Missing Features: 2D para Nintendo Switch

Review Missing Features: 2D (Switch) – Começando do Zero

Em Missing Features: 2D, acompanhamos o desenvolvimento de um jogo de plataforma, encontrando pelas fases os recursos visuais, sonoros e de jogabilidade necessários para melhorá-lo. Como uma proposta criativa, o Missing Features: 2D se destaca e agrega interesse no que poderia ser uma curta e banal -ainda que difícil – experiência de plataforma.

Desenvolvimento: High Level
Distribuição: QUByte Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 2 horas (campanha)

Installing

Um protótipo que parece rodar em um monitor de tubo.

Uma tela azul com fonte e ícones simples que parecem vir dos sistemas operacionais do século passado, e como uma janela aberta e sistemas de pastas, o jogo se inicia em um computador que instala programas e realiza processos com pouca interface de usuário. Aparentemente há um arquivo executável – o único que não traz um ícone genérico – nomeado “2D Platformer”. Ao executar o arquivo, um terminal é aberto e o sistema checa os parâmetros para dar um aviso duro de ler: muitos recursos não foram encontrados. Ainda assim, o programa funciona e entramos em contato com o jogo.

A nostalgia bate forte, principalmente porque uma fonte de luz no centro da tela dá a impressão de estarmos lidando com um velho monitor de tubo. Também surge a curiosidade de explorar um game, daqueles antigos, que só rodavam no MS-DOS. A situação é bem precária: percebemos que é possível controlar um paralelepípedo verde que se movimenta sobre superfícies pretas. 

Aos poucos, são implementados alguns recursos bem vindos, como a capacidade de pular e outros necessários, como a possibilidade de morrer. Também percebemos que é possível encontrar objetos que, ao serem tocados, abrem terminais para instalar novas modificações. 

A partir daí, o jogador atravessa 15 fases no total, recuperando em cada uma delas os recursos visuais e sonoros que tornam tudo mais bem apresentado, corrigem bugs, e oferecem mais habilidades, possibilidades de ação e obstáculos

Unlocking

O terminal aparece para ilustrar o processo de desenvolvimento do jogo.

O progresso é bastante gradual e as fases são construídas para levar em conta as limitações de movimento. Embora sejam bastante lineares, elas geralmente possuem mais de uma forma de superar os obstáculos, desde que habilidades específicas tenham sido desbloqueadas. Apenas ao final da campanha é possível revisitar as fases, já alteradas em relação à primeira experiência. É bem gratificante passar novamente pelas primeiras fases e perceber o contraste entre a apresentação inicial e a final.

Missing Features: 2D é apresentado com a proposta de se construir do zero, mas os visuais e sons são bastante genéricos, ainda que se possa perceber referências aos títulos da era 16-bits, como Sonic e Mario. 

Um ponto positivo é como Missing Features: 2D faz um leigo acompanhar as camadas que são aplicadas em um game para que ele se torne esteticamente interessante: o personagem principal aplicado sobre o paralelepípedo verde permite identificar como funciona a lógica da colisão dos elementos. Ele também recebe mais vivacidade quando são incluídas outras imagens que fazem que seu movimento pareça mais natural, como passos, em vez de simplesmente deslizar pela tela. 

O mesmo se aplica ao cenário, inicialmente inexistente, mas que aparece primeiro como imagem estática e posteriormente inclui o efeito de paralaxe, dando a noção de perspectiva. Os sons também são aplicados gradualmente até que se encontrem as faixas sonoras de cada fase. Nesse aspecto, a incompletude inicial parece demorar a ser preenchida. Nem sempre foi fácil manter a atenção em um jogo completamente silencioso.

Implementing

Efeitos sonoros e visuais também devem ser desbloqueados pelo jogador.

Por trás de toda a programação, que é parte integrante da experiência, há um plataforma bastante tradicional, com blocos flutuantes, plataformas móveis, obstáculos fixos e inimigos que se movimentam. No final, o personagem contará com um pulo duplo e um dash horizontal, além da capacidade de pular pelas paredes. Esse conjunto oferece uma boa diversidade de movimentação, suficiente para tornar a jogabilidade mais complexa e interessante. 

Trata-se, em muitos momentos, de algo difícil e frustrante, combinação perigosa, mas bem vinda para um produto relativamente curto. O problema é que à medida que o jogo melhora e implementa as alterações previstas, ficam mais aparentes suas fragilidades. Os checkpoints espalhados pelas fases certamente ajudam, mas parecem dividi-las de forma desequilibrada: muitas vezes um obstáculo mais difícil era precedido por trechos longos e entediantes, tornando cada derrota mais enervante que a anterior. 

Também há trechos que cometem certos pecados de games de plataforma, como pulos cegos, quando é preciso saltar sem conseguir enxergar o ponto final esperado e movimentos de câmera irregulares. Mais grave que isso, entretanto, são os comportamentos não previstos pelos desenvolvedores: encontrei ao menos uma fase em que os checkpoints não funcionavam e alguns pontos de softlock, em que passagens se recusavam a abrir e inimigos obrigatórios se não apareciam.

Setting

O cenário completo de uma das fases criadas.

É difícil avaliar Missing Features: 2D. Sua premissa e o progresso metalinguístico são bons o bastante para manter a atenção do jogador e deixá-lo interessado em jogar até o final. Entretanto, essa premissa também é a responsável por estabelecer uma baixa expectativa para a experiência. Partindo de algo que não é mais que um protótipo, eu me percebi aceitando com relativa facilidade o desenvolvimento de um jogo com gráficos, sons e narrativa genéricos e com problemas que não fazem parte do script

Jogar Missing Features: 2D foi uma boa experiência, até mesmo inovadora, ainda que o jogo que se desenvolve dentro do próprio jogo, no final, não seja tão bom assim.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Missing Features: 2D

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • A premissa de auxiliar na programação do jogo é inovadora e suficiente para prender a atenção
  • Apesar de curtas, as fases oferecem mais possibilidades ao final da campanha

Contras

  • Progresso lento e, às vezes, desequilibrado