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Review Paradise Lost (PS4) – A solidão de um mundo devastado

Explore um bunker abandonado em um mundo onde os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial! Acompanhe a jornada solitária de Szymon e explore os resquícios dessa realidade alternativa em um intrigante jogo narrativo com elementos de suspense.

Desenvolvimento: PolyAmorous Games
Distribuição: All in! Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PS4, Xbox One, PC, Switch
Duração: 3.5 horas (campanha)/4.5 horas (100%)

O fim do mundo como o conhecemos

Pátio de estação com trens abandonados e bagagens descartadas

Paradise Lost nos apresenta um mundo devastado em uma realidade na qual a Segunda Guerra Mundial se prolongou até a década de 1960, e o Terceiro Reich protagonizou um épico ataque nuclear contra o território europeu. Nesse belo e melancólico mundo devastado, desenvolvido pela PolyAmorous Games, encontramos Szymon, o jovem protagonista que, ao se ver sozinho no mundo, decide iniciar uma jornada através da devastada Polônia em busca do paradeiro de uma figura de seu passado, e logo se depara com um gigantesco bunker abandonado repleto de mistérios e segredos.

O foco principal de Paradise Lost é sua narrativa, e a gameplay simples e intuitiva serve a esse propósito. Na maior parte do tempo, Szymon perambula pelo bunker e encontra itens e alguns puzzles simples que dão andamento ao enredo. Ao longo da exploração, Szymon encontra pedaços de correspondência escrita e registros de áudio, que oferecem ao jogador um vislumbre do cotidiano das pessoas que ocuparam o bunker e os indícios para desvendar os mistérios que revolvem ao redor do propósito original do local – e como a incipiente sociedade que vivia ali colapsou.

Entrada da zona residencial do bunker

O arco narrativo é dividido pelos cinco estágios do luto que Szymon precisa atravessar fisicamente e simbolicamente em sua jornada, desde a negação até a aceitação. Cada estágio se passa em um andar do bunker, e os cenários mudam drasticamente a cada estágio alcançado. Começando pelos esqueletos metálicos de trens abandonados no primeiro estágio, passando por uma fábrica de armamentos, um centro de compras e vilarejo até ambientes exóticos como praias, lagos e cachoeiras, impecavelmente construídos com gráficos de ótima qualidade, Paradise Lost entrega cenários fantásticos que somado a atmosfera pesada e sombria que se alastra por tudo. O jogo mantém a pessoa imersa nesse mundo fantástico durante as curtas, porém satisfatórias, quatro horas de duração.

Isolados, porém conectados

Saguão Principal da zona comercial do bunker

A opressão da solidão é palpável em Paradise Lost. O protagonista está irremediavelmente sozinho em meio aos escombros de uma sociedade que não existe mais e não se sabe o que foi feito dela. Os elementos de suspense em Paradise Lost não se alimentam do medo do desconhecido, como é comum em jogos de terror, mas da crescente opressão que toma forma ao se perceber que não há mais ninguém em lugar algum.

É bastante melancólica a jornada de Szymon em completo isolamento durante uma boa parte da experiência, até que a solidão é quebrada por um contato através de um sistema de telecomunicações que volta à vida no bunker. Através desse sistema, Szymon escuta a voz de uma garota, Ewa, que se encontra presa em uma das salas de controle espalhadas pelo local. No decorrer dos eventos, Ewa e Szymon desenvolvem uma conexão e o garoto logo se dispõe a encontrá-la e ajudá-la a se libertar, mesmo que para isso precise explorar as profundezas do bunker.

Túnel do bunker

A presença da garota em um lugartotalmente desprovido de vida humana é um dos mistérios mais intrigantes, e as ligações que envolvem Ewa, Szymon e o próprio bunker mostram a qualidade do enredo de Paradise Lost, que nos empurra para a direção correta e, ao mesmo tempo, nos despista de forma que as revelações não percam seu peso dramático à medida que os mistérios são desvendados.

Infelizmente, nem todo o game é tão bem trabalhado quanto à sua narrativa e alguns tropeços nas mecânicas de gameplay podem incomodar alguns jogadores. Um exemplo é um excesso de sombras, que pode ser resolvido ainda no menu de opções com o aumento de gamma, porém essa resolução pode trazer outro problemas, que é o cenário ficar tão claro que o cursor, que destaca os itens ou ações, pode se camuflar com a luz do ambiente, atrapalhando o andamento do jogo. Outro problema de mecânica é uma sensibilidade acima do normal do cursor em alguns momentos, o que faz com que o personagem tenha de ficar em uma posição específica para selecionar entre as opções de itens.

Seguir em frente é a única opção

Entrada do templo pagão

Como uma excelente experiência narrativa, Paradise Lost oferece uma realidade alternativa fascinante, e, apesar da imensa quantidade de símbolos e posters nazistas, em momento algum existe qualquer tipo de apologia, já que os símbolos estão ali como parte da cultura dominante em uma sociedade que já foi extinta e permanecem apenas as lições do quão terrível a humanidade pode ser, especialmente contra os seus semelhantes. Como um bom arqueologista, desenterramos os resquícios da comunidade que habitou o bunker – o paraíso perdido para aqueles que o projetaram, e contemplamos o resultado do que eles construíram para o bem e para o mal.

Temas importantes e pesados encontram seu espaço no enredo, como manipulação genética, abuso, violência e eugenia, e o jogador sempre será questionado por Ewa quando estiver prestes a se deparar com algum documento ou gravação de áudio mais problemática, caso prefira evitar. Embora os temas possam ser desconcertantes, eles se encaixam naturalmente na narrativa e não aparecem de forma gratuita ou aleatória em momento algum, eles estão ali tanto quanto os trens abandonados e os belos casarões, como parte imutável dessa realidade alternativa.

Visão do mundo devastado fora do bunker

Em resumo, Paradise Lost traz uma intensa experiência narrativa e de exploração, mas alguns aspectos mecânicos ou o ritmo mais contemplativo da história podem não agradar a todos. Para aqueles que se interessam pelo gênero narrativo, com belos cenários e um enredo muito bem construído e elaborado, Paradise Lost  entrega tudo que se propõe, e é daqueles jogos que deixarão pensativos por um bom tempo aqueles que se aventurarem na solidão de um bunker abandonado na Polônia.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Paradise Lost (Ps4)

8.5

Nota

8.5/10

Prós

  • Cenários impressionantes
  • Narrativa imersiva e bem construída
  • Mecânicas simples e intuitivas
  • Itens e áudios contribuem para construção de mundo
  • Temas complexos são bem incorporados à narrativa

Contras

  • O jogo pode ser um pouco escuro
  • A sensibilidade do cursor pode atrapalhar a movimentação.
  • O jogo não permite salvamento manual ou escolha de capítulos