The Sinking City

Review The Sinking City (Switch) – Investigação e monotonia

Sendo mais um jogo baseado no universo de H.P. Lovecraft – sim, atualmente temos muito disso -, The Sinking City é um título com boas ideias e uma mistura bem ampla de várias mecânicas diferentes. Porém, o que se nota é que, às vezes, quando se investe muito em um lado, o outro não consegue compensar tão bem.

Desenvolvido pela Frogwares, famosa pelos jogos Sherlock Holmes Crimes & Punishments e Sherlock Holmes The Devil’s Daughter, The Sinking City parece não saber trabalhar muito bem ao tentar expandir seus horizontes se tratando de um gameplay que vai além da investigação.

Desenvolvimento: Frogwares
Edição: Frogwares
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação indicativa: 18 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas:  PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração:  19 horas (campanha)/ 27 horas (100%)

"Faça isso pra mim, e te darei mais missões"

Respostas para suas perguntas

Em The Sinking City você é o investigador Charles Reed, que parte para Oakmont em busca de uma solução para suas visões, de inundações e monstros grotescos, que surgiram após ter servido na 1ª Guerra – citada aqui como a Grande Guerra por causa da época em que se passa a história.

Chegando no local, Reed descobre que algo de muito estranho está acontecendo por lá. Os habitantes locais contam que aconteceu algo que chamam de O Dilúvio, e desde então a cidade ficou parcialmente submersa. Suas missões iniciais se resumem em fazer favores para pessoas aqui e ali, sempre buscando algo e levando para quem requisitou a tarefa a fim de prosseguir para o próximo NPC e adquirir outra missão.

Navegar eu vou

Isso, somado ao fato de que a movimentação do personagem é bem ruim e abaixo da média. É um trabalho bastante incômodo ter que andar de um ponto a outro do jogo, mas felizmente o fôlego é algo com o qual não precisamos nos preocupar.

Porém, tenha em mente que boa parte do jogo você passará andando entre as ruas largas e vazias, ou então navegando com um bote a motor pelos bairros inundados à procura de itens e batalhas contra os monstros do lugar.

Argh, esse mapa de The Sinking City

Ao menos o enredo é interessante o bastante e conseguiu prender minha atenção na maior parte do tempo. A todo momento me encontrava curioso para saber o que aconteceu com certas pessoas ou como resolver a próxima missão.

Por isso, a história é um dos poucos pontos a serem considerados como bem sucedidos por aqui, e confesso ter me surpreendido com as ligações que esta vai criando.

Loadings eternos

Respostas para perguntas

Certo, vamos para o maior problema que persegue o jogo como um todo: o mapa. Orientar-se pelo mapa em The Sinking City é simplesmente uma experiência terrível. Não existe um ponto nele dizendo onde você precisa ir, mas sim você é quem tem o dever de criar um marcador visual para depois seguir durante o gameplay.

Funciona assim: você abre o mapa e escolhe um ícone para colocar em um local específico. Simples assim, se você colocou ali é porque você acha que o objetivo da missão se encontra naquele ponto. É algo completamente manual e passivo de erros. Uma vez colocado o marcador, na sua bússola aparece para onde tem que ir.

Essa, na minha opinião, foi uma escolha bastante falha. A quantidade de vezes que me peguei pressionando o botão para entrar no mapa foi simplesmente insana! É praticamente impossível se guiar pela cidade sem verificar onde você está a cada minuto. Aparentemente, alguém teve a ideia de criar algo não tão simples de se resolver, mas acabou caindo em um game design ruim.

Mas nem tudo está perdido, porque em alguns locais você descobre cabines telefônicas, as quais você usa como uma espécie de fast travel. Porém, como muitas ideias boas neste jogo foram feitas de forma ruim, o tempo de loading entre uma viagem rápida e outra é muito irritante e demora um bocado.

Crafting para sobreviver

Fazendo de tudo, e um pouco de nada

O jogo vai te apresentando mecânicas pouco a pouco, e você fica extremamente animado porque imagina que tudo será bem aproveitado ao longo do jogo de forma magistral. Bom, aí é que caímos no engano.

The Sinking City acaba esbarrando no pecado de “tentar abraçar o mundo”, deixando várias pontas soltas em suas mecânicas, as quais poderiam ter sido genialmente trabalhadas.

Caso você não saiba, sou um fã assíduo de jogos survival horror, principalmente quando estes me dão uma forma de me defender. O protagonista porta uma arma durante todo o jogo, além de uma pá que pode ser usada em ataques de curta distância.

O problema é que, em grande parte do tempo, sua obsessão por encontrar materiais para criar mais balas para suas armas de fogo, molotov, granadas e outros itens será algo bem frustrante. Acabei optando por diminuir a dificuldade do jogo por causa de escassez, já que o ataque com a pá não é eficaz o bastante para te manter vivo.

Essa parte do jogo foi maneira

Isso pode ser parcialmente resolvido aumentando, por exemplo, a quantidade de balas que você pode carregar através da árvore de habilidades. Também é possível aprimorar o quanto você tira de dano de seus inimigos, mas até que isso seja possível no jogo, a irritação já tomou conta da mecânica. Talvez o crafting não tenha sido uma boa ideia.

Para ajudar, mirar nos monstros que assolam Oakmont é muito ruim usando os analógicos, e facilmente você vai errar seus tiros por causa da imprecisão.

Desvendar as cenas foi demais

A parte bem resolvida do jogo

Bom, não é para menos que o forte deste jogo é a história e a investigação. Reed precisa reconstruir cenas através da lógica em muitas missões do jogo, através das visões que ele consegue ter e pistas deixadas pelo ambiente. Por isso, constantemente você terá que entender o que exatamente aconteceu numa cena ligando os pontos e, posteriormente, estabelecendo a sequência dos fatos.

Também existe uma forma de descobrir mais sobre pessoas e acontecimentos fazendo combinações nos arquivos da polícia, hospital, universidade e etc. Uma vez feito a combinação certa, o jogo cria novas pistas para missões que você precisa resolver.

Quando você acertar, irá se animar

Foi a coisa mais divertida que o jogo me apresentou como um todo. Além do próprio enredo, investigar e deduzir os eventos em The Sinking City foi um trabalho verdadeiramente legal de se fazer. O maior problema, como já falei, é que interagir com estas missões exige muita caminhada e momentos se sentindo perdido em Oakmont.

Nos jogos de Sherlock Holmes isso não acontecia, porque lá foram feitos mundos mais fechados e com menos liberdade. Portanto, a escolha de criar algo mais sandbox não foi tão bem pensada no fim das contas.

Aliás, aqui vão alguns detalhes da versão para Nintendo Switch, a qual foi usada para esta análise:

  • Performance abaixo da média
  • Gráficos embaçados
  • Resolução ruim
  • Suporte a toques na tela nos menus
  • Controles de movimento (ruins) para a mira

Um bom jogo com escolhas ruins

The Sinking City é um bom jogo. Seu maior problema é querer dar liberdade demais ao jogador, o colocando num mundo de várias mecânicas imperfeitas e longas distâncias para andar. Fora isso, a exigência do crafting também não é algo tão divertido, uma vez que você depende disso para sobreviver em lutas que acontecem de repente em vários lugares do jogo.

Fora estes elementos, ele cativa pela investigação e as deduções, coisas que a Frogwares sempre soube fazer em seus títulos.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

The Sinking City

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Sistemas de dedução
  • História interessante

Contras

  • Controles ruins
  • Movimentação lenta
  • Crafting e escassez
  • Repetitivo
  • Missões irrelevantes