Tasomachi

Review Tasomachi (Switch) – Feito para relaxar

Se você está procurando algo que se passa mundo de fantasia, com uma arte atraente que não lida com cenas de ação exagerada, Tasomachi é o seu jogo. O trabalho de designer japonês Nocras, mixado com as partituras do músico youtuber Ujico*, faz uma obra muito agradável, a qual você certamente vai adorar visitar para relaxar. 

Explicitamente projetado para ser discreto, sem ser difícil, sem morte de jogadores e sem grandes objetivos além de coletar coisas, somos levados à uma ação que nos envolve com de forma intimista e silenciosa que supera de forma suave o elemento de repetição.

Desenvolvimento: Orbital Express
Distribuição: PLAYISM
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação
Classificação: Livre
Português: Legendas e Interface
Plataforma: PC, Switch, PS4
Duração: 4 horas (campanha)/10 horas (100%)

O charme de Tasomachi 

Nossa aventureira, Yukumo

O charme de Tasomachi é visto logo de cara. Encarnamos Yukumo, uma garota ágil e à prova de quedas, cujo dirigível cai na surpreendente cidade de To-en durante uma viagem ao longo da costa. Logo descobrimos que aquela cidade, repleta da arquitetura do extremo oriente, sucumbiu a um misterioso nevoeiro mágico. Uma das pessoas-gato residentes no lugar nos avisa que, para consertar a nave, precisamos acabar com essa maldição reunindo lanternas chamadas Fontes da Terra (Sources of The Earth, no original) e buscando a bênção das Sacred Trees.

Isso é praticamente tudo o que há nessa história de mais ou menos cinco horas. Fora do mundo do jogo, Yukumo poderia ser qualquer um – um sábio viajante ou mercenário, uma heroína de renome. Houve momentos em que eu me perguntei, olhando para sua expressão sem piscar, se ela era realmente uma vilã de algum tipo – ou o arqui-inimigo de alguma narrativa épica envolvendo os criadores de vasos e balões, que missões de quebra-cabeça posteriores pedem que você destrua. Mas, dentro do jogo, ela é apenas uma garota interrompida a caminho de outro lugar. E a calamidade em questão é apenas um caso persistente de mau tempo. Ela não está aqui para corrigir grandes transgressões da humanidade e salvar o universo, mas Yukumo quer somente ajudar um bando de gatos a trazer aquela cidade à normalidade.

Sobre a liberdade de contemplar

Um jogo realmente bonito

Se compararmos com jogos de grande escala, Tasomachi se parece em muito com uma missão secundária, que nesse caso é o ponto principal, e, como dizem por aí: é sobre isso e tá tudo bem. O resultado é que, mesmo em seus momentos mais desafiadores, que não são muito desafiadores, parece libertador e contemplativo de uma maneira que muitas vezes esqueço que os jogos podem ser. Podemos andar, respirando lentamente, bisbilhotando lugares e aproveitando a trilha sonora sublime.

Essa é uma obra na qual existe uma simbiose entre cidade e masmorra. Existem quatro distritos carregados separadamente, além de uma área no fim do jogo. Cada um é envolto em névoa no início, com rotas bloqueadas por chamas azuis. Aqui nós buscaremos moedas, principalmente gastas em roupas e decorações para o templo na primeira área e as lanternas que abrem as portas para Sacred Tree Shrines, onde temos desafios de plataforma que exigem mais atenção.

Um ambiente maravilhoso

Precisamos vencer todos os desafios do santuário para abrir a porta para a Árvore Sagrada, que concede uma nova habilidade  enquanto extingue as chamas do lado de fora e afasta a neblina. As mecânicas e os movimentos nos momentos de plataforma são leves, mas não são perfeitos, e Yukumo por vezes parece um boneco que flutua no ar, como um balão, e acredito que nisso poderia ter mais um pouco de peso. Tasomachi permite que você pule qualquer coisa que te dê nos nervos, utilizando Sources of the Earth, enquanto explora os Santuários da Árvore Sagrada, te deixando ainda mais relaxado. 

Mesmo em seus momentos mais ágeis, Tasomachi é limpo de toda a brusquidão e discórdia, pois ele não esconde que foi construído abertamente para acalmar. Há placas no estilo Zelda para ler com instruções, ou trechos que contam um pouco da história daquele mundo. Tasomachi nos diz para irmos com calma quanto aos recursos, e ele basicamente nos fala “tenha paciência, pois tudo vai se resolver no seu tempo. E não se preocupe nem com as moedas, pois elas vão aparecer de novo também.”. Indo no nosso ritmo percebemos que, quanto mais perto do fim, mais agitação vemos em To-en, dirigíveis no céu, mais barcos nos portos e mais agitação. Agitação essa que preludia o fim do jogo.

Ar fresco

Talvez podemos lamentar que, pelo limite monetário, Tasomachi não nos envolve como achamos que ele deveria nos envolver, com vários NPCs, e tarefas. Coisas essas que iriam doer no orçamento dos desenvolvedores. Mas, no fundo, acho que essa é a experiência correta.

Podemos dizer que Tasomachi é feito para nos acalmar, e eu falaria que isso tem menos a ver com seus modelos de personagens ou móveis delicados, e mais, novamente, com sua  falta de senso de urgência. Tasomachi entende que há coisas maiores na vida do que jogos, por mais consoladores que os videogames possam ser. O jogo parece entender que fora do mundo dos games temos uma vida, e que você está mais do que certo em saborear certos pratos com calma. 

A obra não deseja ser mais do que ela apresenta. To-en é um lugar incrível, tendo vida e paisagens, mas é desprovido de grandiosidade. Contudo, ele pode em muito parece um colega carinhoso que adora suas visitas e vai adorar passar algum tempo com você.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Tasomachi

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Arte muito bonita
  • Boa trilha sonora
  • Um jogo relaxante

Contras

  • Pode frustrar por ser simples
  • Pequenos problemas técnicos