O sucesso de Rainbow Six Siege e sua fórmula competitiva embasada em rodadas rápidas e letais, culminaram em uma experiência de sobrevivência cooperativa. Com Rainbow Six Extraction, a Ubisoft tenta capitalizar em cima do sucesso dos Operadores em um jogo de tiro que, embora seja capaz de entreter em curtas sessões com amigos, se mostra raso e insosso conforme as horas de jogatina passam.
Desenvolvimento: Ubisoft Montreal
Distribuição: Ubisoft
Jogadores: 1 (local) e 1-3 (online)
Gênero: Tiro, Ação
Classificação: 16 anos
Português: Legendas, interface e dublagem
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: 8 horas (campanha)/52 horas (100%)
Zonas de quarentena
A história de Extraction continua a partir do que foi visto com o evento Outbreak, de Siege. Após um parasita chamado Quimera causar problemas no Novo México, a quarentena implementada não foi o suficiente para impedi-lo de se espalhar, e acabou atingindo outras regiões dos Estados Unidos. Para estudar o Quimera e desenvolver mecanismos de defesa para os humanos, o Time Rainbow cria a unidade especial React, cujo trabalho é entrar em zonas de quarentena, coletar dados, estudar o Parasita e erradicar qualquer ameaça.
Para progredir e descobrir informações a respeito da história, seus personagens e inimigos, é preciso repetir inúmeras vezes as fases disponíveis para realizar o que é chamado de Estudos, que consistem em objetivos específicos simples e que concedem pontos de experiência e itens cosméticos para o esquadrão.
Ao todo, são quatro regiões disponíveis: Nova Iorque, São Francisco, Alaska e Novo México, onde o primeiro contato com o Quimera foi registrado. Cada uma dessas regiões é dividida em três áreas, e estas são divididas em três subáreas. As incursões consistem em um time de até três Operadores com habilidades únicas, que devem concluir objetivos aleatórios para acumular experiência, subir de nível individualmente e melhorar o nível da Equipe React em geral. Os objetivos são gerados aleatoriamente ao início da missão, o que mitiga, ao menos levemente, os momentos de repetitividade nas primeiras horas.
A variedade de monstros, chamados Arqueanos, é muito boa. Existem desde inimigos simples, como Retalhadores e seus ataques físicos rápidos, Espinhosos e seus golpes à distância, Batedores e Tóxicos com seus bolsões explosivos e de toxina, até os tipos mais fortes, como Tormentos e sua capacidade de se esconder no lastro (gosma preta que causa lentidão nos Operadores) e Esmagadores, que são brutamontes cuja armadura é fortalecida e seus golpes ainda mais duros. Cada unidade Arqueana oferece um conjunto de habilidades singulares que desafiam o grupo de maneira interessante.
Operadores de pouca utilidade
Extraction mistura elementos de sobrevivência com furtividade de forma esquisita. Para aumentar as chances de sucesso, é preciso discrição e calma para evitar que as hordas de monstros-parasita derrubem a equipe. Estes monstros, quando alertados, podem utilizar um grito que alerta os outros inimigos nas proximidades, bem como ativa colmeias reprodutoras que produzem novos monstros em curtos intervalos de tempo. Em dificuldades mais baixas, é possível enfrentar esses monstros numa boa, mas, em mais extremas, o desafio é deveras exagerado. Não apenas a lentidão dos Operadores é visível, especialmente se ficarem presos na gosma preta que os monstros deixam no cenário (Lastro), mas também fica notável que a agressividade e o dano dos inimigos são excessivamente altos.
Os Operadores disponíveis vêm diretamente de Rainbow Six Siege, como Hibana, Pulse, Fuze, Tachanka, Doc e Finka. Eles possuem armamentos específicos, habilidades especiais únicas e características físicas diferentes, com alguns sendo mais resistentes e outros mais rápidos. A sensação que fica, porém, é de que eles funcionam mais no esquema de Ataque contra Defesa de Siege do que nas incursões de Extraction.
Há Operadores que não fazem muito sentido e não são muito úteis em nenhuma situação. Fuze e suas bombas de cluster, por exemplo, exige uma superfície fina para ativação de sua habilidade, mas, sendo ela explosiva, barulhenta e de área de impacto reduzida, destoa da furtividade ideal que Extraction prioriza, além de não ser eficaz contra os monstros, que partem para cima do Operador ao primeiro sinal dele. Hibana é outro bom exemplo, com sua carga sêxtupla de invasão de área, perde o senso tático que é visto em Siege.
Ainda que alguns Operadores pareçam não caber em Extraction e no estilo de jogabilidade adotado, e algumas opções são divertidas e oferecem maiores chances de sucesso nas incursões; como Pulse e seu radar cardíaco que é capaz de detectar colmeias; Gridlock e suas armadilhas de chão que tiram imobilidade dos inimigos; e Finka, cuja habilidade é dar um impulso de saúde para o grupo, inclusive recuperando aliados em estado crítico.
Acumular pontos de experiência faz com que os Operadores subam de nível, concedendo novas opções de armamento e bônus passivos que melhoram suas armaduras e habilidades especiais. Além disso, o nível de Progresso de Pesquisa do Parasita Quimera dá pontos de Tecnologia, que podem ser utilizados para comprar novos aparatos React como granadas sensoriais, atordoantes e explosivas, bem como minas, cintos de maior capacidade de granadas e munição e até mesmo drones de reconhecimento mais avançados.
Ativando o Protocolo Maelstrom
O maior desafio de Rainbow Six Extraction está no Protocolo Maelstrom. Esse modo consiste em uma sequência de nove objetivos aleatórios em nove subáreas seguidas, cuja dificuldade é progressiva. Além disso, é preciso concluir um objetivo extra dentro de cada área para liberar o ponto de checagem e abrir passagem para a próxima subárea, diferentemente das incursões tradicionais, em que é possível pular objetivos por qualquer razão que seja e avançar para a próxima subárea.
O Protocolo Maelstrom exige a presença de três jogadores para iniciar. Como os objetivos têm dificuldade e extensão definidos de acordo com o número de pessoas no time, Maelstrom já acentua os desafios ao tê-los em sua exigência máxima. Os monstros-parasita são extremamente agressivos, e os recursos de campo, como pacotes médicos, de munição e de equipamentos, que podem ser coletados no cenário, vão ficando mais escassos a cada rodada. É preciso uma equipe coordenada e com Operadores em nível alto para ter maiores chances de sucesso nos objetivos e acumular grandes quantias de experiência antes de solicitar extração para a base e concluir a incursão.
Uma experiência excessivamente rasa
A experiência proporcionada por Rainbow Six Extraction remete bastante a jogos cuja diversão era encontrada em basicamente superar os maiores desafios e dificuldades e “viver para contar a história”, seja em um registro fotográfico, um arquivo de salvamento ou estatísticas registradas em uma tabela de líderes. Entretanto, é preciso que o ciclo da jogabilidade seja divertido o suficiente para incentivar a conclusão desses desafios.
Por mais que as sessões curtas sejam um ponto positivo em Extraction, a necessidade de repetir as fases inúmeras vezes para concluir novos estudos é cansativa, e, após algumas horas de jogo, os objetivos começam a ficar cada vez mais repetitivos e enjoativos, mesmo sendo alocados aleatoriamente em cada subárea do mapa.
Para completar, as principais recompensas concedidas são cosméticos, como novos uniformes, capacetes e máscaras, pinturas e pingentes para as armas. Esses itens, principalmente algumas vestimentas especiais, não são agradáveis de se olhar. Ter o Operador Vigil usando um uniforme preto e branco completamente tomado pelo seu próprio nome VIGIL em caixa alta é horrendo. A quantidade de opções cosméticas desbloqueáveis é respeitável, no entanto. Salva-se isso.
Rainbow Six Extraction é uma experiência positiva quando encarado em curtas sessões de jogatina. Em poucas horas, porém, a repetitividade começa a se apresentar, e o título da Ubisoft não consegue, por meio de suas mecânicas e recompensas, dar maiores incentivos para investir mais tempo no jogo. Ele é um passatempo divertido, é verdade, mas que poderia muito bem ser uma expansão mais parruda para os donos de Rainbow Six Siege.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Rainbow Six Extraction
Prós
- Variedade de inimigos
- Jogabilidade excelente, reminiscente de Siege
- Boa variedade de Operadores, embora alguns destoam da proposta do jogo
- Boa variedade de armamentos e equipamentos
- Desafio progressivo e acentuado do Protocolo Maelstrom
Contras
- Repetitividade dá as caras com poucas horas de jogo
- Recompensas concedidas não são incentivo suficiente para seguir jogando
