O Monte Morbus era um lugar pacífico e adorável, como qualquer ambiente antes de uma catástrofe inesperada. Então, a Serpente se abrigou nas raízes dessa paisagem, lançando a Corrupção em toda terra. Você, como um Guardião, foi invocado para utilizar de poções e criatividade para combater esse mal, e restaurar a harmonia.
Desenvolvimento: Sengi Games
Distribuição: Team17
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Switch
Duração: 3 horas (campanha)
Ideias na teoria

Após ler essa introdução sobre The Serpent Rogue, talvez você pense que conhecimento e desafios te esperam nessa aventura. Bom, isso seria uma meia verdade, pois tudo será muito desafiador sim, necessitará de muito conhecimento, mas, principalmente, de paciência.
Antes de sair por aí salvando o mundo, será necessário criar poções. Coletar, analisar e misturar os ingredientes certos é inevitável. Depois de tudo isso, é possível salvar a galera do monte? Não, pois você precisa vender as poções para elas, para que permaneçam por ali vivas e depois criem laços com você, mas isso leva tempo.

Há uma variedade de NPCs em The Serpent Rogue, assim como itens. Criação é uma mecânica importantíssima para o avanço da história e sobrevivência do Guardião. Porém, conseguir os materiais necessários para construção de armas, ferramentas e até certas poções levam tempo ou são muito difíceis.
Resumidamente, jogar da forma certa como é introduzido a partir de missões principais e secundárias é demorado e tedioso. A ideia no papel é interessante, mas não é o maior atrativo quando está na prática, pois nos faz depender de outras mecânicas que… também não funcionam muito bem.
A prática disfuncional

Conforme vamos explorando o mundo aberto de The Serpent Rogue, descobrimos áreas e perigos que exigem atenção. Das muitas existentes, quero focar em uma que traz consigo uma mecânica muito interessante no papel, mas que complica mais do que ajuda: a compra de almas perdidas.
Um marinheiro bem ranzinza traz em seu navio almas que não puderam ir para o reino da morte. Aqui você pode encontrar de tudo, desde crianças até esqueletos. Ao comprá-los, eles automaticamente criam um laço com você e irão lhe seguir aonde for.

Cada um desses “servos” traz consigo itens como ferramentas, materiais e consumíveis. Como disse anteriormente, que eles são difíceis de encontrar, esse foi o método mais fácil para consegui-los através desses companheiros. Agora, o problema por trás dessa mecânica é que os materiais mais básicos só são encontrados aqui e não pelo mapa. Isso faz com que o início seja mega lento e tedioso e, caso você não encontre logo essa área, conseguirá avançar até achar.
Além desse problema, existe um outro que é lidar com esses companheiros. Podemos mandar neles pedindo para ficarem na vila inicial ou que carreguem itens. Porém, quando se há muitos, fica uma confusão grande, pois torna-se um RTS disfuncional com todos aglomerados em cima do Guardião. É difícil interagir com itens, já que o mesmo botão para mandar neles é usado. Aliás, eles são importantes para batalhas, mas a inteligência artificial ataca todos os inimigos que vê e só para depois que morrer.

Continuando sobre o combate, ele é um ponto inútil, irritante e chato em The Serpent Rogue. Aqui podemos atacar e defender, e ambos consomem estamina. O combate até parece um sistema extremamente secundário, pois os ataques no geral são imprecisos e defender é punitivo, já que ainda perdemos vida ao fazer isso. Portanto, lutar contra os monstros é como dar um tiro no escuro e não há como desviar, então você tem que calcular bem quando atacar e recuar e, mesmo assim, ainda corre o risco de não funcionar.
Pontos que salvam

Depois de tanto estresse e catástrofe, The Serpent Rogue funciona do seu jeito. Mesmo com todos os problemas citados acima, existem alguns pontos que salvam e divertem um pouco e, para não ser injusto, citarei eles.
Após um longo percurso descobrindo ingredientes e recolhendo materiais, é possível produzir poções que transformam o Guardião em animais. Meu divertimento foi se transformar em galinha e sair bicando inimigos por aí, pois fazia um som engraçado. Além da galinha, também é possível virar um lobo, rato, serpente e sapo.

Além das poções engraçadas, os personagens, assim como o Monte Morbus, são muito bem feitos e possuem muitos segredos. A forma como cada região se interliga e detém suas próprias particularidades faz da exploração um ponto muito positivo.
Por fim, The Serpent Rogue tenta propor para quem joga um sistema de ação e reação. Por exemplo: matar um inimigo e deixá-lo no local faz com que ratos e caniçais se juntem na área, aumentando o perigo. Você pode matar de tudo, mas isso não é o ideal. Se o combate funcionasse direito, seria uma opção considerável, porém, não é o que acontece.
Queria ter gostado mais
The Serpent Rogue é um game que me entristeceu muito. Ao ler o resumo no site da Nintendo e ver alguns vídeos, me senti privilegiado de jogá-lo. Porém, todas as suas ideias são ótimas no papel, mas mal executadas. O início é lento, difícil e pouco explicativo. Só depois de muitas horas é que uma coisa ou outra funciona e você até se sente recompensado, mas não por muito tempo. Toda a ideia de sobrevivência e descobrimento vai para o saco pela sua complexidade e demora em dar resultados.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong