Song of Horror Capa

Review Song of Horror (Xbox One) – Um mix entre boas ideias e muitos bugs

Song of Horror é o tipo de jogo que faz meu fã interior de games de Survival Horror ficar animado, porém, um pouco decepcionado por não ser algo exatamente pertencente a este gênero. Mesmo assim, com expectativas um tanto quanto baixas, o indie espanhol consegue surpreender, justamente pelo fato de conseguir capturar o que fazia títulos como o primeiro Resident Evil ser tão bom em transmitir aquela sensação de desconforto constante. A câmera fixa também é uma ótima escolha e aumenta ainda mais o sentimento de que algo está por vir a qualquer momento para te eliminar. Bom, mas nem tudo são flores. Originalmente lançado em 2019 para PC, o game chegou aos consoles em 2021, mas com vários problemas.

Desenvolvimento: Protocol Games
Distribuição: Raiser Games‬
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Terror
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Xbox One, PC
Duração: Sem registros

Exploração e medo à moda antiga

Daniel

Em Song of Horror somos Daniel Noyer, um ex-editor, ex-empreendedor e ex-alcoólatra divorciado que precisa ir atrás de um autor, Sebastian P. Husher, cliente da editora de livros onde trabalha, pois este não atende o telefone para falar a respeito de sua mais nova obra. Porém, ao chegar na casa do homem, Daniel percebe que tudo está vazio e bastante sombrio, como se alguém estivesse ali até pouco tempo atrás. Momentos depois, o protagonista começa a explorar a casa estranhamente inabitada, até que percebe uma porta bastante diferente e rústica em um dos cômodos. Ele resolve entrar ali e acaba desaparecendo sem deixar vestígios, fazendo com que seu chefe fique bastante preocupado.

Nossa missão, a partir dos acontecimentos iniciais, passa a ser ir atrás de Noyer. Para isso, precisamos escolher qual personagem fará a busca pelo rapaz, cada um tendo seu próprio equipamento e alguns itens únicos. São 5 episódios ao todo para completar a campanha, sendo possível escolher entre 3 níveis de dificuldade disponíveis inicialmente. Infelizmente, o jogo foi planejado para ter morte permanente, sendo permitido desabilitar essa funcionalidade apenas na dificuldade mais fácil que, para a decepção de muitos, acaba tirando a possibilidade de liberar o modo mais difícil ao terminar a história. O que é um tiro no pé, e você vai entender o porquê a seguir.

Personagens selecionáveis

Podemos escolher entre 4 personagens a cada episódio e, apesar deles possuírem diferentes itens consigo, a jogabilidade permanece a mesma, mudando apenas o comportamento de certas ações como uma lanterna e isqueiro. Song of Horror é recheado de exploração e quebra-cabeças, desafiando bastante a curiosidade e o sangue frio dos jogadores. A boa notícia é que muitas soluções para problemas aqui fazem total sentido, então dá para ter uma noção de qual o passo a ser tomado. O mapa também faz um trabalho bem competente mostrando quais locais estão trancados e onde já foi explorado, sendo um guia bem amigável para evitar ficar perdido.

Um diferencial bem bacana que Song of Horror traz são seus elementos de terror gerados proceduralmente. Aqui, enfrentamos constantemente uma presença maligna de nome, por incrível que pareça, Presença. Em alguns cômodos ela pode tentar invadir o local, sendo necessário passar por um quick time event para manter o local seguro. O mesmo acontece caso, em outros momentos, a Presença se aproxime de forma brusca, por isso precisamos nos esconder em um armário e manter o ritmo do coração controlado com RT e LT para evitar sermos descobertos. Esse último minigame passa muito uma sensação de imprecisão e acaba não sendo tão bem feito.

Caso percamos um personagem para a morte, é possível selecionar os que sobraram para voltar ao local e recuperar os itens da figura falecida. Também acabamos vendo sua alma parada no cômodo respectivo onde a morte ocorreu, sendo algo bastante assustador ao ser visto pela primeira vez. Felizmente, o progresso é continuado sem precisar passar por tudo novamente.

Problemas graves e castigos injustos

Clima tenso e aparições

Song of Horror nem de longe é um jogo perfeito, e isso muito se dá por conta de sua estrutura principal. Como dito anteriormente, ele possui um diferencial de gerar elementos de terror proceduralmente. Ou seja, é possível aleatoriamente ser atacado em um cômodo pela Presença, obrigando o jogador a realizar o quick time event para manter a porta fechada e evitar a morte. Porém, isso acabou acarretando vários bugs, que deram uma verdadeira dor de cabeça para os desenvolvedores corrigirem. É comum não conseguir avançar e ter que recomeçar, já que certos eventos acabam não recebendo a ação necessária para acontecerem, o que irrita bastante. Fiquei preso sem conseguir avançar simplesmente porque não consegui pegar um pedaço de papel, pois a ação não surgia para que fosse realizada. O mesmo acontece com a Presença, que pode acabar travando o personagem em um quarto não planejado sem a existência de um local para esconder-se.

Em termos de problemas graves temos a corrupção no save, que aconteceu com alguns usuários no lançamento. A empresa prometeu que lançaria patches para corrigir estes defeitos, mas tudo acabou levando bem mais tempo do que o prometido. Esperei pacientemente para que tudo fosse consertado para lançar este texto, porém um mês já se passou e os problemas persistem. Então, fica o aviso caso se interesse pelo jogo: você pode ficar travado em algum episódio e precisará recomeçá-lo, o que aconteceu comigo, ou pode simplesmente perder todo seu progresso – assumindo que não o tenha salvo na nuvem.

Armadilhas injustas

A exploração muitas vezes acaba castigando o jogador com uma morte instantânea sem qualquer tipo de misericórdia, apresentando quartos e objetos que, ao interagir com eles, o resultado acaba sendo uma morte permanente de algum personagem sem chance de continuar – ao menos que esteja jogando na dificuldade mais fácil. Isso é bastante frustrante, considerando que o Song of Horror foi planejado para ser jogado com o permadeath ativado, então o incentivo para selecionar a dificuldade mais baixa acaba sendo agravado por esse problema de game design.

Por fim, Song of Horror possui gráficos tenebrosos, e no mau sentido. Os modelos 3D parecem ter vindos diretamente da geração Xbox 360 e PS3, com rostos bem plastificados e dentes simplesmente brancos e planos como uma dentadura. Realmente, em termos visuais o indie deixa bastante a desejar.

Lançamento tristemente desastroso

Song of Horror é um jogo incrível que faz muito daquilo que já não é praticado mais na mídia mainstream, como em produtos clássicos da era PS2 e PS1. É um deleite ser um fã de games de terror e poder colocar as mãos neste indie tão diferente e único, ao mesmo tempo que é uma decepção tremenda ter um lançamento tão desastroso que, conforme observei, resultou em irritação e pedidos de reembolso.

Os elementos de terror gerados proceduralmente são geniais para manter a tensão sempre alta, já que qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento. Os puzzles são interessantes e bem bolados, além de que a exploração é divertida de ser realizada. Porém, ao mesmo tempo ela castiga os mais curiosos, por causa do elemento de permadeath existente na dificuldade padrão. Mesmo assim, a dificuldade mais fácil remove esse componente, o que é um alívio já que a ideia não foi tão bem implementada assim. Bom, espero que consertem Song of Horror o quanto antes, já que a quantidade de problemas técnicos existentes aqui não é brincadeira.

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Song of Horror

5.5

Nota final

5.5/10

Prós

  • Elementos gerados proceduralmente
  • Exploração satisfatória
  • Quebra-cabeças bem bolados
  • Clima tenso e ambientação excelente

Contras

  • Bugs severos
  • Corrupção de save
  • Gráficos ultrapassados demais
  • O jogo castiga a exploração