Tunic capa

Review Tunic (Xbox Series S) – A raposinha Souls-like

Há mais de 10 anos, a franquia da From Software, Dark Souls, começou a influenciar a mente de muitos criadores de videogames, criando um subgênero para si chamado Souls-like. Com isso, vários jogos, indies ou não, resolveram embarcar nesse trem do hype do Souls e apresentar uma proposta parecida, quando não bastante similar à da From. Com isso, novas fórmulas foram surgindo com o passar do tempo, além de maneiras de se fazer um Souls-like. Muito esperado por todos que viram seu vídeo, Tunic chegou aos consoles da Microsoft (e ao PC) para mostrar ao que veio, e que o subgênero estabelecido pela From ainda tem muito a ser reinventado.

Desenvolvimento: Andrew Shouldice, TUNIC Team
Distribuição: Finji
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Aventura, Ação
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: 12 horas (campanha)/18 horas (100%)

Não julgue um livro pela capa

Um novo mundo de perigos
Um novo mundo de perigos

Lançado em um mundo sem grandes explicações, a raposinha protagonista acorda em meio a um local isométrico rodeado pelo mar, sem entender exatamente o que está acontecendo. Dotada apenas de um traje, a personagem precisa ser controlada por nós e explorar o ambiente, a fim de encontrar o próximo objetivo e aprender mais sobre aquele mundo, fora se defender das mais diversas criaturas.

Em poucos minutos, encontramos um graveto, o qual servirá como arma inicial, para que possamos dominar os comandos e entender como os controles funcionam. Apertando LB, é possível acessar o inventário, no qual existem três espaços para equipararmos qualquer tipo de item equipável: A, B e Y. Podemos posicionar, nesses slots, armas, itens consumíveis e armas secundárias, enquanto que o RB tem a função de fazer a protagonista beber uma poção para recuperar sua vida.

Assim como em Dark Souls, o mundo de Tunic vai se expandindo conforme o desvendamos. Com isso, logo fica perceptível de que se trata de apenas um só cenário, interligado de várias maneiras através de cordas, escadas e passagens que se abrem. Mais uma vez referindo-se à franquia da From Software, também existem pontos de checagem por aqui, que funcionam como uma maneira de recuperar nossa vida e, como não podia faltar, fazer com que todos os inimigos ressurjam.

Combate Zelda-Souls-Like

Combates cadenciados
Combates cadenciados

Batalhas seguem bastante a linha do “desviar, atacar e procurar brechas”, tudo isso enquanto rodeamos o inimigo enquanto temos a mira travada nela. Segurando o LT, a mira fica cravada enquanto o botão está sendo pressionado, enquanto que clicando o analógico direito faz com que a visão trave no inimigo ativo, alternando para o próximo quando eliminamos o primeiro. Alguns monstros também possuem escudos, o que torna o combate mais estratégico e nos obriga a desviar dos ataques, rolar para trás do inimigos e atacá-lo em seu ponto fraco.

As armas secundárias são extremamente úteis para nos acompanhar em uma peleja. Uma das melhores são os fogos de artifício, que resultam em dano em área, danificando todos os inimigos ao redor de seu raio de extensão. Como todos os inimigos deixam cair moeda após morrerem, podemos comprar itens no mercador que fica num local escuro do mapa. Por outro lado, não existem níveis ou atributos a serem evoluídos, como é costume na série Souls.

Batalhas com chefes são desafiadoras
Batalhas com chefes são desafiadoras

Mais à frente, encontramos outras armas primárias, as quais podem ser equipadas e usadas em combate. Uma delas é de longo alcance, que possui uma quantidade específica de tiros que podem ser recuperados após eliminarmos certos tipos de inimigos e coletamos seus orbes azuis. A outra é uma adaga que tem a habilidade de congelar inimigos, e também ter seu uso recuperado quando coletamos os orbes. Por fim, existe uma esfera mágica que puxa inimigos para si, além de ser usada como uma espécie de garra para pontos de interação. Adicionalmente, temos um escudo que nos protege de ataques, além de um lampião que pode ser usado para iluminar locais completamente escuros.

Batalhas com chefes também se fazem presentes, e geralmente nos trancam em um local para lutarmos por nossa vida com ele. A boa notícia é que Tunic é misericordioso, então nada de ter um ponto de salvamento longe o suficiente para tornar uma dor-de-cabeça o processo de ressurreição e tentativa de enfrentar o monstrengo novamente.

A dor e a delícia

Luz em meio à escuridão
Luz em meio à escuridão

Apesar de ser um dos pontos mais interessantes do game, a exploração é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que a descoberta de passagens secretas, escondidas por causa da posição fixa em que a câmera funciona, é uma alegria e tanto, fica um tanto quanto irritante perceber que o jogo confia completamente nisso para avançar. Isso faz com que tenhamos que observar cada canto para ver onde pode haver uma falsa impressão de que o local está bloqueado, e isso acaba saturando a mecânica rapidamente.

Porém, nem só disso vive Tunic. Existem também os puzzles mais simples, como ativar mecanismos que vão liberar outras passagens. É prazeroso também ligar os locais já visitados através de cordas, pontes e afins, o que revela a beleza de um mundo conectado que se expande com a interação do jogador. E não posso me esquecer do lampião, que se mostra bastante útil em lugares nos quais não podíamos enxergar absolutamente nada antes de encontrá-lo; o que deixa claro que existe alguma forma de iluminar cenários escuros, mas que ainda não encontramos.

Uma nova fórmula, quem sabe

Tunic tem tudo para ser um novo expoente do gênero Souls-like, já que pega elementos dos clássicos Zelda 2D e cria uma mistura entre a franquia da Nintendo e da From Software de maneira surpreendente. O combate e a exploração são bastante polidos e conseguem nos entreter e nos instigar o tempo todo, o que mostra que os desenvolvedores do indie sabiam o que estavam fazendo e como uma fórmula Souls-like funciona.

Por outro lado, o uso excessivo da câmera para revelar locais passíveis de exploração é um tanto quanto maçante, já que, para mim, acabou tirando um pouco seu propósito. Achava que seu uso era mais para revelar locais com itens secretos e coisas do gênero, mas, uma vez que percebi que precisava ficar testando cada canto para ver se ali existia algo, fiquei um pouco decepcionado. De qualquer forma, Tunic é um trabalho absurdo de bom, e merece sua chance.

Cópia de Xbox Series S adquirida através do Xbox Game Pass

Tunic

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Opções de modificação da jogabilidade
  • Combate recompensador
  • Várias armas diferentes
  • Mundo interconectado

Contras

  • Exploração através da câmera é abusado
  • Itens podiam ter descrições claras