Na última década, jogos como Limbo e Journey atraíram a atenção de milhares de jogadores ao redor do mundo. Seja pela simplicidade em sua jogabilidade ou a mensagem reflexiva que tentam passar aos jogadores durante suas jornadas, estes títulos conquistaram um lugar especial no coração dos gamers e inspiraram muitos outros desenvolvedores a expressarem os mais íntimos sentimentos guardados dentro de si. Inspirado neste conceito, A Tale of Paper nos leva em busca de realizarmos o último desejo do nosso criador.
Desenvolvimento: Open House Studio
Distribuição: Gammera Nest
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Puzzle
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: PS4 e PC
Duração: Não registrado
A linguagem universal
Logo no ínicio do jogo somos apresentados a Line, uma criaturinha feita de papel que se vê em meio a uma bagunçada e desconhecida casa. Assim iniciamos nossa jornada pelo desconhecido, aparentemente sem rumo e completamente perdidos.
Sem diálogos ou mensagens escritas, A Tale of Paper se comunica com o jogador através de símbolos e desenhos. Tudo que precisamos saber estará ali, basta prestarmos atenção. Sutilmente as mecânicas são apresentadas ao jogador. Inicialmente podemos pular, correr e abrir portas, mas ganhamos novas habilidades à medida que avançamos.
A arte de dobrar papel
Você conhece o origami? A arte japonesa de moldar e dobrar papel para criar novas formas já era conhecida no século 16. Muito admirada e respeitada, é por meia disso que a magia de A Tale of Paper acontece.
Ao longo da jornada aprenderemos a usar o origami para superar desafios. Desde se transformar em um sapo para alcançar lugares mais altos até voar por aí como um foguete. Todo o desafio do jogo se baseia em utilizar a habilidade correta na hora certa, ou até mesmo combinar duas ou três formas diferentes ao mesmo tempo. Resumidos a saltos de uma plataforma à outra ou se locomover rápido o suficiente para chegar ao outro lado, nenhum desafio pode ser considerado difícil.
Nossa inferioridade nos limita
Por sermos apenas um boneco de papel, somos frágeis e corremos perigo a todo momento. Por este motivo devemos evitar poças d’água, optando sempre pelo caminho seguro. Assim não seremos dissolvidos e esquecidos por toda a eternidade.
A água não é o único perigo que enfrentamos, ao longo de toda a jornada vamos dar de cara com os Roombas, uma espécie de aspirador de pó inteligente. Ser pego por eles não é uma experiência legal de assistir. A melhor estratégia é fugir, pois nada podemos fazer perante sua superioridade.
Sentimentos são fáceis de mudar
A Tale of Paper traz uma grande variedade de cenários. Passamos por esgotos, telhados, casas, bosques, um magnífico observatório espacial e até mesmo nos aventuramos no covil de uma horripilante criatura de 8 patas. Pode não se tratar de um primor gráfico como Unravel, mas é de encher os olhos o quanto cada cenário é expressivo mesmo que nenhuma palavra possa ser ouvida. Eu me senti sozinho enquanto andava pelos esgotos, fiquei apreensivo quando perseguido e totalmente contente ao chegar novamente na superfície. Foram estas sensações que me fizeram buscar a platina desse jogo, pois julguei merecedor de investir mais do meu tempo.
Problemas pontuais
A Tale of Paper peca em alguns quesitos técnicos. Por mais simples que seja, sua jogabilidade não é precisa e impacta diretamente em nossa performance geral. Perdi a conta de quantos saltos errei por conta da imprecisão da física ou devido ao atraso do comando ser executado por Line. E isso foi o que me frustrou, pois eu percebi que a culpa de não conseguir avançar era única e exclusivamente do jogo. Outro exemplo disto foi durante uma sequência de perseguição. Fiquei preso em galhos de árvores que não estavam próximos a mim, o que resultou em inúmeras tentativas, até que fui vencido pelo cansaço e resolvi tentar no dia seguinte.
Além dos problemas listados acima, um outro evento me incomodou: ao morrer pelas lâminas de um Roomba, meus renascimentos aconteceram de frente para meu algoz. Tive que reiniciar o jogo pois fiquei preso em um loop de mortes.
O veredito final
A Tale of Paper é simples mas emocionante. Não oferece uma experiência inesquecível como Journey e passa longe de ser um primor técnico como Unravel. Ele nos proporciona uma experiência diferente devido às mecânicas com o origami para a resolução de puzzles e desafios.
Como é muito curto e fácil, a melhor opção é aguardar uma promoção, pois pagar R$79,90 em um game que pode ser finalizado em 1h20, de longe, não é um bom investimento.
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong