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Review Tchia (PS4) – Conhecendo Nova Caledônia com diversão e liberdade

Tchia é um jogo de exploração com puzzles que lembra muito The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Tal comparação é feita exatamente pela liberdade que temos, mas seu limiar fica na inspiração inteiramente cultural e territorial da Nova Caledônia. Portanto, Tchia é quase um guia turístico, no qual podemos explorar basicamente tudo e se divertir em muitas atividades. Porém, ele não para de nos ensinar e mostrar as belezas de um lugar pouco conhecido pelo mundo.

Desenvolvimento: Awaceb

Distribuição: Kepler Interactive Limited

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura

Classificação: 10 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, PS5 

Duração: 6,5 horas (campanha)/13 horas (100%)

Turismo diferenciado

Tchia fazendo um hang loose.

Tchia tem como base toda a Nova Caledônia. Nessa história sobre uma menina de nome homônimo, os desenvolvedores da Awaceb abraçaram demais o que o país tem para oferecer. A aventura de Tchia é para resgatar seu pai sequestrado por piratas, mas isso não me prendeu tanto, e não é um ponto negativo. A menina, assim como a história, é carismática, fofa e especial, conseguindo arrancar uns sorrisos no meio tempo e oferecer momentos que aquecem o coração.

O brilho verdadeiro de Tchia, para mim, é a sensação de turismo e aprendizado que temos até alcançar tal objetivo. Comidas, flora, fauna, costumes, danças, músicas, festas e rituais são existentes em várias cinemáticas e explicadas no diário. Um exemplo que nos segue do início ao fim é o Coutume. Tal ritual é feito para agradecer ou fazer um pedido a alguém através de presentes. Como precisamos pedir muita ajuda, então, recolher itens especiais por toda ilha é constante.

Uma festa com boas músicas da cultura local.

Outro ponto que é muito apreciativo é o uso da língua própria da Nova Caledônia, escalando dubladores do país. Embora seja falado o francês, os nativos combinam ele com a língua melanésia, criando novos sotaques e palavras e, também, formando uma linguagem única e pouco conhecida. Isso amplia a sensação de estar “turistando” por meio de Tchia, o que intensifica ainda mais a imersão, facilitada com as legendas em português.

Liberdade que assusta

O mundo de Tchia é enorme, onde até o mar pode ser bem explorado.

O mundo de Tchia é enorme e com muito a se fazer. Há atividades de tiro ao alvo, corridas, jogos de garra, estátuas para serem destruídas e inimigos para derrotar. Porém, poucas são um atrativo por recompensarem com roupas e outros cosméticos. 

Há também um excesso de colecionáveis, como souvenirs, que não trazem satisfação em um primeiro momento. Além disso, o tamanho do mapa é tão grande e cheio de possibilidades que andar por muito tempo é recorrente. Em contrapartida, a liberdade auxilia um pouco, apesar de suas singelas limitações.

A Transferência de Alma é a mecânica mais chamativa de Tchia.

Seguindo o molde que vemos em BOTW, Tchia detém uma energia que se esgota ao fazer esforços, como planar, escalar e nadar. É possível subir e pular entre árvores, vasculhar o oceano à vontade ou escalar uma montanha e aproveitar a vista. Entretanto, para aumentar tal energia, é preciso pegar muitas Frutas de Energia, visto que cada uma só aumenta um ponto, exigindo uma procura incessante.

O verdadeiro diferencial em Tchia é a Transferência de Alma, que nos permite tomar o controle de animais e objetos inanimados. Tubarões, aves e cães são exemplos de animais, cada um com sua habilidade, desde cagar nos outros até latir. A limitação fica apenas na Barra de Alma, que se esgota com o uso, mas recompõe-se quando comemos. E, ainda assim, a liberdade aumenta.

Melodias de Alma sobre a hora do dia, mas há outras possibilidades.

O que mais gostei em Tchia, e que reforça como é um jogo especial e relaxante, é a possibilidade de mudar o tempo do dia com as Melodias de Alma. Elas nos permitem explorar as ilhas como queremos apenas com o tocar de notas certas, mas o desbloqueio demanda criar estátuas de pedra, e existem pouquíssimas delas. Apesar de toda essa liberdade.

Uma carta de amor em forma de jogo

Tchia é um jogo especial e providencia ótimos momentos de calmaria. Andar pelas ilhas inspiradas em Nova Caledônia como e quando quisermos traz uma forte sensação de turismo diferenciado. A liberdade e o tamanho do mapa são assustadores, mas, na medida que exploramos, as coisas ficam mais fáceis. Até lá, no entanto, é necessário andar e explorar muito, o que pode ser bem desanimador no início. Outro ponto que causa isso são as recompensas por nossa curiosidade, que nem sempre serão as melhores. 

Embora tudo isso ocorra, Tchia é um jogo que deve ser aproveitado de forma contemplativa, com calma, paciência e mente aberta. Se essa for sua vibe, então, os momentos de muita caminhada serão proveitosos pela vista oferecida, música e cultura local. Do contrário, Tchia pode ser mais um tormento do que uma bela viagem pela Nova Caledônia, portanto, deve ser evitado.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Tchia

8.5

Nota final

8.5/10

Prós

  • Muita liberdade de como explorar
  • Atividades secundárias divertidas
  • Mundo aberto enorme
  • Contínua sensação de turismo
  • Personagem principal carismática

Contras

  • Andar demais é recorrente
  • Há colecionáveis demais que não fazem sentido