Tony Hawk’s Project 8 é um dos jogos menos apreciados da série assinada pelo lendário skatista americano. Lançado no início da sétima geração de consoles, o título não foi bem recebido na época. A franquia estava em puro declínio, longe de seu auge e sem o mesmo sucesso crítico e comercial de seus títulos iniciais. No entanto, a qualidade do serviço realizado pela Neversoft permaneceu alta, como sempre.
Desenvolvimento: Neversoft, Shaba Games, Page 44 Studios, InfoSpace
Distribuição: Activision
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Esporte
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS2, PS3, PSP, Xbox, Xbox 360
Duração: 8 horas (campanha)/39 horas (100%)
Entrando no top 8
Project 8 apresenta um modo carreira extremamente divertido e que, apesar de não proporcionar uma narrativa decente, não deixa de ser uma ótima experiência. Na campanha, vemos Tony Hawk na cidade do protagonista buscando montar uma equipe de skatistas com os oito melhores atletas amadores da região para um evento especial. Partindo desse ponto, é preciso subir em um ranking para conseguir patrocínios e ingressar no time do profissional.
É necessário gravar vídeos, vencer campeonatos, tirar fotos e até completar objetivos no modelo clássico de dois minutos da franquia. O rank aumenta conforme a quantidade de tarefas concluídas e de segredos descobertos no mapa. É um sistema de progressão satisfatório e que não cansa, apesar de algumas missões serem um pouco confusas e da navegação do mapa não ser tão boa.
Skate em mundo aberto
O título continuou a revolucionar o design de fases da série, aprimorando os conceitos de American Wasteland, lançado no ano anterior, com a introdução de uma cidade totalmente aberta, com regiões diferentes perfeitamente conectadas. O mundo é vivo e vibrante, repleto de missões e com a possibilidade de realizar manobras em todos os cantos do mapa – algo que muitos títulos que tentam emular Tony Hawk’s simplesmente não conseguem fazer adequadamente.
Como todos os jogos do skatista traziam alguma novidade para a fórmula, Project 8 adicionou o Nail The Trick, uma mecânica que permite a manipulação do skate por meio dos analógicos, além de um controle mais preciso para as quedas, no estilo ragdoll. Fora isso, a jogabilidade permaneceu a mesma pela qual a série era conhecida até então, exceto por uma grande alteração – e somente para uma edição do game.
Conflito geracional
Project 8 recebeu duas versões distintas: uma para a sétima geração e outra para a sexta. Isso era comum na época, pois não era costume ter a mesma versão de um jogo em todas as plataformas possíveis, como é padrão atualmente. As versões para o PlayStation 3 e o Xbox 360 adotaram uma nova engine, mas as edições para o PSP, PS2 e o Xbox original mantiveram a antiga, baseada nos games anteriores da série, sem várias das novidades que foram implementadas nesse jogo.
A física é mais realista na sétima geração, enquanto a jogabilidade seguiu a mesma linha dos antecessores na versão de sexta geração. Os controles são mais pesados, mas com todo o estilo arcade exclusivo da franquia. O pessoal da Neversoft sempre realizou um trabalho consistente nas mecânicas de seus jogos, e por conta disso, ambas edições oferecem uma boa gameplay, que ainda é excelente, mesmo 18 anos depois.
Menos FPS, menor responsividade
No entanto, há um problema que afeta todas as versões de Project 8: a taxa de quadros. A mudança para 30 frames por segundo retirou parte da responsividade pela qual a franquia passou a ser conhecida a partir do terceiro título da série. Além disso, a versão para PS2 mal funcionava, apresentando travamentos constantes – o que não ocorre no PS3, que conta com apenas alguns bugs nos cenários, mas com a ausência do modo online presente no 360.
O escopo dos jogos foi crescendo ao longo dos anos, mas o tempo de desenvolvimento sempre se manteve o mesmo, já que a série só parou de ganhar lançamentos anuais em 2011. O PlayStation 3, na época, era visto como uma plataforma complicada de se desenvolver, e muitos jogos tiveram versões inferiores nele – infelizmente, Project 8 foi um desses títulos.
Uma volta ao tempo
Lançado em 2006, Tony Hawk’s Project 8 é quase uma cápsula temporal. O jogo foi um dos primeiros títulos para o PS3 e não envelheceu bem graficamente, parecendo mais ser um game de PS2 com visuais levemente aprimorados em sua versão de sétima geração, com ambientes, texturas e modelos pouco detalhados.
A idade se reflete em vários outros aspectos da campanha, desde o celular da Nokia que acompanha o jogador até nas propagandas nos cenários e no senso de humor, que é um tanto quanto antiquado. E não existe Tony Hawk’s sem música de qualidade: em Project 8, bandas como Sonic Youth, Ramones, Primus, Joy Division, Kasabian e +44 embalam a aventura, sendo mais um jogo excepcional em termos musicais – embora parte dessas músicas desviem do ska, punk rock e nu metal característicos da série.
Tony Hawk’s precisa voltar
O mundo aberto apresentado por Project 8 é um exemplo perfeito que mostra como um novo lançamento de Tony Hawk’s poderia ser. O último jogo do skatista saiu em 2020 e fez muito sucesso, mas nenhuma continuação a ele foi anunciada – o contrário aconteceu, porque o próprio Tony Hawk confirmou o cancelamento de um prosseguimento para Pro Skater 1+2. Em vez de lançar mais um remake e viver das glórias do passado, há uma oportunidade para a Activision inovar novamente com uma sequência nos moldes desse jogo, que certamente seria bem aceito nos dias de hoje.
Revisão: Ailton Bueno