Antes de começar, gostaria de fazer um desabafo. Quando criança, meus pais não tinham condições de comprar LEGO. Até que um dia a patroa da minha mãe doou centenas dessas pecinhas e – mesmo que não fosse uma Estrela da Morte – eu consegui criar inúmeras histórias com o que tinha. Posteriormente, já com um PS2, esse desejo infantil foi ainda mais saciado quando conheci LEGO Batman, Indiana Jones e, por fim, Star Wars: The Complete Saga.
Nem preciso dizer o quão feliz fiquei ao saber do lançamento de LEGO Star Wars: The Skywalker Saga, e ainda mais feliz de poder analisá-lo. De forma sucinta, o título traz os nove episódios da saga mais famosa da cultura pop com aquele humor bem family friendly. Como não é o suficiente, ele também remodela antigas mecânicas e adiciona algumas novas.
Desenvolvimento: Traveller’s Tales, TT Games
Distribuição: WB Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Multiplayer
Classificação: 10 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Em uma galáxia muito, muito gigante…
The Skywalker Saga é o maior LEGO já produzido. Não andamos apenas por uma pequenas áreas de Coruscant ou Alderaan, e sim muito, mas muito pelo contrário: a galáxia e todos os seus vinte oito planetas estão aqui e podem entregar conteúdo até demais. Era de se esperar que, com nove filmes, Star Wars entregasse muita história e locais distintos para ser explorado. Mas, a TT Games foi além e trouxe todos os locais memoráveis para serem investigados de cabo a rabo.
Cada planeta possui o seu espaço, que é onde as batalhas espaciais ocorrem e meteoros podem ser destruídos. Parece pouco, mas você pode voar do espaço de um planeta para outro, sem utilizar a viagem rápida, contudo, caso queira ir para outro setor, aí sim terá uma tela de carregamento.
Ao pousar em um planeta, será possível ver algumas subáreas, cada qual com suas peculiaridades. Por exemplo, andar por Jakku, aquela área desértica com mercadores corruptos, resulta em dezenas de missões secundárias e rumores especiais do local. Ambos liberam novos personagens, naves, trajes e Blocos Klyber (comentarei sobre eles futuramente). Porém a maioria deles é bem simples, com apenas alguns contendo histórias mais profundas ou que se relacionem com os filmes.
Por conta dessa ampliação na galáxia, The Skywalker Saga arruma algo que era muito maçante na versão de PS2: as fases principais. A transição desse espaço aberto ocorre por meio de cutscenes não tão rápidas, mas o ritmo das missões primárias são tão perfeitas que nem importa tanto.
Como de costume, cada episódio é separado em cinco fases explicando a narrativa do filme. Não dá para levar a sério tudo que é visto neles, mas dá para levar spoilers. O grande prazer nessa modificação faz com que seja divertido jogar os episódios em ordem, do um ao nove. Isso se torna necessário, pois, no decorrer de episódios, novos planetas são desbloqueados e, ao pular de uma trilogia para outra, mecânicas são introduzidas e muito bem vindas.
Uma coleção para poucos

The Skywalker Saga mantém tudo que já foi visto em outros LEGO. A moeda do jogo continua sendo os Studs, que diferem entre prata, ouro, azul e roxo, sendo respectivamente o valor de dez, cem, mil e dez mil. Coletar uma quantidade específica em cada fase ativa o Verdadeiro Jedi, que agora é dividido em três barras. Há também os Minikits, que ficam escondidos pelas fases e são combinações de peças que formam uma nave. Esses desafios já estavam presentes antes, mas agora existem mais.
Cada fase aplica três desafios ao jogador, que podem variar em terminá-la em um certo tempo ou atingir um número X de combos. Todos esses desafios já citados recompensam com Blocos Klyber, que estão no lugar dos Blocos de Ouro, detendo uma extrema importância.
A maior novidade em The Skywalker Saga é que agora os trezentos e oitenta personagens possuem árvores de habilidades, mas que estão separadas por classes. Por exemplo, Anakin Skywalker criança está nos Heróis, adulto nos Jedis e o malvado nos Sith. Ou seja, são três árvores distintas, cada qual melhorando aspectos de todos daquela classe. Além disso, há uma principal que serve para todo o elenco disponível.
O problema dessa distribuição é a quantidade necessária de Blocos Klyber para desbloquear certas melhorias. Todas elas têm três níveis, aumentando a qualidade da habilidade. Alguns podem precisar de até trinta destes blocos e talvez nem seja uma habilidade tão legal, como aumentar a vida ou diminuir o preço de rumores. Isso faz com que seja necessário correr atrás de blocos por recompensas, às vezes, não tão animadoras.
Para se ter uma noção, existem mais de mil deles por todos os cantos. Fiz uma conta rápida e, entre os nove episódios, somos recompensados com duzentos e setenta. Ou seja, há quase outros mil a serem encontrados pela galáxia. Sinceramente? Isso é muito exaustivo, e só faz isso quem quer muito os 100%.
Enfrentando o lado sombrio da Força
Os jogos LEGO já possuíam contagem de ataques que multiplicavam o ganho de Studs. No entanto, em The Skywalker Saga, isso fica mais difícil com a necessidade de fazer combos distintos. Exatamente! Agora é possível performar ataques diferentes ao utilizar B ou A enquanto aperta o Y. Isso afeta diretamente nas batalhas contra chefes e fazem com que elas sejam mais complexas.
Costumeiramente, muitas dessas lutas eram feitas com a utilização do cenário para vencer e puzzles. Esse método ainda é utilizado, mas agora grande parte do foco fica a critério de batalhas um contra um, em que a câmera fica presa ao inimigo. Os chefes possuem ataques diversos que trazem a necessidade de esquivar no momento correto. Caso sua vida acabe, você perde uma quantidade de Studs – seria LEGO um Souls-like? Brincadeiras à parte, The Skywalker Saga não é nada desafiador, mas isso não é um problema, pois o vejo como uma experiência leve para rir e se divertir.
Removendo o bantha do meio da sala

Como você já percebeu, The Skywalker Saga saiu para a nova e antiga geração. É evidente que o Nintendo Switch não detém de um hardware de igual potência quando comparado com os outros. Entretanto, desenvolvedores já provaram que conseguem fazer o impossível para que seus jogos tenham uma boa performance no queridinho da Nintendo.
A franquia LEGO nos games não é feita completamente de pecinhas. De uns tempos para cá, a TT Games também se aperfeiçoou em trazer ambientações mais realistas, influenciando na imersão dos seus títulos. Tendo essa ideia sob destaque, em comparações gráficas, a versão de Nintendo Switch acaba ficando um pouco atrás.
Para começar, a resolução foi comprimida para que funcionasse no 720p do Switch, o que causa um embaço bem chatinho. A iluminação é um aspecto lindíssimo por causa dos sabres de luz e dos reflexos de imagem em naves, mas que é quase inexistente nessa versão. Porém, esses são detalhes subjetivos, que não fizeram uma diferença sequer na minha experiência, mas que você pode se importar. Muito diferente desses pequenos problemas, os próximos atrapalharam a minha guerra nas estrelas.
Tattoine e Jakku são áreas grandes que o mapa mal pode ser visto por completo. Quando corremos nesses locais, os polígonos e texturas aparecem aos poucos, objetos brotam do chão, personagens ficam presos correndo infinitamente, entre outras coisas. O pior foi o acontecimento de quatro crashes e todos, curiosamente, ocorreram no modo dock no meio de fases, tendo que reiniciá-las do início – como isso foi cansativo!
Não dá para dizer que The Skywalker Saga para Switch é uma armadilha. Óbvio que a TT Games deve algumas atualizações especiais para o console, mas, fora isso, em raríssimos momentos a performance foi afetada. Mesmo com centenas de pecinhas voando, inimigos atirando e objetos explodindo, o híbrido da Nintendo aguentou o tranco e suportou essa grande galáxia.
Uma saga renovada e aperfeiçoada
LEGO Star Wars: The Skywalker Saga é uma forma apaixonantemente divertida de aprender sobre essa saga. Ele é cômico, rítmico, completo e inovador para a franquia. Todos os episódios são bem contados e a dublagem auxilia nisso, trazendo dubladores originais como Guilherme Briggs. A reformulação do que já era visto nessa franquia antiga é muito bem-vinda, e só precisa ser melhor revisada. Mesmo assim, estou ansioso para saber como isso funcionará nos próximos games. O único ponto que deve ser avaliado para essa aquisição é o seu tempo e paciência com os problemas citados na versão de Nintendo Switch.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong