Inspirado em clássicos como Metroid, Mars 2120 chega ao Nintendo Switch com a promessa de entregar uma aventura sci-fi intensa em pleno solo marciano. Desenvolvido pela QUByte Interactive, o título aposta em uma fórmula bem conhecida dos fãs de metroidvanias: exploração, upgrades elementares, combate e resolução de quebra-cabeças.
Desenvolvimento: QUByte Interactive
Distribuição: QUByte Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Tiro, Aventura
Classificação: 14 anos (Violência)
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X|S, PS4, PS5, Switch
Duração: 14 horas (campanha)
Um mundo promissor com narrativa superficial

A história se passa no século 22 e te coloca no controle de Anna, uma soldado enviada para investigar o silêncio misterioso de uma colônia humana em Marte. Apesar do pano de fundo interessante, a narrativa não evolui muito além da introdução.
A maioria das informações vem por meio de áudios espalhados pelos cenários, mas falta carisma e profundidade para que esses fragmentos realmente prendam a atenção. Ao menos, temos a dublagem em PTBR, além de em inglês. Você acaba encontrando esses logs sem se importar com o que dizem, já que há pouco envolvimento com os personagens ou os eventos descritos.
Estrutura clássica de metroidvania

No que diz respeito à estrutura, Mars 2120 faz o básico do gênero: você explora áreas bloqueadas que só se tornam acessíveis após conseguir habilidades específicas. As melhorias estão ligadas a poderes elementares como eletricidade, gelo e fogo, cada um com suas próprias aplicações tanto no combate quanto na interação com o ambiente. Por exemplo, a eletricidade permite atravessar barreiras energizadas e alimentar máquinas, enquanto o gelo e o fogo servem para congelar inimigos ou abrir novos caminhos.
A movimentação é controlada pelo direcional ou analógico esquerdo, enquanto o analógico direito é usado para mirar. O combate mescla ataques corpo a corpo com disparos à distância e esquivas. Porém, mesmo sendo funcional, a jogabilidade carece de polimento. Trocar entre os poderes em meio ao combate pode ser um incômodo, e a resposta dos ataques, principalmente os físicos, nem sempre é confiável. Durante lutas contra chefes, isso se torna ainda mais evidente, com confrontos longos demais, e isso é por causa da barra extensa de vida e não por conta da complexidade do embate.
Progressão confusa e ritmo quebrado

A progressão também deixa a desejar. Os inimigos fornecem pontos de experiência, que servem para desbloquear habilidades em pontos de salvamento. No entanto, você só pode gastar esses pontos se já tiver encontrado a melhoria correspondente antes. Esse sistema duplo de progresso atrapalha mais do que ajuda, quebrando o ritmo e tornando o avanço mais burocrático do que prazeroso.
Além disso, o game sofre com telas de carregamento longas e frequentes no Switch, que interrompem a fluidez da exploração. Em áreas mais intensas graficamente, há quedas de desempenho e engasgos, o que compromete ainda mais a imersão.
Visual e trilha sonora medianos

Visualmente, o título oscila entre momentos interessantes e falhas evidentes. Alguns modelos de inimigos são bem elaborados, mas os cenários e personagens em geral possuem texturas borradas e pouco detalhamento, mesmo para os padrões do Switch.
A trilha sonora cumpre o papel de criar uma atmosfera futurista, mas é esquecível e genérica, e não contribui muito para intensificar os momentos de ação. A dublagem, limitada a áudios encontrados, é aceitável, mas não acrescenta profundidade ao enredo. Cutscenes são praticamente inexistentes.
Entre os poucos destaques, vale mencionar o esforço da equipe em implementar recursos de acessibilidade. Mars 2120 conta com modo para daltônicos e opções para aumentar o tamanho das fontes, algo que deveria ser mais comum em produtos atuais. Esses detalhes mostram cuidado com o público, mesmo que o restante da experiência não acompanhe esse nível de atenção.
Competição faz bem melhor
Mars 2120 é um título que tenta se firmar dentro de um gênero competitivo, mas não consegue se destacar. A proposta sci-fi, os poderes elementares e a ambientação em Marte são atrativos, mas falhas na narrativa, jogabilidade inconsistente e problemas técnicos fazem com que a experiência fique aquém do esperado. Há potencial aqui, mas ele não é totalmente aproveitado.
Cópia de Switch cedida pelos produtores