A década de 90 viu o nascimento dos jogos do gênero plataforma com foco em coletar os mais diversos itens espalhados pelos cenários. Do PlayStation 1 até a era 128-bits, várias empresas tentaram emplacar “mascotes” que pudessem fazer o mesmo sucesso que Mario, Sonic, e outros tantos personagens famosos do mundo dos games.
Ty the Tasmanian Tiger foi um jogo originalmente lançado no ínicio dos anos 2000, para PlayStation 2, Game Cube e Xbox. Feito por um estúdio pequeno, o título tentava surfar na onda do sucesso de outros jogos de mascotes. Se Ty não conseguiu o sucesso esperado em sua primeira oportunidade, agora, 18 anos após seu lançamento original, o animalzinho tem a chance de mostrar que ele é tão bom quanto seus rivais, com um remaster de sua aventura original estando disponível para os consoles atuais.
Desenvolvimento: Krome Studios
Distribuição: Krome Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox one
Duração: 9 horas (Campanha)/11 horas (100%)
Um animal diferenciado
Assim como é o caso de Sonic The Hedgehog e Crash Bandicoot, Ty the Tasmanian Tiger tem como personagem principal um animal um pouco desconhecido do público. Ty é um lobo-da-tasmânia, um bicho originário da Austrália, e acaba por servir como o protagonista perfeito para uma aventura totalmente inspirada no país dos cangurus.
A história do título é bem simples, Ty está brincando um dia com seus amigos, quando de repente acaba caindo em um buraco, encontrando o ancião Nandu Gilli, que lhe explica mais sobre o seu passado. Há muitos anos atrás, o vilão Boss Cass, um casuar, tentou dominar o mundo utilizando o poder de 5 talismãs mágicos, mas a família do herói impediu o plano do pássaro que, como punição, selou os lobos em outra dimensão.
Ty decide então resgatar sua família, e para isso ele precisará reunir os 5 talismãs que foram espalhados por diversos mundos, antes que o vilão consiga encontrá-los. É uma história bem simples e que lembra bastante filmes infantis, o que combina e muito com o jogo, que é feito para um público mais jovem em mente.
Mesmo Ty the Tasmanian Tiger HD não tendo foco em história, ela ainda é mal contada. Muitas das coisas são jogadas na sua cara sem muita explicação, personagens são introduzidos como se o jogador já os conhecesse e as interações entre o herói e o elenco de suporte é feita de forma bastante básica e simples.
A narrativa se guia de uma forma bem boba, até mesmo se comparado a outros jogos feitos para um público mais jovem. Os personagens só comunicam o básico entre si, com o protagonista pouco falando com seus amigos, e as falas geralmente são apenas uma palavra sendo repetida como se fosse um bordão que eles querem que seja algo lembrado por quem jogar o título.
Por ser um jogo baseado na Austrália, é óbvio que os maneirismos e linguagem utilizada pelas pessoas daquela região sejam presentes. Gírias específicas da sociedade australiana, maneirismos e até trejeitos são bastante repetidos, pode-se até dizer que os personagens são caricaturas do povo do local e feito por quem lá vive.
A desenvolvedora do título, Krome Studios, também tentou deixar Ty tão memorável quanto Sonic,e para isso, decidiu transformá-lo em algo parecido com o ouriço. O lobo emana a vibe dos anos 90, apesar de pouco falar, seus trejeitos e até mesmo bordões são feitos para demonstrar que o personagem é radical.
Infelizmente, isso também afeta um outro personagem que é introduzido mais tarde na história. O irmão gêmeo do protagonista, Sly, que é apresentado como um adversário que tenta demais ser intimidador. Acaba sendo mais engraçado do que o normal, especialmente em certas cenas, onde o rapaz fica escondido nas sombras quando não é necessário.
O resto do elenco infelizmente sofre um pouco com suas caracterizações. Muitos deles tem toda sua personalidade baseada em um único traço, como ser um cientista, um guarda florestal, e outros. O vilão Boss Cass acaba sendo um dos personagens mais divertidos do título, simplesmente por ser bastante cartunesco.
Hora de entrar em ação
A jogabilidade de Ty The Tasmanian Tiger HD é algo já esperado de um jogo do gênero. Ty tem como objetivo coletar diversos itens nos estágios, tais como Thunder Eggs – que servem de energia para uma máquina que procura pelos talismãs – joias e equipamentos.
Mas a tarefa não é tão simples quanto parece, o exército de Boss Cass está presente pelos cenários prontos para impedir o jovem lobo. Para enfrentá-los, Ty pode atacar utilizando seus bumerangues e mordendo com seus dentes afiados.
O lobinho pode pular e escalar para alcançar lugares mais altos, além de poder planar com os bumerangues por alguns segundos. E após uma missão, poderá até mesmo nadar e explorar o fundo do mar para encontrar segredos.
Os inimigos, que são comandando por Boss Cass, têm bastante variedade. Temos lagartos magros que podem ser derrotados com um único golpe, alguns que utilizam escudos e precisam ser atacados antes que possam se defender, e diversos insetos gigantes que rondam os locais.
Apesar de estar pelos cenários, prontos para entrar no caminho de Ty, os inimigos não são desafiadores. A dificuldade do título é bem baixa, e graças ao alcance dos bumerangues você pode eliminá-los de uma distância bastante segura. Perder vidas aqui será algo bem dificil de acontecer, e é possível passar o game inteiro sem receber uma tela de fim de jogo.
A cada porcentagem de Thunder Eggs coletados o jogador enfrenta um chefe. Assim como o resto dos inimigos, eles são bastante simples de serem derrotados, requerendo que Ty utilize o cenário ao seu redor para poder causar dano a eles.
Os desafios de plataforma não requerem bastante habilidade dos jogadores, a maior parte pode ser superado sem precisar quebrar a cabeça. Entretanto, algumas das missões dentro dos mundos irão querer que os jogadores tenha um bom conhecimento das habilidades do personagem.
Por fim, alguns mundos apresentam uma missão especial que geralmente muda a jogabilidade completamente do título. São curtos momentos onde você deve atacar inimigos enquanto utiliza uma mira em primeira pessoa, o que ajuda a dar uma variedade na jogatina.
Uma aventura bastante esquisita
Ty the Tasmanian Tiger HD foi um projeto que só pode ser tornar realidade após uma campanha no site Kickstarter. Por isso, é de se esperar que o título tenha tido um investimento bem menor do que outros títulos que decidem fazer um remaster.
O Ty the Tasmanian Tiger original não era um dos mais bonitos de sua geração, e infelizmente o mesmo pode ser dito sobre este remaster. Apesar das texturas terem recebido uma melhorada, os modelos ainda são bastante feios e não possuem muitas animações.
Existem diversos erros gráficos também presentes, como atravessar paredes, por exemplo. Infelizmente, a apresentação gráfica de Ty the Tasmanian Tiger HD é bem ruim, parece mesmo que o título ainda está preso no início da geração 128-bits, com modelos dos personagens e animações muito ruins.
Testando no modo portátil do Nintendo Switch, pode-se perceber que o título também não foi otimizado perfeitamente para a plataforma. Muitas quedas na taxa de quadros durante a aventura podem ser notados, assim como alguns momentos de lentidão.
Mas Ty the Tasmanian Tiger HD não é apenas problemas, ainda existem alguns pontos positivos que fazem com que o jogo seja uma experiência que possa ser aproveitada por fãs do estilo. Como o design dos mundos que serão explorados, por exemplo.
Ty passará por locais baseados na flora da Austrália, como florestas e pântanos. Também temos praias, montanhas de gelo e uma área mais montanhosa. Todos esses cenários são grandes e possuem muitos pontos de interesse, para os jogadores explorarem.
Mesmo que alguns temas sejam repetidos pela aventura, como o mar/praia, eles ainda possuem elementos que o separam um do outro. E cada um deles são recheados de coisas que ajudam a dar vida ao local, como vida silvestre andando por eles e pontos específicos que remontam a tais locações na vida real.
E não se preocupe caso você acabe se perdendo enquanto explorá los. Ty the Tasmanian Tiger HD possui um mapa que mostra, além dos locais presentes naquele mundo, certos pontos que podem possuir missões ou itens específicos.
A música do jogo é divertida, apesar de não ser muito memorável. As vozes são um dos pontos negativos no quesito de som, com os dubladores não demonstrando muita emoção ou apenas lendo as frases no papel sem muita ideia de como agir na cena.
O principal ponto positivo do som é sem sombra de dúvida os efeitos sonoros, principalmente o seu uso que é feito de uma forma bastante engraçada e curiosa. Os sons são utilizado de uma forma bastante engraçada para dar uma sensação de desenho animado como, por exemplo, batidas de tambores rapidamente são utilizados como os passos das aranhas inimigas.
Uma segunda chance para Ty
Em uma era com muitos games se movendo para aventuras com histórias memoráveis ou tiroteios enormes, o gênero de jogos de plataforma tem diminuído bastante, tendo poucos lançamentos recentes. Ty The Tasmanian Tiger HD é uma pedida boa para os fãs de aventuras simples e colecionar muitos objetos.
A aventura do lobo-da-tasmânia pode não ser perfeita, mas ainda consegue ser bastante divertida. Para aqueles que desejam experimentar um jogo de plataforma 3D criado numa era em que este é um dos gêneros mais queridos, aqui está a chance perfeita.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong