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Review Trine 4: The Nightmare Prince (Switch) – De volta à fórmula que funciona

Ah, que saudades dos tempos onde eu tinha meu dual-core e minha placa de vídeo baratinha. Lembro que cheguei em casa e fui testar uma demo (acho) de Trine, o ano era por volta de 2009 (10 ANOS JÁ, MALUCO) e fiquei decepcionado porque minha configuração não dava conta do jogo. É, minha gente, Trine foi meu Crysis da época. O jogo até então contava com 3 títulos, onde os 2 primeiros eram sucesso de crítica (o segundo nem tanto), mas já o 3º recebeu uma avalanche de comentários negativos porque tentou fazer diferente e acabou se dando mal. Depois de alguns anos, a desenvolvedora Fronzenbyte resolveu ouvir seus fãs e trouxe Trine 4, publicado pela Modus, com a jogabilidade 2.5D que era a característica principal de Trine 1 e 2.

Ano: 2019
Jogadores: 1-4 (online e local)
Gênero: Aventure, Plataforma, Puzzle
Classificação indicativa: 10 anos
Português: Somente legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Nintendo Switch
Duração: 8 horas (campanha) / 12.5 horas (100%)

Que coisa formosa e bem feita

Olha esses raios de sol e me fala se não é belo

A direção de arte de Trine 4 é maravilhosa, de verdade. É comum, quando falamos de jogos indies, que a gente pense em gráficos em pixel, arte simples e etc, mas este jogo pode com certeza ser considerado um AAA (meio canalhice isso que vou dizer, ok?) por tamanha qualidade que ele entrega visualmente. E quando digo direção de arte, estou falando da parte visual como um todo: desde os cenários, efeitos, até o design dos personagens e inimigos.

E essa beleza toda se reflete tanto no modo portátil quanto no modo dock, apesar do Switch ser um console com hardware mais modesto do que o PS4 e o Xbox One – e rodar o jogo a 30fps. Confesso que, se você pegar pra falar da resolução da imagem e qualidade de texturas, não tem como dizer que são das melhores, mas o console da Nintendo dá conta do recado e entrega um jogo bonitão ainda assim.

Ignora as texturas na roupa do rapaz, por favor HEHEHEHE

Por vários momentos, fiz screenshots (ou prints) diretamente no modo portátil, mas daí percebi que a imagem estava ficando meio borrada e pensei que era inferioridade técnica da ferramenta de captura do Switch, mas realmente o jogo tem um aspecto borrado por essas bandas. Já falando da música e dos sons, joguei a maior parte de Trine 4 usando fones de ouvido, o que foi uma experiência incrível e me fez ser transportado para aquele mundo de magia e fantasia.

E esse príncipe aí, hein

Só nas gambiarra: o que importa é funcionar

Entramos numa nova aventura com os já conhecidos mago Amadeus, a arqueira/ladra Zoya e o cavaleiro Pontius (meu preferido desde sempre), os quais ficam conversando entre si em vários momento do jogo, algumas vezes até fazendo referência aos títulos anteriores. Coisa que achei muito legal, porque traz mais personalidade e carisma para os personagens, então peguei bem demais com as falas deles. O objetivo dos 3 personagens é unir suas forças e habilidades para salvar o príncipe zé ruela de nome Selius (ninguém liga pra esse cara), que mexeu numas paradas erradas de magia negra e acabou trazendo seus pesadelos e piores medo pro mundo real (real deles), tudo isso combinado com um mundo cheio de fantasia e aventura!

Brasileiro vai adorar este jogo

Perceba que nem todo mundo sabe o que tá fazendo, porque em vez de fazer algo fica prestando atenção no outro

Um dos pontos mais legais da franquia Trine sempre foram os puzzles/quebra-cabeças. Aqui você pode resolver todos eles da maneira que bem entender (pelo menos a maioria) e depois se sentir o bichão porque resolveu aquele problema e pensou “aposto que ninguém pensou nisso“. Quer fazer uma gambiarra? Pode, e brasileiro ama.

Quer criar um cubo no ar, soltá-lo, pular nele enquanto ele estiver caindo para depois pular em seguida para outra plataforma? Rapaz, a física desse jogo não faz sentido, mas aqui vale tudo – e eu gosto disso. Trine é um estímulo para a criatividade e cabe direitinho no jeitinho brasileiro de resolver as coisas da vida. Acho que meu QI tá até 2 vezes mais alto agora que treinei minha mente em Trine 4.

E importante: quando passar pelos cenários, sempre fique de olho pra ver se não deixou passar batido alguma passagem secreta com vários coletáveis para pegar, porque eles estão onde você menos espera.

Sozinho é meio paia

Essas flechas são maneiras e extremamente úteis, principalmente as de gelo

Uma questão que pesa um pouco para Trine 4 é jogar sozinho/single player. Tudo fica levemente mais fácil porque você não tem nenhum “incômodo” enquanto resolve os puzzles, nem mesmo a morte é puxada com você e tudo acaba virando um passeio no parque. O máximo de pessoas com quem consegui jogar foi 1 (triste), então jogamos o multiplayer “de sofá” em duas pessoas e foi muito mais divertido do que jogar sozinho, vai por mim.

Talvez a maior qualidade de jogabilidade de Trine 4 também seja sua fraqueza, porque também tentei jogar online com algum estranho ao redor do mundo, mas fiquei quase meia hora procurando alguma sessão criada e não achei ninguém, depois continuei o modo história com o jogo aberto para o público na internet, e mesmo assim ninguém chegou a entrar durante algum tempo, portanto a base instalada do jogo deve ser pequena no Switch.

Alguns poucos dias depois, resolvi tentar novamente e achei 2 sessões criadas, acabei entrando em uma delas (screenshot acima) para testar e não senti nenhum lag ou inconveniência. Se quiser jogar online, recomendo ter amigos.

Árvore de habilidades

O bicho é grande, mas duas pauladas já morre

Uma das coisas mais legal do jogo é quando você passa de algumas fases e libera um poder novo. No começo preciso admitir que fiquei entediado com a jogabilidade meio repetitiva em alguns momentos, mas depois percebi que o jogo vai se transformando por causa destas novas habilidades, porque com novos poderes surgem novas responsabilidades (RÁ). São diversos poderes que você consegue adquirir depois de uns trechos na história como flecha de gelo que congela obstáculos, uma espécie de “teleporte” do mago e um mega-empurrão do cavaleiro. Também é possível aprender certas habilidades usando os pontos de melhoria. Caso você jogue o início de Trine 4 por mais ou menos 1 hora e acabe ficando cansado, lembre do que eu disse acima: insista.

Não espere um plataforma com ação

Por mais que o jogo tenha os momentos dele de matar inimigos, não queira jogar Trine 4 com este foco – sem falar que os inimigos são meio que fáceis demais de serem vencidos, até mesmo os chefes. Se você procura um jogo de plataforma com elementos de combate e coisa e tal, esquece. O único personagem indicado pro confronto é o cavaleiro, já sobre os outros dois é meio lamentável a agilidade numa briga e suas formas de atacar.

Caso você não conheça a franquia, Trine é um jogo que se encaixa perfeitamente no gênero plataforma com puzzle/quebra-cabeça, então pegue ele pra jogar se você estiver procurando algo que te faça pensar, porque isso ele faz com maestria. Melhor ainda se você tiver amigos com quem jogar (diferente de mim kkk). Trine 4 The Nightmare Prince também está disponível na coletânea “Trine Ultimate Collection”, que contém todos os jogos anteriores da série num mesmo pacote.

Este review foi feito usando uma cópia cedida de ♥ pela Modus Games

Trine 4

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Retorno a jogabilidade lateral 2D
  • Coop muito divertido
  • Várias formas de resolver um mesmo problema
  • Arte maravilhosa
  • Música sensacional

Contras

  • Sozinho o jogo fica relativamente fácil
  • Não pode mudar a configuração dos controles
  • Não existe uma morte efetivamente
  • Online bem vazio