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Revisitando Resident Evil 5 (PC) – Não parece Resident Evil, mas diverte

Primeiro jogo da aclamada série da Capcom após a saída de seu criador, Shinji Mikami, Resident Evil 5 distanciou-se ainda mais do survival horror que um dia foi seu alicerce. O jogo seguiu os passos do seu aclamado antecessor e deixou os elementos de sobrevivência e horror em segundo plano para ser um  shooter com câmera no ombro em uma campanha cheia de ação. Isso dividiu ainda mais os fãs, mas resultou em um jogo interessante, no mínimo.

Desenvolvimento: Capcom

Distribuição: Capcom

Jogadores: 12 (online e local)  

Gênero: Ação, Aventura 

Classificação: 16 anos (violência)

Português: Não

Plataformas: Switch, PC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One

Duração: 11 horas (campanha) / 48 horas (100%)

Nova geração, novo continente e antigos personagens

Chris e Sheva em um momento icônico

Lançado em março de 2009, Resident Evil 5 trouxe gráficos em alta definição e jogabilidade aprimorada, sendo o primeiro título da série na geração do PS3 e do Xbox 360. O jogo trouxe uma trama que fechou diversos arcos da história dos jogos anteriores, ao mesmo tempo em que apresenta novos rumos para a trama.

Uma década após o incidente do primeiro jogo, Chris Redfield continuou na batalha contra a proliferação de armas biológicas, mesmo após o fim da Umbrella, tornando-se um dos fundadores da BSAA (Aliança de Segurança e Avaliação em Bioterrorismo). Aqui, o ex-S.T.A.R.S. é atormentado por lembranças de seu passado e pela perda de Jill Valentine, sua parceira, dada como morta após uma missão mal sucedida.

Ambientação bonita

Suas investigações o levam até o continente africano, onde uma transação ilegal envolvendo armas biológicas está prestes a acontecer. Em uma zona fictícia chamada Kijuju, ele se une a Sheva Alomar, uma agente africana da BSAA, para impedir o negócio e prender Ricardo Irving, o responsável pela venda. A missão, porém, se revela muito maior quando o destino do planeta é colocado em jogo e Chris se vê frente a frente com Albert Wesker, seu maior inimigo, que conhece a verdade sobre a morte de Jill.

Um Gears Of War com skin de Resident Evil

Chris e Sheva entregando suas melhores atuações

Um dos pontos baixos mais notáveis de RE5 é como ele claramente deixou de criar tendências para segui-las, já que era perceptível sua inspiração na série Gears Of War, que fazia um enorme sucesso na época. A mecânica de estar quase sempre cercado por hordas de inimigos que agora revidavam com metralhadoras, usavam veículos e até dirigiam tanques de guerra era tudo, menos Resident Evil. 

Outro ponto também foi o fato do jogo abandonar qualquer elemento que lembrasse jogos de terror, pois nem puzzles estavam disponíveis e a campanha passava a maior parte do tempo de dia, sob um calor escaldante. Não tem força para abrir uma porta emperrada? Chute-a junto com Sheva. O portão está com cadeado? Atire no cadeado. Não sabe para onde ir? Só ir para frente, já que não há muito o que explorar em 90% dos cenários. 

Erros, acertos e o que funcionava naquela época

Momentos de pura adrenalina

Resident Evil 5 é um ótimo shooter de ação frenético, onde boa parte do cenário também pode ser destruída – principalmente quando o Executioner aparece, um inimigo grande que porta uma espécie de martelo tão grande quanto que pode te matar com dois golpes. Mas os inimigos básicos, como os majinis, também podem causar estragos quando estão em hordas, e você precisa ter raciocínio rápido, já que não é possível pausar no game, até mesmo com o inventário aberto no modo cooperativo.

Toda essa adrenalina funcionava na época, mesmo com problemas na jogabilidade. Por exemplo, imagine um jogo com toda essa ação, mas que ainda teima em não poder andar e atirar ao mesmo tempo, com um tempo de carregamento de munição alto que o personagem precisa ficar parado e com a possibilidade de cobertura que funciona mal – e muitas das vezes nem funcionava. Todos esses problemas estão presentes aqui.  

Corra!

Contudo, RE5 também trouxe uma personagem muito carismática, que é a Sheva –  mesmo que ela tenha sido uma segunda escolha dos desenvolvedores, que de início, optaram por um encontro de família entre Chris e Barry, personagens do primeiro jogo da série, lançado em 1996. Mas devido a polêmicas, houve essa alteração. Colocar uma personagem nova só para acalmar ânimos poderia ser um ponto baixo, mas não foi isso que aconteceu aqui. Não à toa, muitos esperam que ela apareça em outro título – o que acho improvável acontecer.    

Extras muito bem-vindos

Jill e Josh começando uma campanha excelente.

Resident Evil 5 recebeu duas DLCs: uma chamada Lost in Nightmares, que mostra a fatídica missão que culmina na “morte” de Jill Valentine e Desperate Escape,  que traz uma mini campanha frenética que acontece após a luta contra Wesker e Jill. Ambas campanhas agregam à história principal, mas só estão disponíveis através da  versão Gold do jogo. 

O título também traz o melhor modo Mercenários até então, com uma boa opção de cenários e variações entre os personagens à medida que você pontua, tanto no modo solo quanto no cooperativo. É viciante tentar pontuar cada vez mais em cenários pequenos, mas frenéticos – é literalmente tiro, porrada e bomba garantidos.

Pura ação

Ainda falando no cooperativo, o game recebeu uma atualização em fevereiro de 2023 que incluiu suporte para a de tela dividida na versão de PC, o que tornou o jogo muito mais divertido para quem joga com amigos. Foi uma diversão e tanto jogar entre amigos durante toda a campanha, e não só o modo mercenários como era antes. Quem se importa se isso aqui não parece Resident Evil quando se tem sua galera ou sua dupla junta se divertindo?

O saldo é muito positivo

Até o momento que escrevo esse texto, Resident Evil 5 é o jogo mais vendido da série. Provavelmente, será ultrapassado em breve pelo remake de Resident Evil 2, mas não é de se espantar que ele manteve sua coroa por mais de 15 anos, já que é o jogo mais palatável da série. Tem seus erros como qualquer outro, mas definitivamente é um jogo que envelheceu muito bem. Se houver um remake, que seja uma releitura completa, pois já temos nosso melhor “Gears of War com skin de Resident Evil”. 

Cópia de PC adquirida pelo autor

Revisão: Julio Pinheiro

Resident Evil 5

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Campanha divertida
  • Extras agregam à história
  • Modo Mercenários viciante
  • Cooperativo em tela dividida

Contras

  • Não poder andar e atirar ao mesmo tempo
  • Muitos cenários claros
  • Poucas partes de exploração
  • Travamentos sem explicações no PC