Existem as séries de jogos que atravessam gerações, ora se reinventando ora trazendo a mesmíssima experiência de gerações de décadas atrás. Tomb Raider I-II-III Remastered é uma mescla de ambas situações, com sua proposta de gráficos repaginados dentro da estrutura dos jogos originais. E já adianto: é uma experiência ímpar.
Desenvolvimento: Aspyr, Crystal Dynamics
Distribuição: Aspyr
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, aventura
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 26.5 horas (campanha)/46 horas (100%)
A antiga Lara de volta
A coletânea traz a remasterização dos três primeiros games da série Tomb Raider juntamente com todas suas versões Gold, lançados originalmente na década de 90 para PC e PlayStation 1 com cenários extras. Quem ficou responsável pela remasterização foi a Aspyr, empresa que já realizou um total de 6 trabalhos de ports para diversas plataformas.
Era impensável que esses games seriam revisitados um dia, devido aos seus gráficos e, principalmente, com sua jogabilidade considerada ultrapassada. Isso tudo sem contar os problemas que Tomb Raider está passando por conta da venda para a Embracer Group, junto com outras franquias da Crystal Dynamics. Mas aqui vemos um trabalho muito competente, que certamente ficará marcado como um dos pontos altos em toda a saga da nossa saqueadora de tumbas preferida.
Nova embalagem, mesma receita
Tomb Raider I-III Remastered é mais um caso de remasterizações que estão muito próximas de parecer um remake, como o caso da trilogia do Crash Bandicoot, que manteve a jogabilidade antiga, mas com gráficos atualizados. Nesta remasterização, a Lara Croft está mais próxima de como a víamos nas cenas em CGI dos próprios games antigos: uma Lara com polígonos suficientes para fazê-la ter curvas.
A jogabilidade antiga é certamente sinônimo de jogabilidade difícil entre a comunidade gamer. E isso não poderia ser mais correto, já que dificilmente temos indicações de como resolver um quebra-cabeça, não há checkpoints em nenhum momento da campanha e os inimigos estão sempre em um certo nível elevado de dificuldade.
Novidades
Lara Croft agora mexe sua boca nas cenas in-game, suas expressões faciais mudam conforme a gameplay exige e há outras sutis animações, como é o caso dela abrir as mãos para agarrar uma borda distante. Para as novas gerações, isso pode soar básico, mas estamos falando de um remaster de jogos com quase 30 anos de idade.
A função câmera livre é outro bônus muito bem-vindo e bastante personalizável, pois você pode mudar a roupa da Lara, suas armas, pose e expressões faciais, podendo trazer infinitas capturas. Outro ponto interessante dessa função é poder andar livremente nos cenários, podendo explorar segredos antes de você se arriscar a pegá-los ou se prevenir com inimigos a sua espreita, sem contar que tudo isso pode ser feito com os gráficos atuais ou antigos, apertando apenas um botão.
Ainda pegando o gancho sobre usar o gráfico antigo, ele ajuda em ambientes escuros e situações com as quais você gostaria de economizar sinalizadores, devido a falta de um bom trabalho de sombras nos ambientes antigamente – mas o oposto também acontece. E ao chegar perto de um objeto caído ou algo que precise de interação, surge na tela um ponto de exclamação.
Falar que a coletânea não tentou inovar além da questão gráfica não é uma verdade, já que além dos controles tanque, agora temos o controle moderno, que é uma forma de aproximar alguns jogadores que só conhecem a Lara da trilogia Survivor desses clássicos. Contudo, esses controles não funcionam como deveriam porque os jogos antigos foram pensados com uma jogabilidade em modo tanque. No modo moderno, você não vai conseguir fazer piruetas enquanto atira em inimigos e eles também vão constantemente sair da sua direção, dificultando ainda mais o combate.
Uma carta de amor aos saudosistas
Tomb Raider I-III Remastered é um sonho realizado para os fãs da Lara clássica, que agora podem revisitar suas primeiras aventuras com gráficos belíssimos dentro daquela proposta concebida nos anos 90 de aventuras com a vibe de Sessão da Tarde. A versão de Switch está impecável, rodando todos os 3 jogos em 60 quadros por segundo e com legendas em português, que são muito bem-vindas. Há alguns pontos a serem criticados, como a jogabilidade moderna e as cenas em CGI, que permaneceram as mesmas. Não dá para fazer milagres com aqueles gráficos, mas em compensação, as cenas in-game são um show à parte.
Depois de tantos anos sem novidades sobre Tomb Raider, esta remasterização chegou em uma excelente hora, honrando o legado da nossa caçadora de tumbas com maestria. Sem sombra de dúvidas, o público alvo são os amantes da Lara de PlayStation 1, mas quem nunca teve contato com essa era também pode se aventurar. Se por acaso estiver se sentindo perdido em algum cenário, não se preocupe, pois isso faz parte da brincadeira. Porém, lembre-se sempre de salvar seu jogo.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro