Review-CODVanguard-1

Review Call of Duty Vanguard (PS5) – Modern Warfare com skin da Segunda Guerra

Call of Duty Vanguard é o jogo de 2021 da popular franquia da Activision. Desenvolvido pela Sledgehammer Games e ambientado na Segunda Guerra Mundial, Vanguard oferece uma campanha sólida e um multiplayer tradicional de muita qualidade, além de um modo Zumbis que, neste primeiro momento, se mostra o modo mais fraco contido no pacote.

Desenvolvimento: Sledgehammer Games
Distribuição: Activision-Blizzard
Jogadores: 1-2 (local)/1-48 (online)
Gênero: Tiro, Ação
Classificação: 18 anos
Português: Dublagem, Legendas e Interface
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC
Duração: 6 horas (campanha)/8 horas (100%)

A origem da Vanguarda

Conversa entre membros de um esquadrão

A campanha para um jogador de Call of Duty Vanguard coloca no centro dos holofotes um grupo de seis soldados especiais de diversas nacionalidades, liderado por Arthur Kingsley, um militar britânico de origem camaronesa. A missão do grupo é invadir uma base nazista e descobrir tudo que puder sobre o chamado Projeto Phoenix. Basicamente em uma tarefa suicida, a equipe é capturada pelos soldados do Líder de Interrogatórios da SS, Hermann Wenzel Fresinger, e aprisionado em dos quartéis-generais nazistas em Berlim, na Alemanha.

A narrativa de Vanguard é conduzida especialmente por meio de flashbacks. Arthur narra a história dos motivos pelos quais cada  membro do grupo foi selecionado. Suas especialidades e personalidades são muito distintas. Arthur é fiel a si e aos seus companheiros, com foco total na missão e em seus objetivos; Polina, por outro lado, é uma russa tão fria quanto o inverno de seu país, que viu familiares e amigos serem mortos pelos alemães durante a invasão a Stalingrado.

O espetáculo faz parte de todos os momentos da campanha, com cenas que fazem o jogador questionar se aquilo que está vivenciando faz algum tipo de sentido. Não dá para negar, porém, que tal coisa deslumbra e empolga com seus momentos explosivos e exagerados. É possível afirmar que a Segunda Guerra Mundial é um período cujas histórias são de heróis e seus sacrifícios, e Vanguard eleva o patamar do termo “herói” de seus personagens.

Stalingrado após invasão alemã

A campanha, em geral, é muito divertida e satisfatória. Não é à toa que fica no ar um desejo de vivenciar mais das histórias e passado dos integrantes da Vanguarda, seja com Lucas e sua insubordinação nas batalhas no norte da África ou com Wade nos conflitos contra os japoneses nas trilhas de Numa Numa, em Papua Nova-Guiné.

O trabalho artístico de fidelidade gráfica de Call of Duty Vanguard é excelente. No que diz respeito aos cenários e armas, todos possuem grande nível de detalhes em suas texturas. Dito isso, alguns Operadores contam com expressões faciais esquisitas, especialmente em algumas animações no fim das partidas. Também é possível perceber problemas gráficos como objetos aparecendo do nada e sombras que ficam piscando sem qualquer razão aparente. Esse problema, também conhecido como flickering, ocorre também em efeitos de fogo causados por auxílios chamados pelos jogadores, como lançadores de bombas flamejantes, por exemplo.

Trocando tiros online

Partida no mapa Tuscan

Componente principal de qualquer Call of Duty dos últimos 10 anos, o modo multiplayer se beneficia por Vanguard ter sido desenvolvido no mesmo motor gráfico de Call of Duty Modern Warfare (2019). A movimentação do personagem, o controle das armas e dos disparos, as animações em geral e mecânicas específicas como apoiar a arma em superfícies (Mount Weapon) são heranças diretas do jogo de 2019. Isso é uma grande notícia para aqueles que ficaram decepcionados com o lançamento de Black Ops Cold War ano passado, cuja jogabilidade era mais voltada para o “clássico” do que para as atualizações trazidas por Modern Warfare.

Ao todo, são 38 armas disponíveis, divididas em classes como Rifles de Assalto, Submetralhadoras, Rifles de Precisão, Escopetas e Metralhadoras Leves. A variedade é enorme, com clássicos como M1 Garand, Kar 98K, MP40 e STG44. O arsenal de Vanguard atende qualquer estilo de jogo, e se expandirá à medida em que as Temporadas forem sendo lançadas.

O básico funciona como sempre: o jogador sobe de nível geral ao concluir partidas, eliminar inimigos e conquistar objetivos. Conforme esse nível sobe, novos armamentos e auxílios de campo são desbloqueados.

As armas possuem um total de 70 níveis, e cada nível desbloqueia um acessório novo que pode ser incorporado em uma das categorias disponíveis no menu de customização de armas. Cada arma pode ter um total de dez acessórios equipados, número que dobrou em relação a Modern Warfare. As modificações alteram características das armas, como velocidade para mirar, taxa de disparo e até mesmo dano. Este é, inclusive, um dos pontos questionáveis dos acessórios.

Tela de personalização de arma

Uma das categorias novas de anexos permite que o jogador troque o calibre da munição utilizada. Em algumas armas há um aumento de dano considerável, o que torna algumas poucas delas extremamente melhores do que outras. É difícil encontrar motivos para utilizar outros armamentos sendo que uma STG44 equipada com um calibre que aumenta seu dano total em 41% vence a grande maioria dos confrontos a qualquer distância. É claro que balanceamento é um aspecto constante nos jogos de tiro online, mas há um desbalanceamento evidente em Vanguard.

Uma outra novidade introduzida com Vanguard são os níveis para os Operadores. Introduzidos também com Modern Warfare, Operadores são personagens únicos com história e biografia disponíveis para o jogador conhecer através de fichas e vídeos de apresentação. Aqui, cada um deles pode chegar ao nível 20 de Operador, desbloqueando, ao longo do percurso falas inéditas, animações de Jogador Mais Valioso e de destaque da partida, novas cores de roupa e até mesmo novas skins. Há um propósito a mais para alternar personagens em Vanguard, o que enriquece a experiência do jogo.

Apresentando: Ritmos de Combate

Equipado com STG em partida online

Uma novidade muito bem-vinda trazida com Call of Duty Vanguard é a apresentação dos Ritmos de Combate. São três ritmos disponíveis: Tático, Assalto e Blitz. Cada um deles indica quantos jogadores estarão presentes nas partidas, sendo Tático fixo em modalidade 6×6. Assalto e Blitz variam suas contagens dependendo dos mapas, podendo chegar até a 16×16.

Por mais que modos com número alto de jogadores já tenham feito parte da franquia (vide Guerra Terrestre com seu 9×9 em títulos anteriores), essa variação constante nas partidas é muito bem-vinda. Alternar entre partidas mais comedidas com outras extremamente caóticas mantém a experiência fresca e bem menos enjoativa.

Mesmo sendo uma adição positiva, os Ritmos de Combate podem ser considerados uma “faca de dois gumes”. Se por um lado permitem experiências intercaladas variadas e divertidas, por outro podem gerar partidas completamente insossas e monótonas em alguns mapas. Isso acontece porque, em uma primeira impressão, os mapas não foram desenvolvidos para todos os Ritmos de Combate. Alguns deles, como Red Star, Demyansk e Berlim, contam com áreas de jogo muito grandes que, em partidas de ritmo Tático (6×6), oferecem uma experiência muito lenta que não casa de jeito nenhum com a jogabilidade frenética da franquia.

Troca de tiros no mapa Dome

O oposto ocorre em mapas pequenos com ritmos Assalto e Blitz: o alto número de jogadores espalhados pelo cenário cria situações de ressurgimento que beiram o ridículo. Por vezes renasci do lado de um ou mais inimigos e fui morto segundos depois; por vezes o inimigo renasceu bem na minha frente e Deus que teve piedade dele, porque minha arma não teve. Em ambos os casos, é inaceitável esse tipo de situação. Isso prejudica o andamento da partida e a experiência de quem joga. Essa crítica vale não apenas para Call of Duty, mas para qualquer multijogador competitivo.

Problemas esclarecidos, é preciso enaltecer o comprometimento da Sledgehammer Games com a quantidade de conteúdo disponível. Ao todo, são 16 mapas para modos tradicionais como Mata-Mata. Dominação e Zona de Conflito, com grande variedade de cenários, como florestas nevadas, ruínas em um deserto e em um oásis e um campo de treinamento. De todos esses mapas, apenas dois, Castle e Dome, são remakes de mapas do saudoso Call of Duty World at War, de 2008.

Para sentir os nervos à flor da pele

Disputa de Champion Hill

O mais novo modo de jogo de Vanguard se chama Champion Hill. Aqui, oito times batalham para acabar com as vidas dos oponentes e buscar o título de campeão. As partidas são realizadas em mapas de escala bastante reduzida, em duplas ou trios. O armamento no início da partida é o mesmo para todos, mas, conforme as rodadas vão passando e os jogadores adquirindo dinheiro, estes podem comprar armas, melhorias e auxílios de campo em intervalos específicos durante os confrontos com o dinheiro adquirido previamente.

As rodadas são de 60 segundos. Eliminar inimigos tira uma vida do time rival. Quando as vidas de um time acabam, ele é eliminado do jogo. É preciso cautela, esperteza, frieza e comunicação constante entre os membros do time para ampliar as chances de sucesso.

Particularmente, Champion Hill foi basicamente mais um passatempo para conhecer o modo e sentir saudade daquele que o originou, Gunfight, apresentado primeiramente em Modern Warfare (2019). As disputas por rodadas de Gunfight eram mais intensas e nervosas, visto que a única forma de recuperar o desempenho era vencendo confrontos. Quem atingisse seis vitórias primeiro, levaria o título de campeão. Champion Hill ameniza um pouco as apostas, especialmente por oferecer a chance de comprar armas específicas e até mesmo vidas durante os intervalos de compra. É um modo bem-vindo? Sim. Mas só isso.

O modo Zzzzzzzzzzzumbis… 

Observando o cenário de Der Anfang

O modo Zumbis está de volta, e mais simples e sonolento do que nunca. Desenvolvido em conjunto com a Treyarch para dar continuidade à experiência criada durante o primeiro ano de Call of Duty Black Ops Cold War, é inacreditável que o conteúdo que trouxeram com Vanguard seja tão inferior ao que já produziram no último ano. Não esperava que basicamente tudo de Cold War estivesse presente em Vanguard, mas o que há disponível é completamente lamentável.

Há apenas um mapa, Der Anfang. Há uma área principal, uma praça em Stalingrado, onde os jogadores podem comprar melhorias para suas armas e tônicos fortalecedores (Perks), sacrificar corações obtidos após cada round para adquirir bônus passivos e melhorar suas armaduras em até três níveis. Três tipos de objetivos estão disponíveis: Blitz (Sobrevivência por tempo), Transmissão (Seguir um objeto por um determinado percurso) e Colheita (Coletar pedras mágicas deixadas por zumbis mortos e depositar em três totens mágicos). E é isso. Há apenas três objetivos disponíveis durante o modo Zumbis. Concluí-los concede pontos bônus e aumenta a dificuldade dos inimigos.

E por falar em inimigos, há apenas três tipos: os zumbis tradicionais, chamados Revenants; os Boom Schreiers, zumbis vermelhos explosivos cujo dano é alto mas a resistência é baixa; e os Sturmkrieger, brutamontes munidos de metralhadoras automáticas de alto calibre e dano. De novo: é isso. É incompreensível que a variedade de inimigos em Der Anfang seja tão limitada em comparação à experiência do modo Zumbis de Cold War. Seria muito louvável que alguns monstros apresentados anteriormente fossem ao menos adaptados para Vanguard, mesmo que de forma mais simples.

Atirando em zumbis

Para completar, ao menos no momento, não há os típicos easter eggs bem elaborados para serem concluídos, e nem mesmo uma conclusão geral da história apresentada pelo modo Zumbis. Sim, há uma história aqui que, por mais que tenha ligação com a trama zumbi de Cold War e seu Dark Aether, desinteressa a quem joga por ser inconclusiva neste capítulo em si (Der Anfang, cronologicamente, se passa antes de Die Maschine, apresentado em Cold War).

Em geral, o modo Zumbis de Call of Duty Vanguard é, por enquanto, apenas um passatempo para quem quer explodir cabeças podres, evoluir armas e desbloquear camuflagens. A variedade de monstros e objetivos é pífia e nem mesmo a evolução especial das armas com a estação Pack-a-Punch oferece visuais diferentes para elas.

Um já tradicional bom jogo

Call of Duty Vanguard é um “arroz com feijão” muito bem feito. Sua campanha é exagerada e explosiva, e entretém do início ao fim com momentos de tirar o fôlego. O modo multijogador é uma experiência muito boa, em geral, especialmente por ser muito semelhante, em todos os aspectos, com o Modern Warfare de 2019. A jogabilidade é precisa, letal e desafiadora na medida certa. A grande variedade de armas e mapas enriquecem, e muito, o pacote oferecido. O modo Zumbis, mesmo sendo uma experiência rasa nesse momento, pode e vai evoluir conforme as Temporadas de Vanguard forem sendo lançadas no fim do ano e ao longo do ano que vem.

Se Cold War pode ser considerado um passo para trás no que concerne às evoluções trazidas por MW, Vanguard corrige esse percurso e dá dois passos à frente, pavimentando o futuro para os próximos títulos da franquia.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Call of Duty Vanguard

8

nota final

8.0/10

Prós

  • Campanha explosiva e personagens carismáticos
  • Variedade de cenários visitados durante a campanha
  • Jogabilidade semelhante à Modern Warfare (2019)
  • Variedade de armas e mapas no multiplayer
  • Apresentação dos Ritmos de Combate

Contras

  • Problemas notórios de balanceamento de armas e renascimento nas partidas online
  • Modo Zumbis excessivamente raso, nesse momento