Depois de The Lost Crown no começo desse ano, a Ubisoft agora está disponibilizando The Rogue Prince of Persia para os jogadores de PC através de um lançamento em acesso antecipado exclusivo para a loja da Steam. Criado pela Evil Empire, estúdio conhecido por Dead Cells, o game é uma experiência agradável e com potencial, mas que, naturalmente, ainda necessita de mais conteúdos e refinamentos em sua jogabilidade.
Desenvolvimento: Evil Empire
Distribuição: Ubisoft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PC
Duração: 10 horas (campanha)
Salvando a cidade
Como pano de fundo, The Rogue Prince of Persia é situado em um mundo gerado proceduralmente, no qual o Príncipe precisa salvar sua cidade de uma ameaça mágica. Essa tarefa é um tanto complicada, exigindo muita resiliência e paciência para cumprir a missão e para resolver os diversos quebra-cabeças que surgem na campanha. A história não é uma das mais interessantes já feitas, e o jogo brilha mais pelo foco em sua gameplay, que já se encontra em um estado tolerável.
The Rogue Prince of Persia tem uma jogabilidade no estilo hack ‘n’ slash, que dá espadas, lanças, machados, adagas e armas secundárias de longa distância ao protagonista. É obrigatório usar ataques diversificados nos confrontos, porque o uso dessas armas secundárias é condicionado a uma barra de energia, que é preenchida ao matar inimigos com os equipamentos principais. Esse sistema de combate é funcional, ágil, responsivo e estiloso, mas também é unidirecional. Só é permitido atirar e atacar para frente, pois não há nenhuma forma de mirar, o que atrapalha a jogatina quando é necessário eliminar oponentes em locais altos do mapa.
As mecânicas de movimentação são o ponto principal de The Rogue Prince of Persia. Durante a jogatina, é preciso fugir de obstáculos e escalar as paredes e barras das fases. Entretanto, andar pelos mapas é gratificante, porque o jogo utiliza a clássica exploração dos games dos anos 2000 da franquia, como The Sands of Time ou o injustiçado reboot de 2008. A ambientação também pode ser utilizada como uma arma adicional nos momentos de combate, visto que os oponentes podem ser chutados em direção a algum dos objetos mortais presentes nos mapas. É possível até subir nos adversários, o que se torna uma ótima forma de esquivar dos ataques deles, sendo um aspecto sensacional da jogabilidade.
O roguelite de sempre
No decorrer da gameplay, é possível encontrar itens e equipamentos melhores em baús. Também dá para adquirir materiais superiores em vendedores, pois há um sistema econômico que concede moedas ao matar inimigos, permitindo montar um arsenal customizado com mais utilidade para as batalhas. Os biomas são enormes e repletos de salas secretas, com vários totens de viagem rápida que garantem uma jogabilidade dinâmica com a possibilidade de voltar facilmente a um ponto específico da fase, necessário em certos momentos da jogatina. Além das habilidades temporárias de cada rodada, típica de todo game do gênero, The Rogue Prince of Persia conta com uma segunda moeda que permite forjar armas no ponto inicial de cada tentativa, sendo um roguelite que se torna cada vez mais justo conforme o número de rodadas completadas pelo jogador.
E, claro, se o Príncipe morrer, é preciso começar tudo do início. Conteúdos inéditos são liberados a cada tentativa diferente, junto com o desenrolar de mais trechos da narrativa. Nem toda rodada é igual, uma vez que, além do jogo ter mapas gerados proceduralmente, dá para escolher o caminho do protagonista e visitar salas totalmente diferentes em alguns estágios da tentativa da vez. No entanto, com exceção dessas partes, todas as rodadas seguem uma estrutura parecida, avançando sempre para um mesmo nível seguinte, com um mesmo evento. Não é algo negativo, já que isso permite um pequeno planejamento do que fazer nesses pontos do jogo, que possui uma dificuldade aceitável, com inimigos cujos padrões e golpes são fáceis de serem lidos.
Um early access da… Ubisoft?
Criado pela Evil Empire no motor da Unity, The Rogue Prince of Persia apresenta gráficos em 2D com um estilo visual único, com personagens em tons de roxo e um mundo colorido bastante chamativo. O título tem animações incríveis, com golpes e movimentos visualmente espetaculares, além de transições entre fases e novas tentativas bem elaboradas. A trilha sonora é excelente, reunindo faixas inspiradas pela cultura da Pérsia antiga em um estilo eletrônico que proporciona uma sensação perfeita de adrenalina, necessária para um roguelite.
Entretanto, existem algumas falhas técnicas na versão atual, como tempos de carregamentos longos, uma baixa profundidade de cores na tela e quedas no desempenho em momentos com muitos eventos simultâneos no mapa. Adicionalmente, não existe um sistema de salvamentos que permita pausar uma tentativa para retornar depois, e ainda não há uma tradução em português, pois as localizações são uma promessa para o futuro. Os diálogos não possuem dublagem, mas a adição de vozes elevaria os valores de produção para algo próximo de títulos como Hades, por exemplo. É importante destacar que The Rogue Prince of Persia não é um jogo indie, apesar de ser produzido por um estúdio independente.
Esse jogo foge do padrão de uma empresa como a Ubisoft, dado que é uma obra feita por uma equipe externa sendo lançada em acesso antecipado na Steam – ironicamente, não estando disponível nem pela Ubisoft Connect, a plataforma digital da própria publisher. O título tem previsão de permanecer nesse estágio por um ano, incorporando todo o feedback da comunidade nas atualizações futuras. A versão atual já é repleta de conteúdo, com uma campanha com uma duração de cerca de 15 horas, com seis fases distintas, mas somente dois duelos contra chefes e uma campanha ainda sem um fim propriamente dito. Para a edição completa, os responsáveis planejam expandir o game com a adição de novos mapas, armas e chefes, além da continuação da história.
Uma boa promessa
Embora ainda esteja em construção, The Rogue Prince of Persia já é uma experiência de qualidade, com uma jogabilidade sólida, apesar do sistema de combate não ser satisfatório o suficiente. O ideal é aguardar até que o título atinja seu potencial completo, algo que muito provavelmente irá ocorrer, considerando que estamos tratando de um jogo desenvolvido pelos mesmos criadores de Dead Cells, uma das principais referências dos roguelites.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno