Gear.Club Unlimited 2 chega, finalmente, para consoles das famílias PlayStation e Xbox, além do PC, em uma edição suprema cuja quantidade de conteúdo é fenomenal, mas que, por conta de visuais esquisitos e repetição excessiva, é também maçante ao extremo.
Desenvolvimento: Eden Games
Distribuição: Microids
Jogadores: 1-4 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Corrida
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC e Switch
Duração: 21 horas (Campanha)/39 horas (100%)
Correndo para vencer
Gear.Club 2 conta com um modo história tão interessante quanto a lista de ingredientes de uma pasta de dentes. O protagonista é um piloto de testes que por acaso é efetivado como piloto oficial de uma equipe de corridas, cujo objetivo é conquistar o campeonato mundial e salvar uma família de pilotos da falência. Para isso, devem se qualificar em campeonatos de pontos em eventos por diversas regiões, sempre em categorias diferentes de veículos. Diálogos são apresentados em imagens estáticas na tela, e é preciso forçar muito o interesse nos personagens para poder acompanhar o que estão dizendo.
O jogo traz cinco tipos de eventos: Corridas no asfalto, com voltas e de um ponto a outro; Contra o Tempo, idênticas às anteriores, mas com carros rivais em forma fantasma; Rally e Eliminação, em que o último colocado ao final da contagem de 20 segundos é eliminado da disputa. A grande maioria desses eventos é curta, o que torna sessões prazerosas e recompensadoras.
Concluir as fases concede dinheiro, que pode ser utilizado na compra de novos veículos e melhorias para os possantes, assim como upgrades para a garagem do jogador e as Oficinas de Trabalho dentro dela. As oficinas permitem a instalação de novos itens que potencializam as características de cada veículo, como velocidade máxima, velocidade de aceleração e controle de direção nas curvas.
Os veículos são divididos em categorias, que vão de A1 até D3, sendo essa a mais potente e cara dentre todas. O grind em busca de dinheiro começa aqui. Em Gear.Club, o dinheiro vem e vai fácil demais. Um veículo de uma classe é utilizado por um ou dois campeonatos completos, no máximo, e então o jogador é obrigado a trocar por um de classe mais avançada para prosseguir na história. Isso cria um ciclo pouco divertido, que consiste em comprar um carro, gastar rios de dinheiro em melhorias e utilizá-lo por basicamente uma hora de jogo. É um ciclo que se torna enfadonho com muita rapidez.
Falta de identidade evidente
A jogabilidade de Gear.Club 2 é, em seu melhor, satisfatória, embora seja bem possível identificar que ele é voltado para pessoas mais casuais e até mesmo jovens. Não há dificuldade selecionável da Inteligência Artificial, mas apenas o nível de força das assistências de direção e frenagem oferecidas. Dessa forma é muito fácil vencer os oponentes: basta equipar os veículos com as melhores opções de peças focadas em velocidade máxima e velocidade de aceleração, para então disparar na frente dos rivais nas corridas e tornar qualquer desafio possível inexistente.
Em geral, a sensação que Gear.Club passa é que ele não sabe qual caminho escolher no que concerne sua jogabilidade e a dirigibilidade dos carros. Ele não é tão arcade quanto títulos como Need for Speed, cujas derrapagens pontuais ajudam em curvas mais acentuadas; e também não é preciso e exigente como em Forza Motorsport e Gran Turismo. Ainda assim, é preciso reconhecer que Gear.Club é capaz de divertir a partir do momento em que se acostuma com a dirigibilidade oferecida pelo game.
Uma pitada a mais de desafio
Os eventos principais são excessivamente fáceis, mas existem outras modalidades extras que oferecem desafios únicos e mais acentuados, com recompensas em dinheiro e até mesmo veículos únicos. É possível disputar recordes em uma Tabela de Líderes online no Campeonato Mundial, cujas provas consistem em percorrer a maior distância possível em um determinado período de tempo. A Porsche Series, por outro lado, nos coloca em disputas sazonais em que todos os corredores utilizam diferentes modelos da Porsche. Apenas o primeiro colocado se qualifica para a próxima etapa e, como prêmio, recebe um aumento na potência de seu próximo veículo no campeonato.
A modalidade mais interessante, porém, é a do Campeonato de Resistência. Nesse modo, a capacidade de pilotagem é colocada à prova em corridas por tempo fixo, em que deve gerenciar uso dos pneus e de combustível para conseguir se manter na prova e alcançar a maior posição possível. A inteligência artificial no Campeonato de Resistência é bem mais agressiva e inteligente do que na campanha tradicional. As pistas em circuitos fechados adicionam valor à experiência, especialmente se comparados com os cenários naturais insossos da grande maioria das pistas na campanha principal.
Bonito e feio ao mesmo tempo
A capacidade de Gear.Club ser bonito e feio simultaneamente surpreendeu-me de forma inimaginável. O título da Eden Games conta com cenários variados, como cânions no deserto, florestas, regiões costeiras, vilarejos e montanhas nevadas. Os eventos ocorrem em diferentes períodos do dia, com paisagens belíssimas especialmente no entardecer. Entretanto, a iluminação é esquisita. Se em algumas situações a luz parece natural e fidedigna, em outras ela beira o inaceitável, como o excesso do efeito de bloom ao ver a saída de um túnel, ou em uma caverna escura cuja luz programada no trecho ignora completamente o veículo, tornando-o um objeto 100% preto.
Os carros são muito bonitos em suas texturas e composição visual, e não ficam devendo a nenhum título de maior expressão. Entretanto, há o pecado de não cuidar de detalhes que poderiam enriquecer a experiência visual. Um bom exemplo é o fato de o motorista do carro ser estático, o que é possível perceber facilmente. Os faróis traseiros também são uma peculiaridade à parte, pois parecem iluminar de forma excessiva a estrada atrás do veículo, sendo algo que não parece acontecer no mundo real. É um efeito exagerado.
Em questão de desempenho, no PlayStation 5, Gear.Club Unlimited 2 almeja os 60 quadros por segundo e, embora pareça atingir esse objetivo, os objetos nos cenários parecem se mover sem nenhuma fluidez conforme a câmera se move. É difícil ser exato em definir o problema sem o equipamento adequado para medir dados específicos, como taxa de fps e framepacing (ambos afetam a fluidez da imagem, com picos de framepacing dando a impressão do jogo dar leves travadinhas). Mas, que a imagem não é totalmente fluida, ela não é.
Uma experiência positiva, apesar dos pesares
Gear.Club Unlimited 2 Ultimate Edition é um título de corrida extremamente simples. Seus visuais conseguem ser bonitos e feios ao mesmo tempo, embora seja preciso reconhecer que são bonitos na maior parte do tempo. Ele oferece uma seleção de carros respeitável com mais de 50 veículos de montadoras famosas, como Chevrolet, Porsche, Pagani e McLaren; bem como uma grande quantidade de eventos, pistas e modalidades únicas que ajudam a dar variedade na experiência.
É um título com problemas, mas extremamente acessível. Ele pode ser uma boa pedida para jogadores mais jovens, casuais e que desejam conhecer o gênero sem a necessidade de sistemas complexos de calibragem de carros ou controles excessivamente rígidos. Além disso, o multiplayer local para até quatro pessoas em tela dividida é uma boa pedida para quem quiser se divertir com amigos em um fim de semana despretensioso.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Gear.Club Unlimited 2 Ultimate Edition
Prós
- Quantidade de carros, eventos e modos
- Campeonato de Resistência é desafiador na medida certa
- Multiplayer para todos os gostos, online e offline
- Visuais dos carros e de alguns cenários são bem bonitos
Contras
- Iluminação do jogo deixa a desejar em algumas situações
- Processo repetitivo de avanço na campanha principal
- As pistas poderiam ter detalhes mais característicos
