Trine Ultimate Collection é o compilado de uma das melhores franquias de jogos de plataforma com puzzle já feita. A coletânea traz todos os quatro jogos lançados até então, mostrando toda a transformação pela qual a série passou ao longo dos anos, além de seus altos e baixos até chegar no odiado Trine 3. Está incluso também o mais recente lançamento Trine 4: The Nightmare Prince, do qual já temos uma análise aqui em nosso site.
Desenvolvimento: Frozenbyte
Distribuição: Modus Games
Jogadores: 1-3 (local e online)
Gênero: Plataforma, Puzzle, Ação
Classificação indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Switch, Xbox One, PC
Duração: Sem registros
Trine: Enchanted Edition
O primeiro jogo foi completamente remasterizado e está lindo como era em 2009. Não é exatamente necessário experienciar os títulos na sequência, já que a história funciona muito bem de forma independente. Mas talvez seja importante começar justamente pelo primeiro da franquia para entender com o passar do tempo. A série basicamente gira em torno de três figuras: Amadeus (o mago), Pontius (o cavaleiro) e Zaya (a ladra).
Todos eles estavam resolvendo suas próprias vidas, até que um dia acabam encontrando um artefato chamado Trine, que reúne os três para uma missão em conjunto após a morte do rei do fantástico reino e o surgimento de mortos-vivos por todo lado.
Cada um dos personagens possui habilidades únicas, necessárias para superar certos desafios e passar por obstáculos específicos. Em meio aos puzzles também existem batalhas que permitem com que o jogador adquira pontos de experiência, os quais são usados para elevar a potência das habilidades dos nossos protagonistas.
Trine Enchanted Edition mostra suas raízes tendo como inspiração games conhecidos, por exemplo The Lost Vikings. Também me lembra bastante alguns outros do gênero que vieram depois, como The Cave da Double Fine. Originalmente lançado na década passada, me lembro bem de ser dominado pela vontade de Trine, porém as configurações do meu computador pessoal na época não eram nem de longe o suficiente para dar conta do recado.
Felizmente, hoje é incrível o fato de que é possível levá-lo para onde quiser num console como o Nintendo Switch. Apesar do hardware do console da Nintendo não ser dos melhores, o Switch consegue dar muito bem conta dos visuais dos dois primeiros jogos sem problema algum, atingindo altas taxas de quadros por segundo. Já não consigo dizer o mesmo do terceiro mas, de qualquer forma, é uma grande realização.
Trine: Enchanted Edition tem tudo aquilo que deu origem e trouxe glamour à série, como as músicas épicas que remetem a tempos antigos e medievais, cenários lindíssimos e um level design fantástico em absolutamente todos os locais possíveis, além de uma resolução de puzzles com uma sensação de recompensa absurda e diversão de altíssimo escalão.
Trine é um dos melhores – senão o melhor – jogo existente do gênero em minha opinião. Suas várias formas de resolver situações sempre foram um ponto alto da franquia, já que as soluções fazem com que o jogador se sinta a pessoa mais inteligente possível.
Muitas vezes elementos são posicionados de forma que você pense “não é possível que dá pra fazer isso”, então você acaba fazendo e percebe que era sim plenamente possível. Muitas vezes existe mais de uma solução para um mesmo problema, e as possibilidades ampliam mais ainda ao jogar o modo multiplayer, onde ainda mais formas de se fazer algo podem ser encontradas – de forma engraçada ou bizarra.
Trine 2: Complete Story
O segundo jogo é praticamente o primeiro, mas com tudo melhorado. A movimentação é mais fluída, o design dos personagens foram aprimorados e mais uma vez nos deparamos com puzzles divertidos de se resolver. Em Trine 2: Complete Story, o artefato Trine reúne mais uma vez os três heróis para uma nova aventura. No segundo jogo ainda estão presentes os upgrades das habilidades, fazendo com que o jogador colete nos cenários os itens que permitem estas melhorias.
Apesar de ser uma continuação bastante bonita e apresentar melhorias em diversos pontos, Trine 2 acaba sendo um pouco mais do que foi o primeiro jogo. Talvez este tenha sido o motivo pelo qual os desenvolvedores resolveram apostar em uma fórmula um pouco diferenciado no que viria alguns anos a seguir: Trine 3.
Trine 3: The Artifacts of Power
O mais odiado da série e a ovelha negra da família Trine. Confesso que muito deixei me levar no inicio pelas críticas que cercaram este jogo todos estes anos, mas assim que dei uma chance acabei me apaixonando pelo título mais disruptivo de toda a franquia.
Trine 3: The Artifacts of Power é uma transformação completa na fórmula do jogo, onde a resolução de puzzles em plataformas 2D foi trocada por um ambiente tridimensional. O terceiro jogo resolve embarcar numa abordagem cheia de cenários com profundidade, mantendo a diversão absurda ao resolver os quebra-cabeças enquanto se ouve a trilha sonora completamente épica e atmosférica.
Neste aqui, alguns dos heróis possuem habilidades diferentes dos jogos anteriores. Pontius o cavaleiro, por exemplo, pode planar no ar usando seu escudo, o que achei sinceramente muito divertido, uma ótima adição ao gameplay. Alguns controles se tornam um pouco mais confusos e complicados no começo por causa da mudança de perspectiva (agora 3D), como o do controle de caixa mágica de Amadeus, onde o análogico direito controla a direção da caixa e o direito mexe na altura e posição horizontal. Assim como a corda de Zoya exige algumas tentativas para entender como funciona para ser esticada.
Fora isso, a essência de Trine se mantém firme e forte, com histórias entre as fases recheadas de diálogos cheios de bom humor e carisma entre os personagens. Apesar disso, o enredo não parece arriscar tanto, reunindo mais uma vez os três heróis para mais do mesmo. Não culpo os desenvolvedores, já que Trine sempre teve um gameplay bastante sólido.
Uma novidade em Trine 3: The Artifacts of Power é o Hub de fases usado para navegar entre uma missão e outra, além dos desafios onde apenas um personagem pode ser usado – o que também serve para treinar uma habilidade específica de cada um. O jogo também exige um número específico de coletáveis para abrir as fases seguintes, fazendo com que o jogador se atente aos objetos espalhados pelo cenário.
Trine 4: The Nightmare Prince
O mais recente jogo da série foi lançado no final de 2019, e é uma tentativa de dar aos fãs aquilo que pediram. A fórmula retorna às origens com jogabilidade 2D e upgrade de habilidades, algumas sendo usadas contextualmente durante as fases para passar certos desafios.
É um excelente jogo, mas que resolveu fechar o jogador em um formato de arena nas lutas contra inimigos e chefes, o que achei estranho e um pouco de retrocesso. As batalhas também pecam por fazer com que apenas Pontius, o cavaleiro, seja o mais útil nestes momentos, tornando os dois outros personagens um mero recurso secundário.
A história desta vez é um pouco diferente, já que os heróis precisam parar o príncipe do reino que mexeu com magia negra e trouxe seus pesadelos à vida. Mesmo arriscando um pouco mais no enredo, Trine 4 não traz um espetáculo no roteiro. De qualquer forma, a diversão continua imbatível.
Uma coletânea incrível
Trine Ultimate Collection é um conjunto dos jogos incríveis, com alguns poucos altos e baixos, mas que não estragam a diversão em momento algum. Todos os jogos possuem um modo online público ou com amigos – as versões de alguns consoles não tem este recurso -, mas que dificilmente existem partidas criadas para ingressar.
Isso podia ter sido resolvido com um crossplay, algo que senti bastante falta já que conheço pessoas com outras versões de todos os jogos. De qualquer forma, a coleção dos quatro jogos da franquia Trine é um verdadeiro tesouro, e só de pensar já quero jogar cada um deles novamente. Recomendadíssimo!
Obs.: os três jogos podem ser baixados separadamente.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Samuel Leão