma grande introdução ao arco narrativo principal e cumpre bem esse papel, embora tudo dependa de como os pontos levantados serão resolvidos no capítulo final.
Decisões e conclusões

Outro ponto importante em jogos narrativos é a sensação de que as escolhas do jogador impactam a história. Lost Records não me passou a impressão de que a narrativa poderia ter um rumo muito diferente com base nas minhas decisões – algo confirmado após conversar com outras pessoas que também jogaram.
Isso pode ser explicado pela estrutura episódica, já que o primeiro capítulo precisa chegar a um ponto específico para preparar o próximo. De qualquer forma, isso pode ser um pouco decepcionante para quem espera um impacto maior das escolhas. O único fator de rejogabilidade acaba sendo a coleta de todos os colecionáveis, o que pode não agradar a todos.
Fim do ato um
Lost Records: Bloom & Rage demonstra a evolução do estúdio no gênero e o potencial ainda inexplorado nesse tipo de jogo. As adições de gameplay e o polimento do roteiro, apesar da linearidade, me deixam ansioso pelo próximo episódio. Espero que a Don’t Nod consiga aprimorar ainda mais essa fórmula e entregar uma conclusão à altura do primeiro episódio.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro