Roki capa

Review Röki (Switch) – Uma linda narrativa modernizada

Roki faz parte de uma nova onda de jogos de adventure com uma abordagem modernizada. Lembro que antigamente os maiores títulos do gênero estavam debaixo do guarda-chuva da falecida Lucas Arts, e tínhamos grandes clássicos de peso como The Dig e o incrível Monkey Island. Sempre fui um fã aficionado desse tipo de jogabilidade, o famoso point ‘n’ click, em que você aponta um local para que o personagem caminhe e clica para que uma interação ocorra – tanto para com objetos quanto como para personagens não jogáveis.

Com o tempo, a fórmula foi ficando saturada, ainda mais com jogos da odiada Telltale Games que mais pareciam uma re-skin do título anterior. A verdade é que inovar dentro do gênero adventure não é uma tarefa tão fácil, visto que as maiores diferenças entre um jogo e outro ficam por conta da história, já que a jogabilidade normalmente gira em torno de resolução de puzzles e backtracking. Com Roki não vemos tantas novidades, porém a forma moderna escolhida é justamente o abandono do point ‘n’ click clássico, dando lugar à movimentação completa da protagonista. Porém, como falei, o enredo é uma peça importante neste gigante quebra-cabeça de aventura, e com certeza a história de Tove e seu irmãozinho Lars vai cativar desde os primeiros minutos de contato.

Desenvolvimento: Polygon Treehouse
Distribuição: United Label
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC e Switch
Duração: 9.5 horas (campanha)/15 horas (100%)

Amor de família

Família unida

Em Roki você é Tove, uma garotinha pré-adolescente que mora em um local isolado em meio à floresta com seu irmão Lars e o velho pai. Os irmãos perderam sua mãe há alguns anos, mas Tove ainda sente a dor desta perda e constantemente demonstra compaixão para com seu pai ao evitar com que ele se sinta solitário.

A garota cuida do pequeno irmão e até mesmo dos afazeres de casa, tomando conta até mesmo do trabalho de fazer o jantar. Tudo ia bem, até uma noite em que todos vão dormir e de repente uma criatura sombria surge na casa da família deixando tudo aos pedaços. Os filhos então acabam fugindo do perigo, mas seu “Papa” fica para trás após ser soterrado por destroços e vigas de madeira pegando fogo. Sem ter como mudar a situação, Tove desesperadamente pega o trenó do porão e vai pra bem longe do local com Lars.

Ambiente gélido

Todos estes trechos contados da história são dados ao jogador de forma interativa, de maneira que tudo seja sentido através da própria jogabilidade. Não há muitas cutscenes em Roki, e provavelmente por isso a imersão aumenta muito por sentir o controle das ações de Tove em suas mãos. A jogabilidade funciona muito bem e segue os padrões já conhecidos de clássicos do gênero. Tove pode interagir com objetos do cenário e pessoas pressionando o botão A do Switch, como também é capaz de abrir sua mochila com o X e misturar objetos para criar outros novos, usar itens em locais chave no cenário para resolver puzzles, entre outros elementos já batidos do estilo.

Apesar de ser uma forma de jogar já bastante empregada, aqui funciona muito bem e a recompensa por cada ato sucessivo é justamente a sensação de dever cumprido que Roki proporciona ao jogador o tempo todo. O que mais auxilia pessoas mais iniciantes e evita o famoso spam de interação para testar o que no cenário pode ser ativado é um comando que faz com que objetos passíveis de interação pisquem ao pressionar o analógico esquerdo. É uma técnica bastante inteligente, que tira a frustração da velha necessidade de precisar buscar manualmente tudo aquilo que pode ser uma interação em potencial.

Elementos conhecidos do gênero

O bosque

Como não podia faltar, o backtracking está presente, e isso não necessariamente um problema. Porém, a quantidade e o tempo que cada loading leva entre um cenário e outro pode não agradar. Quando alguns locais são muito longe para se voltar, acaba incomodando ver a mesma tela de carregamento toda vez, mas felizmente a cada mudança de ambiente o jogo é salvo automaticamente.

Mais à frente também existem alguns atalhos para transitar rapidamente entre locais relativamente distantes, o famoso fast travel. Porém, o recurso é implementado de forma contextual, e faz parte de um elemento dentro do próprio enredo que não tira a imersão por causa de seu uso.

Livrinho

Fora isso, Roki também possui uma espécie de conquistas internas, em que objetivos podem ser cumpridos para serem riscados em uma checklist. Locais visitados também são registrados no caderno de anotações de Tove, como também objetos curiosos que ela encontra por aí em suas explorações. A história se desenrola de uma forma até rápida, eu diria. Além de que os personagens encontrados ao longo da jornada são carismáticos e possuem um design incrível, como Trolls da floresta, sapos falantes e gatos gigantes com o pelo se tornando cinza – você vai entender quando jogar.

Uma pérola a ser conhecida

Troll

Como um grande fã de jogos da Lucas Arts, de acordo com o que mencionei no início do texto, Roki pra mim foi uma experiência estimulante e muito acima da média. Roki possui um polimento extremo, e é facilmente notável o quanto de carinho foi investido em seu desenvolvimento. Os gráficos são belíssimos e lembram o estilo cel-shading usado em alguns jogos da categoria anime nesta geração, além de que todas as animações são muito bem feitas.A trilha sonora não fica pra trás, e traz faixas musicais de alta qualidade que apenas ajudam a melhorar a ambientação dos cenários gélidos pelos quais passamos.

Roki é realmente uma grande surpresa deste ano, e mostra que cada vez mais a criação de uma obra prima no mundo dos games não necessariamente exige orçamentos gigantes e uma equipe colossal por trás de seu desenvolvimento. Certamente, se você é fã de point ‘n’ click ou abordagens mais recentes do gênero como Detroit: Become Human ou a falecida série de jogos de The Walking Dead, deveria muito experimentar a aventura de Tove em busca de respostas.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Röki

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • História cativante
  • Movimentação livre
  • Personagens carismáticos
  • Sistema de dicas
  • Localização em PTBR

Contras

  • Muitas telas de loading