Por que ainda jogo videogame? Você, que entrou na vida adulta, já parou para pensar nisso? Talvez agora eu esteja falando o óbvio: jogo por diversão. Acho essa uma ótima resposta! Mas há outras formas de se divertir. Então, por que você escolhe especificamente jogar videogame? Será que não estaria se divertindo MAIS fazendo outras coisas? Será que não aproveitaria melhor o seu tempo se dedicando a outros hobbies?
Estou chegando aos 40 anos de idade. Isso me fez refletir sobre várias coisas da minha vida. Uma delas foi rever os meus hábitos. Percebi que perdia uma quantidade de tempo considerável fazendo coisas desnecessárias – e que nem ao menos me traziam um mínimo de prazer ou satisfação.
Decidi então manter o foco no hábito que acho realmente importante: ler.
Foi uma experiência muito interessante. Peguei os livros (comprados e encostados em um armário) e a pilha de quadrinhos (encostados em um outro armário), e comecei a colocar a leitura em dia. No começo, até pareceu que eu só precisaria daquilo e que tudo o mais era dispensável. Mas, conforme os dias foram passando, ficou cansativo fazer apenas aquilo no meu tempo livre e passei a sentir falta de outras coisas. Jogar videogame foi uma delas.
Voltei para o Fortnite, pois ver meus amigos combinando de jogar no fim de semana me empolgou novamente. Não estou mais sacrificando horas de sono para jogar quatro horas por dia, nem fazendo todas as tarefas para pegar todos os itens do passe de batalha e dos eventos do jogo (sim, já cheguei a fazer isso durante um período). Agora, paro um pouco e penso: eu realmente quero jogar isso? Realmente quero mais uma skin legal, com a qual provavelmente irei jogar apenas algumas partidas e nunca mais irei usar de novo?
Voltei também para o Fightcade. Além dos jogos de luta, que é uma das minhas grandes paixões, também há a possibilidade de jogar dezenas (talvez centenas!) de jogos antigos com os amigos. E o melhor de tudo: com os MESMOS amigos com os quais joguei esses jogos na adolescência ou no começo da vida adulta (antes de me casar e levar uma vida mais despreocupada).
Além disso, esta mídia oferece algo único: a imersão e interação com a obra. Uma coisa é você se divertir presenciando um herói fazendo um feito épico. Outra coisa bem diferente é você ser o próprio herói e fazer o próprio feito épico.
Assim, aos poucos, o videogame foi voltando à minha rotina. Não como antes. Jogava muita coisa por puro hábito. Em qualquer tempinho que sobrava, já ia correndo até algum dispositivo para “dar só uma jogadinha” e passar o tempo. Deste hábito eu me livrei. Agora faço outras coisas com o tempo que usava para isso. Porém, tirar um tempo pra jogar com os amigos no fim de semana ou me divertir com aquele jogo single player que me empolga é algo que definitivamente não pretendo parar de fazer. E é por isso que ainda jogo videogame.
Revisão: Jason Ming Hong