Tropas Estelares é uma premiada obra de ficção científica do ilustre autor estadunidense Robert Heinlein, lançada em 1959, sendo um dos maiores clássicos do gênero. Ela ganhou um filme homônimo em 1997, que prevalece como um clássico cult do diretor Paul Verhoeven (Robocop, Total Recall) – e, talvez, pouco lembrado pelas pessoas.
Starship Troopers: Terran Command é totalmente baseado nesse longa-metragem e traz frescor à obra, suas sequências e ao seu universo em si. O jogo trabalha muito bem como um jogo de estratégia (RTS) e traz uma história OK, capaz até de expandir a lore das tropas mais colonialistas e militaristas do espaço sideral.
Desenvolvimento: The Artistocrats
Distribuição: Slitherine Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia
Classificação: 14 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC
Duração: 11.5 horas (campanha)
Nostalgia em miniaturas
Ao abrir a campanha, você logo se depara com uma cutscene da Federal Network, com uma narração de redenção da última batalha perdida dos humanos, vociferando contra os insetos violentos de Kwalasha (planeta a ser colonizado pelas tropas estelares humanas) e vendendo um colonialismo barato para um futuro próspero da humanidade nesse estranho canto do universo. Além disso, você experiencia a primeira batalha – bastante similar à do filme, inclusive – brutal e enorme, contra os gigantes insetos aracnídeos e bombardeiros que estão atirando plasma aos céus e derrubando as naves de desembarque das tropas.
Starship Troopers: Terran Command te põe na pele de um oficial dessas tropas e você controla unidades bem armadas desde o início, a fim de exterminar os insetos gigantes e limpar seus ninhos pelos mapas desérticos e urbanos. Esse é um clássico RTS muito bem feito, dividido em 19 fases e 2 desafios num modelo arcade engajador e que remete a jogos mais antigos do gênero. Ele conta com gráficos bem competentes, animações nem tanto, mapas labirínticos desenhados cuidadosamente, e é simplificado em mecânicas agressivas e defensivas.
Jogar com múltiplas unidades – e singulares em suas características -, encontrando o melhor caminho e dominando aos poucos suas mecânicas, é uma delícia. Você pode esperar cada vez mais mais satisfação ao avançar no jogo, mesmo que no ritmo lento que ele se impõe, pois novas unidades, estratégias e tecnologias sempre são apresentadas.
A evolução se dá também pela liberação de novos edifícios de munição ou tecnologia a serem construídos nas estações de comunicação e fortes do planeta, mas nunca estimula o desenvolvimento dessas, como acontece na franquia Age of Empires, por exemplo. Isso pode frustrar um pouco, mas se casa muito bem com o estilo arcade do jogo, incentivando bastante o avanço pelo mapa e o cumprimento dos objetivos principais e secundários.
Estratégia sem controle absoluto?
Ainda que bastante funcional e intuitivo, alguns pontos sem polimento pelos mapas diversos travam uma jogabilidade super fluida. Algumas animações também parecem estar bugadas, com queda de fps em elementos (sprites) específicos e travamento de unidades em certos espaços, geralmente em esquinas dos mapas; defeitos que impactam muito no progresso ou em pequenas janelas de vantagens que se abrem no jogo ao imobilizar totalmente uma unidade militar, o que é gravíssimo.
O tutorial acontece gradualmente e conforme se avança nas fases mais iniciais, porém, de tão granular e lento, ele sempre causa a impressão de que está truncado. Informações essenciais são passadas em cada “dose” de evolução, mas o que se relaciona a elas não são, causando certa carência na curva de aprendizagem do jogo mais para o seu meio, induzindo muito ao erro, infelizmente.
Outras duas questões: o teclado poderia ser melhor aproveitado, oferecendo mais esquemas estratégicos em sinergia com os desafios impostos em cada fase, dada certa tradição desse controle em jogos de RTS (vide jogadores profissionais de StarCraft usando o máximo potencial de seus teclados); organizar unidades é tarefa impossível, ou seja, é preciso usar a memorização e o acompanhamento direto delas na fase, e não na bandeja de contagem. Formações táticas e modos de comportamento dessas unidades também fazem falta. Entretanto, nada desses aspectos atrapalha totalmente a jogabilidade, mas ao contrário: estimula a criatividade do jogador com essas ferramentas rudimentares em diferentes situações estratégicas.
Escolha suas batalhas
Starship Troopers é uma obra única e foi completamente respeitada pelos desenvolvedores. O jogo atual não só trouxe muito frescor a esse universo, como também entregou um RTS arcade muito satisfatório de ser jogado, mesmo com alguns problemas não tão impactantes e facilmente solucionáveis. É interessante ver toda a lore bem aproveitada e expandida meticulosamente, criando fases frenéticas e um tanto viciantes (especialmente aos fãs da obra e de jogos de estratégia). É muito admirável perceber como a expertise para jogos de estratégia da distribuidora unida à Artistocrats favoreceu a construção de um produto muito bom e à altura de jogos de estratégia contemporâneos.
No fim das contas, acredito que seu preço na Steam paga pela diversão que oferece. Dentro de seu microcosmo, Starship Troopers: Terran Command é um jogo dinâmico que entrega conteúdo suficiente para satisfazer por boas horas de jogatina. Então junte suas tropas estelares e esmague insetos gigantes com alto poder de fogo em Kwalasha.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Starship Troopers: Terran Command
Prós
- Jogabilidade fluida e simples
- Fácil de dominar
- Desafiador na medida certa
- Gerenciamento e ritmo satisfatórios
- Trilha sonora muito boa
Contras
- Tutoriais truncados
- Organizar unidades é impossível
- Falta certo polimento
- Um pouco repetitivo
