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Review MindSeize (Switch) – Metroid like

Todos os anos a indústria de games nos apresenta uma infinidade de jogos que buscam transpor um pouco da experiência de clássicos como Metroid e Megaman. São joguinhos com gameplay em side-scroller, focados na exploração de grandes áreas interligadas e onde nosso personagem vai pouco a pouco adquirindo habilidades diversas. Essas habilidades incrementam a jogabilidade, nos permitindo alcançar áreas antes inacessíveis, para com isso avançarmos na história. MindSeize é a síntese perfeita de tudo isso. Após desembarcar em fevereiro desse ano para PC, no final de setembro os donos do Nintendo Switch também passaram a poder se aventurar no jogo.

Desenvolvimento: Kamina Dimension
Distribuição: First Press Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC e Switch
Duração: 9.5 horas (campanha)/15 horas (100%)

Metroidvania um ova, aqui é Metroid like

M.C. deve percorrer a galáxia atrás dos raptores da mente de sua filha.

Uma das coisas que saltam à vista num primeiro contato com MindSeize é sua semelhança com Metroid. Enquanto jogava minha filha de seis anos passou pela sala, olhou para a TV e me indagou: “pai, é a Samus?”. Não é a Samus, é claro! Mas bem que podia ser. Não acho justo rotular o jogo como um Metroidvania, porque não tem nada de Castlevania nele. Dessa forma, creio ser mais justo e correto nos referirmos a MindSeize como um Metroid like.

O jogo é um verdadeiro sci-fi. O roteiro se desenvolve de forma rápida e sem muita explicação mais aprofundada. Em linhas gerais, iniciamos o game presenciando uma investigação promovida por nosso personagem M.C. a uma organização chamada The Ascended – liderada pela Shiva Pride – que está buscando suplantar as mentes das pessoas em corpos não biológicos. A empreitada de M.C., no entanto, não acaba bem. Ele é descoberto, a mente de sua filha é sequestrada e, no processo, sofre uma grave lesão na coluna que o deixa para sempre numa cadeira de rodas. Diante do ocorrido, Morgan Silverwing – um velho amigo de M.C. e capitão do grupo de caçadores de recompensa The Crew – oferece ajuda para cruzar o universo atrás dos raptores da mente da filha de M.C.

Para combater os inimigos nosso protagonista tem sua mente transportada para um estiloso exoesqueleto que não só lhe devolve a mobilidade de suas pernas como concede habilidades diversas para sua empreitada espacial. A partir daí, a bordo da nave Horizon, passamos a explorar o espaço com nossa equipe e investigamos pistas que nos levem à organização The Ascended por diversos planetas pela galáxia.

Quando o menos é mais

A armadura devolve a mobilidade de M.C. e confere à ele habilidades especiais.

O estúdio indie Kamina Dimension jogou no seguro e acertou no estilo de design de MindSeize. Cada planeta possui sua própria ambientação e inimigos a combater. No game, na verdade, há uma mistura bem eclética de cenários: ora são tecnológicos, com laboratórios espaciais, drones e outras maquinarias; ora são selvagens e exuberantes. Cada planeta explorado ou inimigo abatido – com sua história e especificidade – podem ser conferidos no menu de registros do jogo. É um cuidado difícil de ser ver em produções de estúdios menores e demonstra esmero da equipe criativa com os jogadores, que podem se aprofundar ainda mais na mitologia do game.

O jogo performa maravilhosamente bem tanto na dock quanto no modo portátil, sem lag, travamentos ou loadings infinitos. Os gráficos em pixel art são coloridos e vibrantes. E a escolha não poderia ser mais acertada na medida que o visual retrô é componente importante no apelo nostálgico que o jogo carrega. Apesar da simplicidade no design é tudo muito bonito e detalhado. As melodias são batidas eletrônicas que ajudam a nos transportar para o mundo sci-fi. É bem verdade que não são memoráveis (e nem precisam ser), mas cumprem bem seu papel e dão o tom certo ao game. De forma geral, MindSeize – e isso é muito bom – não tenta ser maior do que é. Nesse sentido, a simplicidade que permeia toda a obra torna o jogo ainda mais atrativo. Dessa forma, menos é mais!

Explorando diversos planetas

Um afago no doguinho faz bem.

MindSeize foge um pouco do conceito de exploração de outros jogos do gênero, onde geralmente há um único mapa com áreas interconectados. A não-linearidade e a descoberta de habilidades que nos permitem acessar áreas antes inacessíveis ainda está presente. Mas, aqui cada planeta possui sua própria estrutura, apresentando mapas, inimigos e itens que são diferentes e independentes uns dos outros. A cada fase concluída temos que voltar a nave Horizon – que acaba servindo como uma espécie de lobby – para que possamos viajar pela galáxia até o próximo planeta e reiniciar o processo de exploração.

O jogo não apresenta uma árvore de habilidades ou elementos de RPG como pontos de experiência, níveis, equipamentos que melhoram status e sidequests. A estrutura de progressão é muito parecida com a de Samus em Metroid. Aqui M.C. possui três barras: uma vermelha de vitalidade, uma azul de escudo e uma verde de energia. A primeira representa a saúde de nosso personagem; a segunda enquanto estiver cheia nos protege de dano; e a última nos permite utilizar ataques especiais com nossas armas. A aquisição de novas habilidades e o aumento dos atributos de M.C., que melhoram as barras de vitalidade, escudo e energia se dão de forma orgânica conforme vamos progredindo no jogo.

Podemos encontrar pontos seguros pelos labirintos das fases que servem para salvar o jogo e recuperar nossa barra de vitalidade e energia. No mapa, esses locais são identificados com as letras S e L. Nos primeiros – além de salvar – podemos alternar nossas armas e comprar Nanobots (que servem para recuperarmos parte de nossa vitalidade durante a exploração, apertando o botão R). Já nos pontos seguros identificados com a letra L podemos também comprar novas habilidades para a armadura de M.C. e fazer fast travel para áreas já identificadas no mapa, assim como para os planetas descobertos ou retornar para Horizon.

Controles simples e responsivos

Os controles de MindSeize seguem a toda a premissa do jogo e fazem bonito: são simples e responsivos como os jogos do gênero exigem. Todos os comandos mais básicos de jogos de exploração e plataforma – como pulos simples e duplos, dash e afins – estão presentes. Em linhas gerais temos dois tipos de armas: uma de fogo e outra branca, cada qual com quatro variações. A utilização de cada uma delas demanda uma estratégia de uso diferente. As armas de fogo nos permitem combater os inimigos a distância, já as armas brancas requerem que estejamos perto para golpeá-los.

Tanto a arma de fogo quanto a arma branca possuem uma variação mais potente que pode ser ativada segurando o botão LT e apertando o botão de ataque. Só que esse ataque especial é limitado, na medida que consome a barra de energia verde que só pode ser restaurada nos pontos de salvamento. No jogo temos ainda um drone que, conforme avançamos, adquire a função de hackear algumas portas e inimigos, além de desferir alguns tiros bem úteis nas batalhas.

Uma coisa que me chamou a atenção é que as armas que iniciamos o jogo lembram bastante as de Megaman e Zero em Megaman X. Uma semelhança que não pára por aí, já que as armas que desbloqueamos são empunhadas inicialmente pelos chefões e só as adquirimos conforme os derrotamos. Além disso, vencê-los requer uma estratégia específica e determinada combinação de armas, assim como os inimigos mecânicos do robozinho azul da Capcom.

Uma grata surpresa

A dificuldade do jogo é progressiva. O início é bem tranquilo, mas conforme avançamos na exploração pelos diversos planetas atrás da mente da filha de M.C. o jogo vai ficando mais difícil e desafiador. Os mapas são simples e muito se assemelham aos de Super Metroid. Isso é bom por um lado e ruim por outro. Já que algumas funções úteis na exploração, implementadas ao longo do tempo em outros jogos do gênero (como zoom, possibilidade de fixar marcadores e percentual de área descoberta), acabaram ficando de fora aqui.

MindSeize é uma grata surpresa em meio a tantos jogos que tentam surfar no sucesso de séries consagradas. Mesmo apresentando muitas semelhanças com Metroid, possui um enredo interessante (apesar de simples) que o distancia das aventuras de Samus. O jogo conta ainda como uma boa variedade de armas que dão ao seu gameplay uma identidade própria. Para os órfãos da série de exploração espacial da Nintendo que anseiam por um novo jogo já há alguns anos (Metroid Prime 4, cadê você?), MindSeize, definitivamente, irá deixar você com o coração quentinho.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Bia Bock

MindSeize

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • Gráficos retrô
  • Cenários variados
  • Gameplay fluido
  • Desafio na medida
  • Metroid like