Produzido pela Housemarque, Returnal é um jogo de tiro em terceira pessoa que mescla uma apresentação cinematográfica com uma jogabilidade rougelite e inimigos estilo bullet hell. Antes disponível para o PS5, o game chega agora aos computadores por meio da loja da Epic Games e da Steam, recebendo uma conversão de qualidade, embora decepcionante por conta de algumas falhas técnicas que não foram resolvidas pelos desenvolvedores.
Desenvolvimento: Housemarque, Climax Studios
Distribuição: PlayStation PC
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Dublagem, interface e legendas
Plataformas: PS5, PC
Duração: 19 horas (campanha)/57 horas (100%)
Pete e repete
Assumimos o papel de Selene Vassos, uma exploradora que fica presa em um loop temporal em um planeta alienígena misterioso, após uma viagem em busca de respostas a respeito de um sinal dar errado. O objetivo é quebrar o ciclo e escapar do pesadelo sem morrer, seja só ou através do cooperativo online.
Para suceder, é importante compreender que a frustração faz parte do jogo. Os desenvolvedores construíram uma experiência justa e balanceada, mesmo que isso não possa parecer verdade no decorrer das primeiras horas de jogatina. O shooter recompensa o estudo e a dedicação, sendo preciso entender o funcionamento de todos os inimigos para progredir, além de prestar atenção nos diversos itens espalhados nos mapas.
Returnal é desafiador e punitivo, mas acessível. A mecânica de loop é permissiva, e muitos recursos liberados são mantidos entre tentativas. Os produtores realizam um ótimo trabalho ao disponibilizar escolhas que facilitam a experiência, sem alterar a dificuldade propriamente dita. A ajuda de mira é ótima para aliviar parte da tensão e se concentrar em outros aspectos, dado que o título é situado em fases repletas de adversários, obstáculos e armadilhas que são geradas aleatoriamente.
O game foi inicialmente designado para um jogador, mas tudo é mais divertido e efetivamente menos frustrante na companhia de uma Selene secundária, apesar das partidas em rede sofrerem com limitações arbitrárias para o jogador visitante. O suporte completo ao crossplay está ausente e é possível apenas jogar entre usuários de lojas diferentes. A integração com a rede da Sony existe, mas é inútil, fornecendo somente trajes adicionais para a protagonista.
Vislumbrante
Returnal tem uma apresentação visual espetacular. O shooter combina todo o potencial da Unreal Engine com as capacidades da nova geração de consoles para entregar uma ambientação colorida, detalhada e extremamente destrutiva. É impressionante ver e ouvir o mundo como o mundo reage às ações de Selene graças ao insano sistema de áudio implementado.
No entanto, rodar Returnal no PC é um desafio adicional. O desempenho assusta em configurações modestas, apesar do esforço incrível por parte dos responsáveis para garantir uma boa performance para o maior número de hardwares distintos. A Climax Studios deu uma verdadeira aula de como portar algo para o PC, pois existem muitas opções disponíveis, além de testes de performances e um suporte excepcional para formatos de tela ultrawide.
Porém, faltou cuidado em relação ao polimento geral da conversão, resultando em um lançamento com travamentos e lags durante a campanha. Há vários crashes repentinos que causam perdas de progresso. Não é permitido criar saves manuais a fim de amenizar situações como essa, porque o sistema de salvamentos designado é desnecessariamente limitado. A única opção disponível é criar arquivos temporários ao fechar o jogo em momentos específicos, mas que são excluídos sempre que carregados.
O suporte ao mouse e teclado durante o tiroteio é sensacional e responsivo, combinando muito bem com um shooter frenético e alucinante como Returnal. A versão de PC suporta o joystick de PS4 normalmente, mas com funções de vibrações que não foram bem adaptadas, porque o título foi projetado com os gatilhos adaptativos e feedback tátil do Dual Sense em mente.
Imperdível
Returnal é uma experiência arcade divertidíssima, envelopada em um universo de ficção científica intrigante e complexo, com personagens com motivações que fogem do normal para jogos de grande orçamento. É ótimo ver o conceito de um roguelite aplicado em um título AAA, já que as mecânicas do gênero sempre foram restritas a produções independentes. Depois do sucesso do lançamento original, a Housemarque acabou sendo adquirida pela Sony, mostrando que o risco assumido pelas empresas valeu a pena. Tomara que o estúdio continue entregando games grandiosos e inovadores como esse.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong