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Preview Valheim (PC) – Minecraft Nórdico?

Por ser massivamente recomendado por amigos, Valheim me chamou atenção desde seu lançamento na Steam. Em uma época em que a maioria dos RPGs requer vendas e microtransações, o primeiro jogo da desenvolvedora indie Iron Gate AB quebrou todo esse paradigma e ainda estabeleceu novos.

Valheim é um jogo de exploração para até 10 jogadores, e uma experiência que se torna bem melhor com amigos. Seu mundo é gerado proceduralmente e inspira-se na cultura Viking. Acordando num local estranho e inóspito pós-morte, seu dever é gerenciar recursos, conquistar terrenos e derrotar inimigos, com o intuito de obter o favor dos deuses nórdicos.

Desenvolvimento: Iron Gate AB

Distribuição: Coffee Stain Studios

Jogadores: 1 (local) e 1-10 (online)

Gênero: Ação, Aventura, RPG, Sobrevivência

Classificação: 12 anos

Português: Interface e Legendas.

Plataformas:  PC

Duração: 50h (campanha)/174h (100%)

Lore

Jogador observando a fogueira que o mantém aquecido dentro de casa.

Certas histórias contam que Odin, o pai do panteão nórdico, após reunir todos os planos na Yggdrasil, a Árvore do Mundo, baniu todos os seus inimigos para o décimo mundo. Além disso, quebrou os galhos da Árvore, deixando o plano e seus inimigos à deriva entre mundos, banidos para sempre.
Porém, assim como os reinos cresceram e sucumbiram, os inimigos de Odin cresciam em número e força. Assim, O Pai de todos ordenou que suas Valquírias buscassem apenas os guerreiros mais fortes e capazes, a fim de recrutá-los. Mortos no plano terreno, eles renasceram em Valheim, o décimo mundo.

Ambientação de tirar o fôlego

Jogador manejando o mastro de um barco viking, enquanto outro jogador na proa procura terra firme.

O jogo se passa no mundo banido por Odin, Valheim. Como de se esperar, há uma grande atenção à mitologia nórdica no game. Pedras inscritas com runas contam histórias de guerreiros, materiais, criaturas míticas e normais, ferramentas, e sobre o próprio local. O título traz uma excelente imersão, utilizando incríveis elementos de áudio, músicas sutis e um realismo bem feito, bem diferente de jogadores não acostumados com tanta seriedade. Há necessidade do jogador se proteger e proteger suas posses e ferramentas de chuvas, ventos gelados, e até de quedas de troncos, já que existem inimigos que conseguem derrubar árvores. 

Também é possível se aventurar por prados, montanhas, pântanos, e vários outros terrenos, até mesmo pela infame Floresta Negra. A sensação de se perder numa floresta traz uma claustrofobia agoniante, que se esvai quando se encontra o caminho de casa.

Mecânicas inovadoras

Um jogador observa o céu, enquanto dois jogadores estão carregando itens para a base.

Valheim utiliza bastante de elementos do jogo como storytelling. A lore é contada através de runas gravadas em pedras e monumentos. Hugin, o corvo de Odin também explica bastante sobre mecânicas e sobre o mundo ao redor. Há uma necessidade constante de atenção. Seja pela IA muito bem planejada de seus inimigos, que organizam cercos ao lar do jogador, emboscadas e perseguições, ou pelos problemas causados pelo próprio ambiente. Fome, frio, e exaustão sempre caminharão ao lado do jogador. Cabe a ele manejar seus recursos e evitar sempre o pior. 

Outro ponto que merece muito destaque é o sistema de navegação. Eu mesmo achei que seria algo só montado às pressas, na intenção de facilitar a movimentação no mapa, mas me enganei. É necessário um planejamento completo de rota, já que as jangadas, botes e até barcos Viking necessitam de velas. Tentar navegar contra o vento é uma ideia frustrante, em que nem se sai do lugar. Em contrapartida, navegar a favor do vento além de mais eficiente, e chega a aumentar a moral do jogador. 

Não existem classes na criação de personagem, mas essas funções podem ser delegadas aos jogadores. Qualquer um pode ficar na retaguarda lançando flechas, enquanto outro vai na frente com escudos pesados e lanças, enquanto que outros podem flanquear os inimigos sem serem detectados. A mecânica de stealth também merece aplausos. Altamente funcional, ela funciona com medidores que indicam a percepção dos inimigos, e é um prato cheio para aqueles que preferem esse tipo de aproximação (eu mesmo).

Considerações

Jogador subindo uma encosta enquanto observa um galho da Yggdrasil, a Árvore do Mundo.

Um ponto extremamente positivo é seu tamanho. Pesando míseros 1 GB, Valheim é um prato cheio para jogadores que estão a fim de serem surpreendidos. O co-op funciona extremamente bem. Jogadores conseguem dinamizar a parte mecânica de um Open World, delegando funções e pensando em conjunto. O jogo dá suporte a computadores fracos, com opções de renderização menores e mais focadas na performance. A escolha da desenvolvedora de misturar gráficos lo-fi (menos realistas) com iluminação, shaders e sombras atuais foi uma ideia muito boa, que acabou criando uma identidade do título. Meu único problema com Valheim é que, infelizmente, ele é mal otimizado. Porém, por se tratar de uma versão alfa, sei que isso é passageiro. Para o primeiro projeto de um estúdio indie, Valheim surpreendeu muito a mim e a jogadores que compartilharam essa experiência comigo. Valheim vendeu mais de 3 milhões de cópias na steam.

Espero que com a continuação de atualizações, o jogo consiga resolver o problema da má-otimização, e consiga manter a imersão e inovação nos sistemas elogiados. Há um roadmap mostrando possíveis atualizações que acontecerão esse ano.

Cópia de PC cedida pelos produtores.

Revisão: Jason Ming Hong