Lost Words: Beyond the Page

Review Lost Words: Beyond the Page (Switch) – Quando a narrativa exagerada atrapalha

A história de Lost Words: Beyond The Page foi bolada por Rhianna Pratchett, escritora e jornalista de origem inglesa que já trabalhou em games como Heavenly Sword, Overlord, Mirror’s Edge, Tomb Raider e Rise of the Tomb Raider.

Navegando entre páginas de pura fantasia da imaginação de uma garotinha, aqui controlamos uma protagonista de nome personalizável – eu escolhi Georgia -, cujo sonho maior é ser escritora. Ela, seguindo o conselho de sua própria avó, que diz “escritores, simplesmente, escrevem”, a pequena aventureira cheia de ideias toma coragem e embarca em sua própria aventura recheada de letras flutuantes e elementos vindos diretamente de livros de literatura infanto-juvenil.

Desenvolvimento: Sketchbook Games
Distribuição: Modus Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Plataforma, Ação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 4.5 horas (campanha)

A protagonista sem nome e sua história

Foco na história

Lost Words: Beyond the Page conta a história de uma garota que acabou de ser nomeada como a nova guardiã dos vagalumes pela anterior: sua própria avó, transformada em uma personagem de idade avançada dentro de seu mundo fantasioso. Frequentemente a protagonista vai fazendo ligações com tudo aquilo que acontece em sua estória com eventos do mundo real, como em um momento em que o vilarejo sofre uma destruição através da invasão de um dragão e a fonte de toda a energia desaparece por completo, fazendo com que os habitantes do local perdessem suas forças vitais, incluindo a guardiã original, simbolizando o adoecimento de sua avó na realidade.

A jogabilidade me lembra um pouco games mais passivos e focados em interação constante com o cenário, como Inside e Little Nightmares. Mesmo assim, Lost Words: Beyond the Page aposta em uma narrativa mais intensa, com uma quantidade bem menor de desafios ou de qualquer ação, eu diria, real do jogador com o cenário. Além disso, foi inserido um elemento normalmente visto em jogos de Point ‘N’ Click, em que utilizamos um cursor para selecionar objetos e arrastá-los para o local desejado para fazer surtir algum efeito.

Logo no início, a protagonista recebe um livro que pode guardar palavras mágicas usadas para auxiliá-la em sua jornada. São palavras estas que simbolizam ações, como Extinguish, para apagar/extinguir fogos; Repair, para consertar elementos destruídos no cenário; Rise, recebido no comecinho do jogo com a função de levitar coisas; ou Hope, para criar luz em torno da personagem. Todos esses “feitiços” são executados com o abrir do livro e seleção de qualquer um deles, depois arrastando a magia desejada para interagir com o ambiente.

Desafio baixo

A nova guardiã dos vagalumes

Os momentos de puzzle são demasiadamente fáceis e em apenas poucos segundos já é possível resolvê-los. O mesmo serve para os raros “desafios” de plataforma que bastam um pulo para serem vencidos. Às vezes a personagem precisa abaixar para passar por lugares mais apertados e baixos, porém, não espere nada espetacular. Isso mostra apenas o quanto o game se preocupa em contar a história, enquanto esquece bastante de focar na jogabilidade.

Porém, a maior quebra de ritmo de Lost Words como um todo tem nome: a narrativa. Em diversos momentos, a protagonista começa a contar mais sobre os ocorridos do mundo real, tudo isso se passando em um formato de conversa com seu próprio diário. O problema é que esses trechos da jogabilidade são extremamente maçantes e demandam bastante tempo, fazendo eu pensar o tempo todo que teria sido melhor resumi-los e remover as interações exigidas, ou simplesmente eliminar todos por completo.

O famoso pecado da contemplação excessiva

Momentos de constante quebra de ritmo

Lost Words comete aquele famoso erro de jogos muito contemplativos e focado em narrativa: a jogabilidade superficial. Tudo é muito fácil e linear, e certamente foi criado apenas para existir um mínimo de interação possível para contar uma boa história. O enredo é bacana e talvez tocante para alguns, mas a forma como é contado não foi o suficiente para me fisgar. Porém, verdade seja dita: a ideia de usar palavras como ações no cenário é interessante, mas o ritmo da jogabilidade é quebrado constantemente.

Como dito anteriormente, a história foi escrita pela inglesa Rhianna Pratchett, cujo trabalho já foi visto em títulos de mais ação como o famoso Tomb Raider, que possui enredo admirável. Por isso, talvez a autora precise sempre do apoio de uma jogabilidade mais ativa que possa explorar melhor seu trabalho, para assim ter um resultado acima da média.

A atuação e dublagem dos personagens também foi bem surpreendente e me deixou bastante impressionado com o nível de qualidade, principalmente por se tratar de um jogo indie. Por fim, já tendo experienciado muitos games com essa mesma proposta, não consegui ser marcado por Lost Words. Games como Little Nightmares e Inside possuem um formato parecido, mas conseguiram fazer bem melhor ao trazerem variedade e interação constante, ao contrário do que acontece por aqui.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Lost Words: Beyond the Page

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Atuação e dublagem
  • História
  • Mecânicas interessantes com o livro

Contras

  • Interações bem básicas
  • Jogo bastante linear
  • Narrativa com quebras constantes
  • Desafio raso