Review Wreckfest (PC) – Diversão plena com sucata em 4 rodas

Wreckfest (2018) é um jogo da THQ Nordic, lançado em 2018, e rebusca games de corrida/demolition derby (ou derby de demolição, em português), em que carros de verdade, geralmente muito velhos e sucateados, brincam de bate-bate. Pois é, esse tipo de evento existe nos EUA.

Alguns exemplos dessa escola de games inspirados na vida real são Flatout (2004) e Demolition Derby: Crash Racing (2015). Flatout, por sua vez, é um título da mesma desenvolvedora, a Bugbear Entertainment. Ambos são nada mais, nada menos, que games de corridas mistas e de confrontos com carros se chocando uns contra os outros, em que o mais veloz e brutal vence.

Durante a jogatina, Wreckfest  me deixou realmente vidrado e surpreso com tudo o que vi. Isso ocorreu muito mais no início, ao me deparar com tantas coisa novas – e talvez inovadoras – num jogo de corrida, se comparado a tantos outros do gênero que já joguei. Corrida, aliás,  é um dos meus gêneros favoritos de jogos, e tenho plena certeza que Wreckfest me satisfaz, sem limites pra diversão. Acredito que ele tenha potencial para fisgar a atenção de qualquer pessoa e é aqui que vou escrever um pouquinho sobre ele.

Carro pra toda roda

Wreckfest se trata de um jogo simples e extremamente divertido. Inicialmente, no menu, é possível se encontrar rapidamente:  a campanha, um torneio (modo ranqueado contra outros jogadores), um local para comprar um carro novo, outro para melhorar seu(s) carro(s) na garagem e uma seção para criar seu próprio evento (existe um customizador de pistas e corridas, mesmo que bem simples). 

A gameplay oferece uma campanha extensa e bastante rica em detalhes, com corridas, demolitions derby e pequenos torneios bem divertidos. Ele também possibilita corridas online de até 24 jogadores e, muitas dessas acontecendo em pistas muito malucas, onde a aflição e a vontade de bater em oponentes são totalmente exploradas, o que deixa tudo muito engraçado e estupidamente agradável. Também existem novos modos ou pistas cada vez mais insanas, de micro competições ranqueadas e renovadas mensal ou semanalmente (salto com carro, coletar moedas, competição de destruição de mais carros etc.), incluindo DLC do jogo, que aparecem com certa recorrência nas lojas a preços justos.

Um marco

É dificílimo encontrar qualquer jogo de corrida que faça o mesmo que Wreckfest: entregar gráficos lindos, uma IA incrível e dinâmicas de destruição de objetos surpreendente.

A começar pelos gráficos, não há muito o que discutir: o game é lindo demais! A vegetação, a poeira que sobe das pistas e gruda nos carros, iluminação e reflexos ultrarrealistas, peças e partículas de carros detalhadas voando pelo cenário e por aí vai. Os ambientes, ao longo de circuitos de torneios ou desafios, exibem até um sistema de horário e clima das corridas, contando com névoa, chuva ou um sol de vários momentos do dia, jogando luz de diferentes colorações e direções sobre as pistas. Isso tudo mostra como os desenvolvedores capricharam.

Relacionada aos gráficos, a física destrutiva me deixou boquiaberto ao apresentar um nível de realismo absurdo. Existem níveis de destruição, que afetam diretamente na dificuldade, e é possível alterá-los no menu pré-corrida, mas, independente disso, a forma como os carros amassam, as partículas, as peças se soltando dos carros e, também, como é possível destruir placas, barreiras de pneus e contenções das pistas, entrega muito realismo e, claro, muita diversão a quem está “atrás do volante”.

Existe um sistema de status do seu carro no canto inferior esquerdo da tela, indicando o quão bom ainda esse está a cada corrida, podendo ser destruído a qualquer momento a depender do grau de destruição sofrido. É possível destruir seus adversários durante as corridas e, nas demolições, o objetivo é juntar mais pontos de batida ou ser o último carro a ficar ligado na pista. E, pasmem: todo quilograma é perceptível e super medido, ou seja, se o veículo perde peças grandes e pesadas ao longo da corrida, dá pra notar que o carro está mais leve e consegue alcançar maiores velocidades em decorrência disso (além dos demais impactos mecânicos que os danos têm sobre a competição). É incrível!

Não menos surpreendente, a inteligência artificial proporciona ainda mais horas de pura diversão. Dá pra sentir na pele o ódio dos adversários, a própria máquina, contra o jogador. Também é possível configurar a dificuldade do jogo e da IA durante a campanha, e esse atributo é com certeza um dos melhores por aqui. Contando sempre com opções de acessibilidade, a IA sempre será desafiadora e super interessante de ser explorada.

A moeda do jogo é o “CR” (que gosto de apelidar carinhosamente de Cruzeiros), ganho em corridas da campanha e em pontos de torneios. Com ele, é possível comprar equipamentos de melhoria e decoração para seus carros ou comprar novos veículos.

Muito além da coleção

Sobre os veículos, Wreckfest oferece uma ampla gama de “carros-sucatas”, que são adquiridos desde o menu e nos menus de campanha. Esses são divididos em categorias de corrida (A, B e C) e regiões (americano, europeu ou japonês). Suas características estarão sempre listadas, as quais são: aceleração, velocidade máxima, [desempenho em] curvas, força, potência, torque, peso e câmbio. Isso tudo dá um balanço muito bom ao jogo e oferece diferentes níveis de satisfação ou frustração – daquelas frustrações boas, de ter escolhido algo ruim, mas que terá certo proveito para ganhar dinheiro e comprar algo melhor depois -, além de estabelecer toda uma dinâmica esportiva em cada pista.

Wreckfest tem até um tom cômico muito peculiar, oferecendo modos de jogo e carros marcantes e hilários. Você é capaz de pilotar monster trucks, caminhões, motor homes, ônibus escolares e até mesmo carrinhos de bate-bate, carrinhos de cortar grama e sofás motorizados (sim). 

Novamente, a diferente gama de veículos disponíveis oferecem uma física muito diversa e satisfatória, além de atributos melhores ou piores para os mais diferentes estilos do jogador nas corridas.

Os cenários são lindos e desafiadores em muitos aspectos, colocando o jogador à prova. Mas até seus oponentes se atrapalham bastante nas pistas e/ou se utilizam delas para tentar lhe prejudicar e até outros oponentes, sendo máquina ou não (de novo, a IA surpreendendo). Entretanto, seria interessante ver mais variedade em pistas, geograficamente falando, como é possível contemplar nos últimos Forza Horizon.

Diferentemente dos seus antecessores, Wreckfest não apela tanto para a violência pura, de simplesmente sair batendo nos carros e ver seus respectivos motoristas voando pelo para-brisa. Dessa vez, isso até pode acontecer, principalmente de carros menores, mas (veja só) agora os motoristas usam um belo macacão e capacete de piloto profissional. 

Muitas vezes, será mais exigido sua habilidade em fazer curvas ou a capacidade do seu automóvel de atingir altas velocidades e enfrentar pistas desafiadoras do que apelar pela “batição” em si. E é aí que vive a diversão do Wreckfest, também.

Veredito

Wreckfest é um prato cheio para quem busca diversão e momentos de relaxamento num jogo de corrida, quando você só precisa desligar sua mente depois de um dia cheio e cansativo, por exemplo. Realmente, ele consegue trazer uma energia de prazer muito grande. Tudo pode ser meio cansativo às vezes, mas é certo que em todo modo de jogo há um curto tempo de partida, sendo amigável até a quem tem pouco tempo disponível.

Wreckfest  pode não ser a coisa mais inovadora do mundo no gênero ou pode ser meio monótono no início (o que acho bem improvável), mas com certeza dá horas e horas de pura adrenalina e diversão conforme avança, tanto em campanha quanto em partidas multiplayer. Essa é sua primazia e merece muitas críticas positivas e, claro, uma chance de ser jogado por mais pessoas.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming Hong

Wreckfest

9

nota final

9.0/10

Prós

• Diversão e comédia o tempo inteiro
• Física do jogo impecável
• IA que surpreende
• Vários modos de jogo e torneios
• Diversidade de veículos

Contras

• Não possui uma história no modo campanha
• Modo multiplayer demora para conectar algumas vezes
• Chegou para os consoles muito depois do lançamento para PC