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Review Ultros (Switch) – Um jogo que não sabe o que quer ser

Ultros é um jogo divisivo, em visual e jogabilidade. Com um estilo que não decide em que gênero focar (metroidvania ou roguelike), o título acaba criando uma experiência diferente, mas que não necessariamente agradará a todos.

Desenvolvimento: Hadoque
Distribuição: Kepler Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 14 anos (violência, conteúdo sexual, linguagem imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox Series S|X
Duração: 11 horas (campanha)/31.5 horas (100%)

Difícil de definir

Porém, entendo que algumas pessoas possam não gostar
Visual pode ser pesado para os olhos, mas é incrível

Ultros é um jogo estranho. E não me refiro apenas ao visual peculiar: o game mistura elementos de metroidvania e roguelike, ao mesmo tempo que não aprofunda em nenhum dos estilos. Isso certamente gera um jogo único, mas não necessariamente implica que ele seja bom. Tudo começa como um metroidvania padrão: você recebe uma arma, explora áreas, acha save points, enfrenta inimigos, conquista habilidades, etc. Eventualmente, voltará ao começo, e terá que fazer boa parte disso novamente. E de novo. E de novo.

Quando digo que o jogo não decide a que gênero pertence, é porque ele não é um metroidvania típico, nem um roguelike. Esse reinício de tudo, que acontece algumas vezes ao longo do jogo, quebra totalmente o ritmo de exploração esperado do gênero. Ainda que o mapa já explorado se mantenha, muitas vezes você terá que passar por várias partes novamente, sem acesso a um transporte rápido até perto do final do jogo – e que, quando chega, também é um baita trabalho para se usar.

Trabalho ao invés de diversão?

Não há uma barra de vida, mas as lutas são breves
Batalhas com chefes são raras, mas são divertidas

Também é difícil chamar Ultros de um roguelike, pois não há o que evoluir entre um reset e outro – você precisa reconquistar as habilidades da sua árvore, mas não há inimigos mais poderosos nem nada do gênero. O máximo que é possível é trancar algumas habilidades para não as perder entre um reset e outro, mas não são as que te fazem poder acessar novos lugares (como o pulo duplo), apenas habilidades como ataques mais fortes.

Em suma, a exploração, por vezes, pode parecer um trabalho cansativo, ao invés de um desbravamento divertido. Ainda assim, superado isso, o game entretém, apesar de ter um combate simplório, e me diverti enquanto voltava a realmente explorar o mapa após um reset. Mas não consigo deixar de pensar que toda a experiência seria muito melhor se fosse apenas construída na forma de um jogo tradicional do gênero – ou que fosse um metroidvania realmente roguelike, como Dead Cells.

Se dedique a plantar árvores. Ou não, tudo bem também

Jogo dá poucas indicações de onde ir a seguir
Mapa é relativamente grande e você irá se perder com alguma frequência

Outra mecânica do game é um sistema de sementes e árvores. Existem diferentes sementes espalhadas pelo mapa e que você pode plantar em lugares específicos. As árvores então crescem, um pouco na hora e completamente em loops futuros. Essas plantas podem ter algum efeito prático na jogabilidade, como construir uma plataforma ou fazer o personagem correr.

Mas outro dos problemas é que o jogo explica pouquíssimas coisas, incluindo esse sistema de árvores e o próprio loop. No geral, o sistema parece ser quase que completamente opcional, ficando no ar mais uma dúvida do porquê de ser assim. As sementes ficam espalhadas pelo mapa, não há explicação sobre os efeitos de cada tipo e, claro, você perde todas a cada reset.

O combate, como comentado, é simples. Você possui uma espada que pode fazer alguns combos simples, além de alguns golpes pulando e um uso de um acessório que pode fazer alguns ataques à distância. Não é nada muito elaborado, há baixa variedade de inimigos e poucos chefes. É possível desviar e fazer um contra-ataque, mas é algo muito mal implementado, pois normalmente você desvia para muito longe do inimigo e não consegue voltar a tempo para atacar.

Visual de encher os olhos

Só lá pelo terceiro loop começa-se a entender o que está acontecendo
Momento do desespero: em breve o ciclo recomeçará de novo e não teremos sequer a espada

O visual é realmente peculiar, que pode agradar ou não cada um. Eu, particularmente, gostei bastante das cores fortes, que parecem até um pouco psicodélicas. As próprias árvores geram visuais incríveis após serem plantadas e crescerem. Tudo também é apresentado em alta qualidade de resolução e efeitos, ainda que eu não tenha achado o design de personagens e monstros tão inspirados. Porém, algumas vezes acaba ficando confuso identificar o que é interativo ou não nos cenários.

Por fim, vale comentar que o desempenho no Switch deixa a desejar. Há sempre uma tela de loading entre uma sala e outra, o que quebra muito o ritmo esperado em um metroidvania. Há opções de desempenho mas, mesmo desligando todos os efeitos, isso não parece ter melhorado os tempos de carregamento. Para piorar, o game simplesmente encerrou do nada algumas vezes durante minha campanha, retornando para a tela inicial do Switch.

Muito potencial desperdiçado

Ultros pode ser classificado como um game de exploração com influências de metroidvania e de roguelikes. No entanto, não focando em nada, o resultado final parece um desperdício de potencial, ainda mais levando em conta o excelente trabalho na parte artística, tanto visual quanto sonora.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Ultros

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Visual excelente e único
  • Exploração é divertida (quando funciona)

Contras

  • Jogo não sabe a que estilo pertence
  • Sistemas de loop e árvores apenas atrapalham
  • Combate sem graça