Lançado originalmente em 2016 para Playstation 3 e 4, Persona 5 ganhou a sua versão definitiva, chamada Persona 5 Royal em 2019, lançada exclusivamente para Playstation 4. E finalmente, no ano de 2022, donos de Xbox, Nintendo, e PC, podem se deleitar com essa obra-prima dos videogames.
O lançamento de jogos da franquia Persona para outras plataformas foi algo que pegou a todos desprevenidos, e mesmo que eu sempre tenha desejado que fosse possível jogar essa obra maravilhosa onde preferirmos, nunca pensei que fosse acontecer. Então, o que me resta a fazer é falar um pouco sobre aquilo que Persona 5 Royal tem a oferecer aos amantes de um bom RPG.
Desenvolvimento: ATLUS
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 103 horas (campanha)/143 horas (100%)
O dia a dia de um estudante
A franquia Persona sempre girou em torno do dia a dia de estudantes japoneses que precisam dividir seu tempo entre atividades escolares e combates num mundo paralelo. Em Persona 5 Royal isso não é diferente, e os jogadores acompanharão Ren Amamiya (embora possamos escolher o nome do protagonista, esse é considerado o nome canônico), um estudante que precisou mudar de cidade e escola após um terrível acontecimento que lhe fez ganhar uma ficha criminal.
Sojiro Sakura é o nome da pessoa que nos abrigará durante o ano que vamos passar em Tóquio. Ele é dono do restaurante Leblanc, local no qual Ren irá morar, em um sótão um pouco empoeirado. A princípio Sojiro não é muito amigável, e deixa bem claro que nos reportará caso a gente cometa outra infração. Assim, é muito importante andar na linha durante a nossa estadia no Leblanc.
É durante o nosso primeiro dia indo para a nossa nova escola que conhecemos Ryuji Sakamoto, outro jovem considerado um delinquente, e claro que acabamos virando amigo dele. Acontece que tanto Ren quanto Ryuji foram acusados injustamente por se colocarem contra um adulto que abusava de pessoas indefesas. Se tratando do Ryuji, ele agrediu um professor, justamente aquele que será o primeiro chefão do jogo: o professor de educação física, Suguru Kamoshida. E é disso que Persona 5 se trata: enfrentar pessoas horríveis, mesquinhas, egoístas, e cruéis, que se aproveitam dos outros sem nenhum pudor.
Palácios e Mementos
Os palácios são um dos pontos mais importantes do Persona 5, pois são as fortalezas de cada um dos chefões que enfrentaremos no decorrer da história. Esses locais existem em uma realidade paralela, e surgem quando os desejos deturpados de alguém passam a prejudicar vários inocentes. O palácio do Kamoshida, por exemplo, possui a aparência de um castelo, porque na escola ele se sente como um verdadeiro rei. E como Kamoshida conseguiu ir tão longe a ponto de um palácio surgir? É algo bem simples, na realidade, pois o seu “eu” verdadeiro sempre abusou dos alunos, tanto verbalmente quanto física e sexualmente, e ninguém nunca fez nada.
Mas, essa é uma história na qual os mocinhos lutam contra o mal, e, para isso, os jogadores precisam explorar cada um desses palácios até encontrar o tesouro de cada chefão, e, ao roubar tais tesouros, as versões reais dessas pessoas horríveis vão sofrer um surto mental, o que os fará confessar seus crimes. Essa é a chamada mudança de coração, na qual uma pessoa muda subitamente, o que nos deixa conhecidos como ladrões de corações, e vale ressaltar que ninguém conhece nossa verdadeira identidade além dos outros integrantes da nossa equipe.
Além dos palácios, também exploraremos o Mementos frequentemente, e esse é um lugar para onde vão às versões malignas de pessoas que não possuem seus próprios palácios, talvez por não terem prejudicado inocentes o suficiente para isso. E neste local poderemos completar várias missões secundárias, derrotando minichefes para fortalecer nossos personagens e conseguir novos personas.
Fortalecendo relações
Conforme nosso protagonista estreita os laços com seus companheiros, mais forte ele fica, liberando novas habilidades que são muito úteis durante os combates. Por isso é muito importante saber dosar o tempo do Ren entre atividades escolares, palácios, trabalho e amigos. Tudo isso não é tarefa fácil, a princípio, e é necessário que o jogador tome cuidado na hora de escolher como vai passar as horas livres do seu dia depois das aulas.
Os relacionamentos sempre foram uma peça muito importante na franquia Persona, a forma com que os desenvolvedores abordam isso no decorrer dos seus jogos sempre foi algo muito característico, e é muito raro ver outras obras que se aprofundem tão bem nesse quesito. E é por isso, meu caro leitor, que devemos sempre passar um tempo com nossos amigos, não só pelos bônus que vamos ganhar nos combates, mas para poder apreciar vários momentos únicos ao lado de Ryuji, Morgana, Ann, Yusuke, Makoto, Futaba e diversos outros companheiros.
Sistema de níveis, jogabilidade e trilha sonora
O sistema de níveis no Persona 5 funciona como em qualquer outro RPG, e ao final do combate somos recompensados com pontos de experiência. Ao acumularmos pontos o suficiente, subimos de nível, ficando mais fortes no processo. Já a jogabilidade não foge do convencional, mas não deixa a desejar em momento algum. Basicamente podemos andar pelos cenários e realizar ações apertando um botão específico, executando coisas como entrar em uma sala, falar com alguém, ou nos esconder no canto de uma parede.
Durante os combates também não nos deparamos com nada muito complexo, pois cada personagem e inimigo terá um turno para realizar uma ação, seja atacar com uma arma de longo ou curto alcance, utilizar um item, ou então, utilizar a habilidade especial dos nossos personas. E claro que eu não poderia deixar de falar da trilha sonora do Persona 5, já que apenas ela seria o suficiente para me fazer jogar a obra. As músicas feitas para o jogo são tão boas que é comum me pegar escutando várias delas frequentemente.
Personas
Bem, talvez eu devesse ter falado sobre isso logo no início da análise, mas, enfim, vamos lá! Os personas são a manifestação da personalidade dos nossos personagens nesse mundo paralelo, algo como um espírito, ou um ser astral, e são esses seres que dão nome à franquia.
Cada um dos nossos companheiros possui um Persona único, com características e habilidades próprias. Apenas Ren, o protagonista, consegue utilizar vários deles, moldando a jogatina em torno disso, pois passamos boa parte do tempo dominando os Personas que derrotamos durante os combates. E também podemos invocar e criar personas através de fusões, tudo isso na Velvet Room, que é uma sala desse mundo paralelo onde apenas o jogador pode entrar.
A Magnum Opus da Atlus
É um pouco difícil recomendar Persona 5 para alguém que procura algo mais casual, pois além de possuir uma longa duração, passando facilmente das 100 horas necessárias para finalizar o conteúdo base, ele ainda possui muitas horas de leitura, e o jogo não está traduzido para o português brasileiro, o que sem dúvida afasta muitos jogadores.
Mas, deixando esses dois pontos de lado, só tenho elogios para tecer sobre a obra, porque o estilo artístico é muito bonito, e os vários cenários da cidade de Tóquio passam uma sensação de exploração muito bacana. A trilha sonora é fenomenal, a jogabilidade é bem precisa e serve muito bem ao jogador. A história é um ponto muito forte, e tudo que vamos passar ao lado de vários personagens carismáticos fazem as 100 horas investidas valerem a pena.
E antes que eu me esqueça, a versão disponível no Xbox é a Persona 5 Royal, que conta com muitas horas de conteúdo novo, com personagens inéditos e um semestre a mais, além de rodar a 60fps. Então, para finalizar, Persona 5 Royal é um título fantástico que vai agradar qualquer jogador que esteja disposto a embarcar nessa grande jornada.
Cópia de Xbox Series X/S adquirida através do Xbox Game Pass
Revisão: Jason Ming Hong